"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

As CRUZADAS e o "poverelo de Assis" SÃO FRANCISCO

Em tempos onde o nome de São Francisco de Assis está tão em voga, sobretudo após a eleição do Santo Padre o Papa Francisco I, muito se fala sobre a "bondade franciscana", a "caridade franciscana", a "tolerância franciscana", o "pacifiscmo franciscano", sendo São Francisco de Assis colocado como modelo a ser seguido por todos, "independente do credo" (isso por si só já seria cotraditório).
 
Mas será mesmo que o São Francisco apresentado e seguido pelo mundo corresponde ao verdadeiro São Franciso, histórico, humano e santo?
 
Continuando o tema do artigo que AQUI publicamos há 2 meses onde apresentamos o diálogo entre o santo de Assis e o sultão Al-Malik al-Kamil, publicaremos agora um artigo que mostra a relação entre este grande santo e as Cruzadas, outro episódio bastante caluniado da história da Igreja. O presente artigo, além de esclarecer diversos pontos obscuros e desmistificar uma série de confusões e tolices  ditas contra as Cruzadas, ainda ajuda a desmontar o falso "são francisco" criado para atender às intenções e espectativas de alguns.
 
Boa leitura!
 
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São Francisco e as Cruzadas

O pai da missão: São Francisco.
 
Costuma-se dizer que os santos sofrem durante a vida, e que, mesmo no céu, tem que suportar a deturpação de seus atos, nas páginas de seus biógrafos, que muito deturpam seus passos e intenções.

Querem fazer dele um santo romântico e ecológico. Pior ainda um santo pacifista.
 
E aqui no Brasil, para o cúmulo dos absurdos, um santo “espírita kardecista”. Existem centros que levam seu nome… Surpreendentemente o admiram por sua vida, mas não consideram o fato de que tudo o que ele foi e que ele fez foi num ambiente católico, dentro da fé católica, e sempre para a glória de Deus e da Sua Igreja.
 
A Igreja Católica é como o vitral de uma Catedral. E Nosso Senhor em sua majestade e glória é como o sol. Assim como o vitral nos permite olhar diretamente para a luz sem nos cegar, assim é o papel da Igreja diante do Todo-Poderoso Deus.
 
Quem é tão bom e tão santo para dizer “sou capaz de chegar a Deus diretamente”? Ou “Não preciso de nada para estar frente a frente com Deus”?
 
Ficar de igual para igual com Nosso Senhor… Bem, para quem se julga justo o suficiente, a humildade mandou lembranças…
 
Pois é. Dizem admirar Francisco, mas rejeitam a própria Fé que elevou a vida de Francisco…
Mas a história mostra de forma muito diferente a trajetória deste homem, que sempre agiu de forma coerente com as suas crenças.
 
Por exemplo, como católico ele deu sua contribuição nas cruzadas.
 
São Francisco abraça a Cristo (Bartolomé Murillo)
São Francisco abraça o Cristo
(Bartolomé Murillo)
 

O grande santo nos começos do século XIII trabalhara para reconstruir no povo cristão o ardor inicial do cristianismo. Durante a Quinta Cruzada, quando os cristãos cercaram Damietta, no delta do Nilo, no Egito, São Francisco foi para lá.
 
Os cruzados que, em 1219, cercavam Damietta, viram chegar em meados de julho, como referiu Jacques de Vitry na sua Histoire occidentale, “um homem simples e sem letras, mas muito amável e querido de Deus como dos homens, o padre Francisco, fundador da Ordem dos Menores“. Fora no capítulo de 1219 que se decidira enviar irmãos aos países infiéis; o irmão Egídio embarcara para Túnis e outros tinham tomado a direção do Marrocos, onde encontrariam a palma do martírio. Desejoso também de derramar o seu sangue por Cristo, o próprio Francisco partiu para o Oriente. Eram tantos os amigos que queriam acompanhá-lo que foi preciso tirar à sorte os doze que seriam escolhidos. Entre estes, contavam-se o irmão Iluminado, o irmão Pedro de Catânia, o irmão Leão e o irmão Bárbaro, um dos seus primeiros discípulos.
 
O espetáculo que o exército dos cruzados oferecia não era de molde a cumular de felicidade a alma do santo; entre os chefes, a desunião era completa; entre as tropas, reinava a pior licenciosidade e o acampamento estava cheio de meretrizes. Além disso, os cristãos amontoavam um fracasso atrás do outro. Quando, em 29 de agosto, quiseram tentar um assalto definitivo, São Francisco teve uma visão de Deus, que lhe disse que os cristãos seriam derrotados num combate que preparavam. São Francisco os preveniu, mas não foi ouvido, e, nesse combate, os cristãos perderam 6.000 homens. Mas o cerco de Damietta prosseguiu.
 
