"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Paulo VI e a crise na Igreja

Um dos papas mais controversos da história da Igreja foi Giovanni Battista Montini, o Papa Paulo VI, cujo pontificado foi de 1963 a 1978. Para alguns, tido como um santo. Para outros, o principal responsável pela terrível crise que se instalou na Igreja (e que encontra seu ápice no tempo presente).
 
 
 
Foi durante o pontificado do Papa Paulo VI que se desenrolou o 21º Concílio da Igreja, o "Vaticano II", idealizado e aberto por se predecessor, o Papa João XXIII. Embora a intenção deste Concílio e de seus realizadores (incluindo-se os Papas João XXIII e Paulo VI) fosse a de "impulsionar a evangelização" e trazer uma "primavera para a Igreja", o que se viu após a realização do mesmo foi um resultado totalmente oposto ao esperado:
 
  • Flagrante diminuição da frequência dos fiéis à Missa e demais cerimônias religiosas.
  • Abandono do estudo da Doutrina Católica e consequente relativização dessa doutrina.
  • Abandono da Religião Católica e migração para outras religiões.
  • Queda vertiginosa das vocações sacerdotais e religiosas.
  • Surgimento de ideias e movimentos - dentro da Igreja - totalmente contrários à Doutrina da Igreja.
  • Abusos litúrgicos, heresias e desobediência generalizada.
  • Escândalos em diversos meios.
  • Etc. etc. etc...
 
O objetivo do presente artigo não é analisar - com a pretensão de "dar um veredito" sobre - a culpabilidade (ou não) do Concílio Vaticano II e de seus documentos na presente situação. Mas é inegável que após o Concílio se abateu sobre a Igreja uma de suas piores crises em dois mil anos. Certamente há aqueles, ignorantes ou otimistas, que imaginam "não haver crise" ou "estar tudo bem",  assim como há os entusiastas do Concílio e de tudo o que a ele se seguiu, que julgam ser "benefícios" ou "progressos" aquilo que nós apontamos como sintomas da crise (a exemplo de certos "Boff´s" e "Betto´s" et caterva) mas, para qualquer católico honesto, não há como não reconhecer que os problemas acima elencados se abateram violentamente na Igreja após o CVII.
 
Quanto ao Santo Padre o Papa Paulo VI, embora muitos o apontem como o principal responsável por essa terrível crise pela qual a Igreja vem passando nos últimos 50 anos, também ele deu sinais inequívocos de que reconhecia estar a Igreja em situação totalmente diversa da esperada. Seus diagnósticos sobre a situação da Igreja começaram a surgir quando da publicação de sua Encíclica Humane Vitae, de 1968, que tratava da Vida Humana e de sua concepção. A Encíclica - dentre outras coisas - condenava o aborto e a contracepção por métodos artificiais como proibidos pelo Magistério da Igreja.
 
O "espírito de renovação" que reinava após o Concílio fez com que muitos - fiéis, religiosos, sacerdotes e até mesmo bispos - rejeitassem a Encíclica por conter um ensinamento "retrógrado e pré-conciliar", nada "moderno" ou "adaptado aos novos tempos". Em 1968 disse Paulo VI: 
 
"A Igreja se encontra em uma hora inquieta de autocrítica, ou melhor dito, de autodemolição. A Igreja está praticamente golpeando a si mesma" (7 de dezembro de 1968).
 
Com o passar dos anos, e a medida em que surgiam novos sintomas da crise que ia se instalando na Igreja, também novos lamentos do Papa Paulo VI foram externados: 
 
"Por algum buraco foi introduzida a fumaça de Satanás no Templo de Deus" (29 de junho de 1972).
 
"É lamentável a divisão e a desregação que, por desgraça, se encontra não em pouco setores da Igreja" (30 de agosto de 1973).
 
"A abetura ao mundo foi uma verdadeira invasão do pensamento mundano na Igreja" (23 de novembro de 1973).
 
Conforme escreve o historiador Ricardo De La Civerva, "a consciência da crise não abandonou Paulo VI até sua morte. Atribuía uma séria responsabilidade pessoal e pastoral a ela, que minava sua saúde e lhe fazia envelhecer prematuramente. Diante de seu confidente Jean Guitton disse, pouco antes de morrer, esta confissão dramática:
 
"Há uma grande perturbação neste momento da Igreja e o que se questiona é a fé. O que me perturba quando considero o mundo católico é que dentro do catolicismo parece às veses que pode predominar um pensamento não católico, e pode suceder que este pensamento não católico dentro do catolicismo se converta, amanhã, como o pensamento mais forte. Porém nunca representará o pensamento da Igreja. É necessário que subsista uma pequena grei, por muito pequena que seja".
 
Anos depois, Guitton comentava
 
"Paulo VI tinha razão. E hoje nos damos conta. Estamos vivendo uma crise sem precedentes. A Igreja, e mais, a história do mundo, nunca conheceu crise semelhante. Podemos dizer, que, pela primeira vez em sua história, a humanidade em seu conjunto é contra a teologia". (La hoz y la cruz, Ed. Fénix 1996, pg.84).

Um comentário:

  1. Tenho 39 anos e cresci ouvindo minha mãe e meu pai dizer que não havia gostado das "mudanças" na Igreja, mas nem sabia o porque, hoje mais consciente de minha religião, conhecedor da Missa Tridentina e da tradição, sei bem oque ela quis dizer...Hoje sou feliz, quando não posso ir a Missa tridentina na capital de meu estado, assisto pela net, e mais, as mudanças como ela dizia foi para pior mesmo, mas Deus e a santíssima Virgem Maria há de guiar seu povo, rezemos muito o rosário.

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