Permaneceu entre os cruzados durante longos meses, e o seu apostolado teve a princípio resultados maravilhosos. Depois do episódio do ataque frustrado, consideravam-no inspirado por Deus. Corajoso e cheio de generosidade, aparecia entre os cavalheiros como o próprio modelo da Cavalaria. Em breve ganhou seguidores. “Esta Ordem que se desenvolve enormemente“, diz ainda Jacques de Vitry, “lembra a Igreja no tempo dos apóstolos. Mestre Régnier, prior de Saint-Michel, entrou para lá, assim como Colin o Inglês, nosso clérigo, e Dom Mateus, a quem eu tinha confiado o cuidado da Santa Capela; Miguel, Henrique o Chantre e muitos outros, cujos nomes me escapam, fizeram o mesmo“. Mas esses felizes resultados, obtidos apenas entre os cristãos, não podiam satisfazer o coração de apóstolo do santo.
 
Decidiu então ir pessoalmente aos maometanos, o que o fez ser motivo de riso entre os cruzados, visto que, naquele momento, o sultão oferecia recompensa para cada cabeça de cristão que lhe fosse apresentada.
 
Mesmo o Cardeal Pelágio, recém-chegado, não acreditava no seu êxito. Porém, em face à virtude do santo, de maneira nenhuma poderia impedi-lo de seu intento. Só que eximiu-se de toda responsabilidade no caso e permitiu que este fizesse o que bem entendesse.
No momento em que ele decidiu partir, os seus seguidores disputavam tanto entre si quem deveria ir com ele, que precisaram tentar a sorte.
 
São Francisco, então, resolveu ir até os maometanos, para tentar convertê-los ou morrer mártir. Foi até as tropas maometanas cantando os versículos do Salmo XXII: “Mesmo que esteja entre as sombras da morte, nada temerei, Senhor, porque Tu estás comigo” (e os protestantes diziam que os católicos desconheciam as Sagradas Escrituras…). É desnecessário dizer que, assim que viram os dois frades, os muçulmanos se precipitaram sobre eles para matá-los. “Sultão! Sultão!“, gritava Francisco com todas as forças. Os guardas julgaram que se tratavam de homens que vinham parlamentar e então acorrentaram e aprisionaram ao santo e ao frade que o acompanhava (o irmão Iluminado), batendo muito nos dois frades, até conduzí-los depois ao acampamento.
 
Levado diante do sultão do Egito, Malek-al-Kamil, São Francisco pregou valentemente o cristianismo, a Santíssima Trindade, e atacou Maomé de modo nada ecumênico. Queriam matá-lo por isso, mas o Sultão não deixou. O sultão era o mesmo que mantinha relações amistosas com Frederico II. Curioso e um pouco cético, não lhe desagradava discutir com um sábio cristão os méritos comparados do Alcorão e do Evangelho. Ordenou, pois, que trouxessem à sua presença os inesperados parlamentares e, para se divertir um pouco, mandou estender na sua frente um tapete cheio de cruzes desenhadas, para obrigar os dois cristãos a pisarem o símbolo sagrado, o que Francisco fez sem a menor hesitação. “Como? Tu caminhas sobre a cruz de Cristo?“, exclamou o muçulmano, troçando. “Não sabes“, respondeu-lhe o santo, “que no Calvário havia várias cruzes, a de Cristo e a dos ladrões? Nós adoramos a primeira, mas, quanto às outras, deixamo-las com todo o gosto para vós, e, se vos apraz semear o chão com elas, por que havemos de ter escrúpulo em pisá-las?“.

Assim iniciado, o relacionamento entre os dois homens logo se tornou cordial. Malek-al-Kamil chegou a propor a Francisco que viesse morar em sua casa. “Com muito prazer“, respondeu o santo, “se te fizeres cristão!“. E, para provar ao sultão a incontestável superioridade do seu Deus, propôs-lhe submeter-se a uma prova.
 
Manda acender uma grande fornalha. Os teus ulemás e eu entraremos nela e, pelo que acontecer, poderás saber qual das duas religiões é a mais santa e mais verdadeira!
Quem saísse vivo da fogueira teria provado que seu Deus era o verdadeiro.
 
Nenhum ulemá aceitou entrar na fogueira.
 
Então eu entrarei sozinho“, respondeu Francisco. “Se eu morrer, atribuirás isso aos meus pecados; mas se o poder divino me proteger, juras reconhecer Cristo como verdadeiro Deus e Salvador?“. E, nesse caso, o sultão deveria se fazer batizar com todo o seu povo.
 
Desta vez, o sultão ficou com medo…
 
O Sultão Malek-al-Kamel, de medo de ser deposto pelos seus homens, não aceitou nem essa proposta. A muito custo o sultão tentou convencê-lo de que, como chefe dos crentes do Islã, lhe seria difícil batizar-se. Depois, quis cumular de presentes aquele homem maravilhoso, mas Francisco recusou-os todos, aceitando apenas uma pequena corneta que lhe serviria para chamar a sua gente para o sermão.
 
A pregação de São Francisco, que foi ouvida até pelos lobos, não foi aceita pelos muçulmanos, que provaram assim serem mais duros que lobos.

Foi com as maiores atenções que Malek-al-Kamel o mandou reconduzir ao acampamento dos cruzados. “Não te esqueças de mim nas tuas orações“, disse-lhe ao despedir-se, “e possa Deus revelar-me por tua intercessão a crença que lhe é mais agradável“.
São Francisco voltou ao campo cruzado.
 
A guerra prosseguiu, e depois de 17 meses de cerco, Damietta foi tomada.

trial-by-fire-of-st-francis-of-assisi-before-the-sultan-of-egyptGiotto: a prova de fogo de São Francisco de Assis, diante do sultão do Egito
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Hoje, se procura denegrir São Francisco, como se ele tivesse combatido a Cruzada.

Os pacifistas modernos — contrários às guerras e às polêmicas — e sempre dispostos a dialogar com os inimigos de Deus e da Santa Igreja, dizem inspirar-se no exemplo de São Francisco.

Se fossem sinceros, eles deveriam ir até os inimigos de Deus, e, como São Francisco, pregar a eles a religião verdadeira com destemor, e atacando as falsas religiões, assim como São Francisco atacou Maomé, diante dos maometanos.

Se fossem mesmo sinceros imitadores de São Francisco, esses pacifistas deveriam propor, como ele, entrarem numa fogueira junto com os hereges e ateus, para ver quem sairia vivo.

Desconfio de que ninguém, aí, sairia vivo.

Mas, assim como não ouve nenhum ulemá disposto a aceitar o desafio de São Francisco, duvido que qualquer padre pacifista e ecológico atual enfrentasse o fogo de um palito de fósforo para defender suas heresias.

O que prova esse caso da vida de São Francisco é que certos hereges e infiéis nem com o exemplo de um santo como São Francisco se convertem. Nem com a promessa de um milagre. Ora, se nem a santidade de um São Francisco conseguiu converter certos pecadores, não será o diálogo ecumênico — um bla-bla blá pseudo teológico — que vai conseguir isso.

Como disse Santa Joana d´Arc, uma santa de couraça e de espada na não, “só se conseguirá a paz na ponta da lança“.
 
 
 
Fonte

A Igreja das Catedrais e das Cruzadas – Daniel Rops.
S. Francisco e as Cruzadas – Carta-resposta do Prof. Orlando Fedeli, disponivel no site Montfort
 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

8º PAPA: São Telésforo - ano 125 a 138

Papa São Telésforo (8º Papa)
Pontificado: do ano 125 ao ano 138



São Telésforo, de nacionalidade grega, foi o oitavo Papa da Igreja Católica e sucedeu a São Xisto I na cadeira da verdade. Era um homem extremamente espiritual e sua fama alastrou-se pelas regiões orientais, chegando finalmente a Roma, onde seus méritos foram reconhecidos. Por ocasião da morte de seu predecessor, foi escolhido por Deus para governar Sua Igreja, fato que concretizou-se no dia 09 de abril de 125.
                                             
Era uma época de constantes ataques à sã doutrina, mediante cruéis investidas dos inimigos contra os praticantes da Santa Religião. Ser cristão, representava séria candidatura para o martírio. As circunstâncias exigiam a ação de um Papa que reunisse condições de intelectualidade, firmeza de caráter e mansidão, qualidades estas que São Telésforo possuía em grau elevadíssimo.
 
O furor latente pela perseguição de morte aos fiéis católicos e a perversidade dos herejes, não mediam conseqüências para tentar corromper o sagrado depósito da fé e a santidade dos costumes. Empreendendo os mais intensos esforços, São Telésforo portou-se, não só como depositário, mas também um bravo propagador da fé cristã. Não faltou tempo nem ocasião para demonstrar isso.

Os discípulos de Basílidis Antioquino, homem de gênio pervertido, sócio de Saturnino e discípulo de Menandro, estiveram em Roma, com a finalidade de derramar o veneno de sua ímpia doutrina contra o Redentor do mundo. Ao mesmo tempo, outro heresiarca maligno de nome Cerdon, invocando os deuses e os princípios de sua seita, depreciou os profetas do Antigo Testamento, também negando que Jesus Cristo tivesse nascido da Santa Virgem Maria. Duvidavam que em sua condição carnal, tivesse realmente padecido e morto. Com outros sofismas e eloqüentes articulações, procuravam enganar as pessoas mais simples e humildes, mas Telésforo em seu incansável combate, conseguiu livrar o rebando de Cristo do contágio das heresias e do erro.

Era época dos imperadores Adriano e Antonio Pio que, em linhas gerais, foram brandos no seu tratamento com os cristãos. Mas, fortemente influenciados pelos pagãos, a perseguição e o furor atingiu nível tão elevado que muitos cristãos acabaram sendo, inclusive, lançados aos leões. Haviam diversos interesses em jogo, dentre eles a possessão dos bens dos cristãos aliada ao desejo de aniquiliar a Religião de Cristo que crescia a cada dia.
 
 

São Telésforo, em contrapartida, enviou legados apostólicos por toda a parte do mundo para pregar o Evangelho, os quais enfrentaram vasto campo de trabalho, diante da população impregnada pelos costumes idólatras. Estabeleceu ainda vários regulamentos que tratavam da disciplina eclesiástica.

Papa celebra "Missa do galo", tradição
instituída por São Telésforo
Prescreveu o jejum de carnes e a prática da penitência durante as sete semanas precedentes à festa da Páscoa, de modo que, apesar disso já ser observado por tradição, foi ele quem o instituiu como constituição perpétua. Também foi ele que dispôs a instituição da Missa do Galo, ao romper da aurora na Natividade de Nosso Senhor e as missas solenes, introduzindo também o hino “Gloria in excelsis Deo” (ver vídeo abaixo) em todas as celebrações solenes durante o tempo do Natal. Ordenou presbíteros, diáconos e bispos para diversas igrejas.


Terminou seu pontificado, recebendo também a glória do martírio, no dia 05 de janeiro, data em que a Igreja comemora sua festa. Foi enterrado junto ao túmulo de São Pedro.
 
"Glória in excelsis Deo" até hoje cantado na Santa Missa Tradicional
 
São  Telésforo Papa, rogai por nós! Rogai pela Igreja da qual fostes o Pastor!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

INQUISIÇÃO, "a vergonha da Igreja"! Será mesmo?

Reproduzo abaixo um excelente artigo sobre um dos assuntos mais polêmicos que envolvem o nome da Santa Igreja Católica... a INQUISIÇÃO.

Eu, quando em meio a uma conversa ouvia este nome, ficava roxo de vergonha, tentava desconversar, mudar de assunto e quando nada disso era possível, acabava por concordar com meu interlocutor e seus ataques a este "sombrio episódio" da história da Igreja.

Certa vez, conversando com um amigo, o mesmo - em tom de indignação - afirmou ter sido a Igreja Católica responsável pela morte de mais de 1 milhão de pessoas no período da Inquisição. Segundo ele, este foi um dos motivos que o fez abandonar "essa religião opressora" e de "triste passado" que ele seguia até então. Hoje é umbandista.

Embora desnecessário, vale ressaltar que não se tratava de um católico de fato, mas de IBGE.

Curioso é que este meu amigo e tantos outros - como eu mesmo antigamente - possuem essa opinião formada baseados em comentários que ouvimos aqui, opiniões que escutamos ali, o que certo "artista" disse na tv, o que certa novela ou filme mostrou e, sobretudo, naquilo que aprendemos de nossos professores de história.

Por isso, nada melhor para colocar certo "pingos nos i´s" que o artigo intitulado:
 
 
Tudo que seu professorzinho do méqui nunca lhe contou sobre... a Inquisição
Há algumas semanas, a página “Meu professor de História Mentiu pra mim” publicou uma imagem na qual afirmava que a inquisição foi um “marco civilizatório na Idade Média”. Mais do que prontamente, a súcia de apedeutas, sequelados e retardados em geral fez coro em gargalhada histriônica. Como os idiotas úteis jamais se deram ao trabalho de abrir um livro de verdade, naturalmente estranham uma afirmação tão destoante do conteúdo que eles absorveram nas cartilhas marxistas, que o méqui chama de livros didáticos. Qualquer pessoa que tenha tido acesso à historiografia que apresenta a Inquisição com acuidade histórica e livre de ideologia não poderá se furtar à conclusão de que essa, além de se basear em fontes primárias, se reflete em uma narrativa muito mais coerente do que os "istoriadores” que apenas recorrem a falácias de pensamento, facilmente desmontáveis por qualquer um que tenha mais de um neurônio funcionando, para denegrir a imagem da Inquisição. Quem quer que tenha acesso ao trabalho historiográfico que nega a forma como o senso comum retrata a Inquisição, percebe imediatamente o quão a História foi deturpada para caber dentro das necessidades ideológicas da mentalidade revolucionária. No Brasil, contudo, o méqui segue a política de restringir o acesso apenas a versões historiográficas que atendam aos interesses ideológicos da esquerda. Isso faz com que seja criado um contingente de analfabetos funcionais que se pensam intelectuais, não por acreditarem que sabem muito, mas por terem sidos convencidos de que o que precisam saber para ser intelectuais é um arremedo de cultura composto de meia dúzia de clichês. Por ter sofrido lavagem cerebral desde a mais tenra idade, o brasileiro médio toma o falso como verdadeiro e ri com desdém diante de quem proclama a verdade, a qual ele ignora completamente. O objetivo desse texto é apresentar de forma rápida e objetiva a Inquisição que não aparece nos livros do méqui, assim teremos um material de referência, curto, que poderá ser usado para esfregar no focinho dos animais esquerdistas toda vez que começarem com a cantilena de “os crimes da Inquisição”.

Para entendermos o que de fato foi a Inquisição, precisamos retroceder no tempo até um pouco antes de seu início, afinal uma das ferramentas de deturpação mais utilizadas pela historiografia marxista é fazer ignorar o contexto histórico do assunto sobre o qual ela pretende formar uma “openeão”. No ano 476, os bárbaros invadiram a Europa, transformando esse continente em um mosaico de povos incivilizados, que além de terem destruído todas as instituições romanas, passaram a brigar entre si. A Europa se tornou um gigantesco campo de batalha. No meio desse Armagedom, a Igreja Católica foi a única Instituição que ficou de pé. A Igreja sustentou o ocidente, pois salvaguardou de diversas formas o conhecimento civilizacional e, com base nesse legado, fez um trabalho de ACULTURAÇÃO da massa bárbara, composta de alanos, ostrogodos, visigodos, francos, hunos, suevos, entre outros. Dessa maneira, a Igreja Católica foi a grande responsável pelo surgimento, durante a Idade Média, de uma Europa pacificada e unificada em torno de um mesmo ideal. Esse é o motivo pelo qual a mentalidade do homem comum medieval era tão profundamente religiosa (cristã), ele devia à Igreja Católica a paz necessária para prosperar, INCLUSIVE materialmente. Ao contrário do que conta a historiografia marxista, a Idade Média foi uma época de luzes, marcada por grandes avanços em muitos campos do conhecimento: filosofia, ciência, artes, etc. Esse avanço foi fruto do cristianismo, que salvaguardou o legado da antiguidade clássica e estabeleceu a cultura que serviu de lastro para ordem social, sem a qual não seria possível gerar o progresso (obs.: antes de prosseguir na leitura desse texto, certifique-se de que você compreendeu o grau de Importância da Igreja Católica para a época medieval).

Contudo, desde os primeiros séculos do cristianismo, havia alguns DISSIDENTES da Igreja Católica, pessoas que tinham ganhado preeminência social dentro do seio da própria Igreja, mas que a partir de dado momento passavam a pregar ensinamentos estranhos ao corpo de ensinamentos da Igreja, traindo assim a instituição que tinha lhes possibilitado a posição de destaque que ocupavam na sociedade (e consequentemente a autoridade de que gozavam para que seus pensamentos fossem ouvidos). Essas pessoas fundavam seitas e, assim, suas ideias ganhavam vida própria após arrebanhar um determinado número de seguidores. Tais ideias resistiam até mesmo à morte de quem primeiro as pregou, ganhando popularidade e se constituindo em um corpo doutrinário que, apesar de nascido de dentro da Igreja, era independente e contrário ao corpo doutrinário cristão que lhes deu origem. Essas seitas eram chamadas de “hereges”. A historiografia marxista praticada no Brasil atualmente repete os dogmas da historiografia iluminista e ensina que “a Igreja queimava na fogueira quem se recusasse a aceitar a fé cristã”, reduzindo a questão da heresia a uma mera “intolerância religiosa” ou “excesso de dogmatismo”. É impossível entender o que de fato foi a Inquisição, sem compreender o que eram na verdade as seitas hereges. Para fazê-lo, usaremos como exemplo a principal seita que foi combatida pela Igreja Católica: os cátaros. Essa seita pregava a crença na coexistência de dois deuses, um bom (o criador das coisas espirituais) e um mau (o criador das coisas materiais). Algum inadvertido que pense com a mentalidade de hoje pode imaginar que negar o cristianismo e optar por uma crença dessa era uma mera questão individual, que devemos respeitar a religião dos outros e blá blá blá; principalmente se estivermos falando de algum sequelado pelo paulofreirismo, completamente convencido (coitado!) da aleivosia de que “tudo no mundo é uma questão de 'openeão'". Mas o que de fato aconteceu foi bem diferente desse devaneio esquerdista idiota. Tais seitas pregavam que, uma vez que o mundo material era uma criação do deus mau, ENTÃO tudo que fortalecesse o mundo material deveria ser COMBATIDO. Vejam só de que maneira eles faziam isso; prestem atenção para entender de que forma ser um herege era muito diferente de ter gnomos de louça e cristais energizados no quarto: na qualidade de seita, eles se organizavam em grupos de ação para depredar fazendas, queimar plantações, destruir benfeitorias, instrumentos agrários e por aí vai. Como se pode ver, não era meramente uma questão de crença diferente, mas do que essa crença diferente provocava no mundo prático: os cátaros eram uma espécie de MST da Idade Média.



Uma das diversas imagens criadas pelas páginas esquerdistas, moderadas por analfabetos funcionais, para fazer chacota da afirmação de que a Inquisição foi um marco civilizatório.

Como não fosse suficiente, tem mais. Enquanto de um lado o cristianismo pregava que a vida tinha valor em si mesma, por ser uma criação divina, e que precisava ser defendida a todo custo, os cátaros diziam que a carne aprisionava o espírito. Assim, na "openeão" deles, as mulheres que engravidavam estavam aprisionando na matéria espíritos que antes eram livres e, com o intuito de impedir esse aprisionamento, eles, com todo altruísmo possível, praticavam a “liberdade de expressão de sua 'openeão'” ASSASSINANDO MULHERES GRÁVIDAS. É mole? Essas eram as ideias que estavam se espalhando na Europa como um incêndio e, caso não fossem debeladas, por certo levariam ao total colapso da civilização ocidental, conforme afirma o historiador PROTESTANTE Henry C. Lea: “(assim) era a crença cuja rápida difusão encheu a Igreja de um terror PLENAMENTE JUSTIFICADO. Se o catarismo se tornasse dominante, ou pelo menos igual ao catolicismo, não há dúvida de que sua influência teria sido desastrosa. Por mais horror que nos possam inspirar os meios empregados para combatê-la, por mais piedade que devemos sentir por aqueles que morreram vítimas de suas convicções, reconhecendo sem hesitar que, nas circunstâncias, a causa da ortodoxia era a da CIVILIZAÇÃO E DO PROGRESSO".

Por causa disso, os senhores feudais e reis já haviam percebido que, de um lado as seitas heréticas com suas crenças obscurantistas e suas ações criminosas perturbavam e lançavam terror sobre toda a vida social, do outro lado o lastro estabelecido pela cultura advinda do cristianismo favorecia a ordem social, e consequentemente o progresso geral da sociedade. Assim, MUITO ANTES do estabelecimento da Inquisição, o poder secular já havia determinado que a heresia fosse considerada CRIME CIVIL e, consequentemente, já havia estipulado penas para esse tipo de prática. Além disso, a disseminação de tais crenças era prejudicial para o conjunto da sociedade, mas, PRINCIPALMENTE, para a camada mais pobre da população, que era quem menos podia se defender se um grupo de loucos invadisse uma vila com o singelo objetivo de expressar sua "openeão" destruindo o fruto de anos de trabalho e matando suas esposas grávidas. Dessa forma, mesmo com o poder secular agindo para cercear a heresia, com o passar do tempo, foi se tornando cada vez mais comum que o povo não mais esperasse a ação do poder instituído, mas fizesse justiça com as próprias mãos, para reprimir prontamente o avanço de tais seitas. Estabeleceu-se assim, a prática comum na Idade Média de que a população revoltada punisse por conta própria os praticantes das heresias. Repetindo: TUDO ISSO JÁ ACONTECIA ANTES DO ESTABELECIMENTO DA INQUISIÇÃO.

Ao mesmo tempo, em que essas insurreições populares contra hereges aconteciam, disputas de terras entre os senhores feudais eram comuns na Idade Média, e eles perceberam que poderiam utilizar como instrumento de batalha, nessas disputas, a turba ensandecida e disposta a fazer justiça com as próprias mãos. Para tal, os senhores feudais começaram a acusar seus inimigos de serem “hereges” apenas com o objetivo de lhes destruir a reputação. Muitas injustiças estavam sendo cometidas. Muitos eram acusados por poderosos de cometer heresias, mas não tinham nenhuma ligação com as seitas hereges, e mesmo assim acabavam morrendo nas mãos do povo, cujos humores haviam sido ardilosamente inflamados por acusações falsas. Vendo toda essa bagunça, a Igreja Católica decidiu intervir para estancar os julgamentos sumários e o derramamento de sangue de inocentes.

Para facilitar, vou recapitular o que foi dito até aqui: de um lado, o Catolicismo ao disseminar uma mentalidade voltada para valores transcendentes, trouxe paz e prosperidade para Europa. De outro, essa mentalidade voltada para valores transcendentes deixava o povo europeu suscetível a “falsos profetas”, uma parte significativa da população dava crédito às ideias hereges, que deturpavam os ensinamentos da Igreja causando confusão e desordem social. A Igreja sabia que a heresia era, de certa forma, um efeito colateral da própria Igreja, sobretudo porque os fundadores das seitas eram ex-membros do clero (dissidentes), portanto precisava assumir sua parte na responsabilidade de combatê-la. Em especial porque o combate às heresias feito pelas autoridades civis estabelecidas era corrupto e cometia injustiças, quando não acontecia o pior, que eram os linchamentos populares.

É dentro desse cenário que surge a instituição criada pela Igreja Católica Apostólica Romana, em 1231, pelo Papa Gregório XI, para VERIFICAR se aquele contra quem pesava uma acusação era de fato praticante e disseminador de heresias. Tal instituição foi chamada de INQUISIÇÃO. A Inquisição não aplicava nenhuma pena, mas SOMENTE decidia se o acusado estava de fato envolvido com heresia e, nesse caso, o entregava para que o poder civil secular aplicasse as penas que já haviam sido estabelecidas ANTES do surgimento da Inquisição. Repetindo: o objetivo da Inquisição era apenas dar uma oportunidade de julgamento processual a pessoas que, de outra forma, teriam sido mortas nas mãos de populares praticando linchamentos, ou nas mãos de reis e nobres que se utilizavam do expediente de fazer falsas acusações de heresia para eliminar seus opositores. Repetindo mais uma vez: a partir do estabelecimento da Inquisição, o povo não podia mais ser inflamado para fazer justiça com as próprias mãos, porque estava determinado que um comitê de especialistas estudaria as acusações com distanciamento e parcimônia a fim de verificar se eram procedentes ou não. É por isso que é possível afirmar sem a menor hesitação que: “A INQUISIÇÃO FOI UM MARCO CIVILIZACIONAL NA IDADE MÉDIA”. A partir do momento em que a Inquisição é estabelecida, as massas estão desautorizadas a praticar justiça sumária e os nobres não mais podiam praticar acusações falsas para conseguir objetivos obscuros. Vejam o que diz Césare Cantu, em seu História Universal (Tomo 11, Capítulo 6): "O tribunal da Inquisição pode ser considerado um VERDADEIRO PROGRESSO, porque se substituía as matanças mais ou menos gerais e os tribunais sem direito de defesa. Este tribunal admoestava por duas vezes antes de empreender qualquer devassa e ordenava a prisão só de hereges obstinados e dos relapsos (aqueles que não voltavam atrás na heresia, preferiam morrer a se arrepender), aceitava o arrependimento e contentava-se com castigos MORAIS, o que lhe permitiu salvar muitas pessoas que os tribunais ordinários teriam condenando”. Alguém que se disponha a provar que uma instituição desse tipo é ruim não passa de um canalha movido por má fé e está apenas se utilizando do expediente de tratar os fatos a torniquete para fazê-los servir à sua ideologia nefasta. Deturpar na cabeça do povão inculto, cuja mentalidade foi deformada pelo méqui, o que de fato foi a Inquisição é apenas mais uma das várias ferramentas utilizadas pelo marxismo cultural para impingir mentiras contra a Igreja.

Mas voltemos à Inquisição: como era um tribunal, eventualmente podem ter ocorrido falhas. Ainda hoje, por mais que se criem mecanismos judiciais para impedir que a ação jurídica vitime inocentes, há casos de pessoas que cumprem pena (até mesmo pagando com a vida) e mais tarde fica provado que foram condenadas indevidamente. Quanto mais na Idade Média, quando ainda não existia nenhuma das modernas técnicas da ciência forense! Contudo, na Inquisição, o rigor para considerar alguém herege era altíssimo (vamos ver isso mais detalhadamente adiante), além do que, na grande maioria dos casos, aplicava-se penas alternativas, como a responsabilidade de cuidar de um pobre, o confisco dos bens, o exílio ou a peregrinação. Foram pouquíssimas as condenações com pena capital. As próprias práticas que tais seitas pregavam para seus membros, como por exemplo a “endura”, ceifaram muito mais vidas de hereges do que toda a atividade inquisitorial (a “endura” nada mais era do uma heresia que consistia no suicídio por envenenamento, jejum ilimitado, ingestão de vidro moído, abertura das veias durante o banho e até a morte por pneumonia adquirida de propósito). Isso posto, é preciso destacar o fato de que a maior parte das condenações indevidas e das atrocidades que o senso comum usualmente atribui à Inquisição aconteceu na chamada Inquisição Espanhola, que foi um capitulo à parte dentro da História da Inquisição. Ao contrário da Inquisição Medieval (criada para combater as seitas hereges, como os cátaros) e da Inquisição Romana (criada para combater o protestantismo), a Inquisição Espanhola NÃO foi uma ideia da Igreja. Como, então, surgiu a Inquisição Espanhola? A Península Ibérica esteve por sete séculos sob domínio dos muçulmanos, que a invadiram por volta do ano 700 e lá permaneceram até quase o século XVI. Após o casamento dos reis Fernando e Isabel de Castela e Aragão, católicos, a Espanha foi unificada e isso possibilitou que os espanhóis vencessem a última batalha contra os muçulmanos, travada no ano de 1492, em Granada. Para assegurar essa expulsão conseguida através da espada, era necessário dar continuidade ao trabalho fazendo agora uma expulsão cultural: os reis precisavam estabelecer o catolicismo pleno na Espanha.

Assim, os reis de Espanha EXIGIRAM do Papa que ele autorizasse a abertura de uma nova Inquisição. O Papa não quis autorizar, justamente porque sabia que uma Inquisição realizada longe de Roma não teria nenhum controle por parte da Igreja Católica, e permitiria que os reis fizessem o que bem entendessem em nome da Inquisição, como de fato aconteceu (Há casos de terem se aproveitado da Inquisição, somente para tomar os bens dos acusados). Mas então, se sabia disso, por que o Papa autorizou a Inquisição Espanhola? Simplesmente porque o rei Fernando ameaçou o Papa dizendo que se não autorizasse a abertura da Inquisição Espanhola, ele separaria a Espanha da Igreja Católica (ou seja, de uma forma ou de outra, o rei faria o que quisesse). Nessa época, a Espanha era o maior polo católico do mundo. A Igreja Católica já tinha perdido a Alemanha para o protestantismo, que também avançava na Inglaterra, na Escandinávia, na Bélgica, e na Holanda. Se o Papa aceitasse perder a Espanha, poderia simplesmente ter sido o fim da Igreja Católica. Entre dois males, o que fazer? Diante desse dilema, o Papa finalmente optou pelo mal menor e, a contragosto, autorizou a tal Inquisição Espanhola, uma Inquisição que foi MUITO MENOS eclesiástica do que civil. O único aspecto que une a Inquisição Espanhola às duas inquisições anteriores era o nome. Para começo de conversa, ao contrário das anteriores, a Inquisição Espanhola não foi estabelecida para julgar dissidentes da Igreja, mas para combater outras crenças: o islamismo e o judaísmo, o que por si só a diferencia completamente do contexto da Inquisição Medieval, que foi quando começou a Inquisição. Claro que tais “detalhes” históricos foram completamente ignorados quando a propaganda iluminista decidiu usar a Inquisição Espanhola para manchar a imagem da Igreja Católica.

Os legados da Inquisição

Conforme foi demonstrado, acusar os procedimentos do tribunal eclesiástico de ser rudimentares é um grande anacronismo. A Inquisição não inaugurou nenhum dos procedimentos que hoje pululam no senso comum ao lado das alegações de "atrocidade!". A acusação anônima, a prática de tortura, as penas de morte, todos eram comumente utilizados pela autoridade civil DA ÉPOCA. E cada um deles pode ser explicado também por uma contingência da época. Por exemplo, penas de morte eram muito mais comuns do que são hoje, simplesmente porque era inexistente o moderno aparato de penitenciárias. Além de inexistente, tal aparato era simplesmente IMPOSSÍVEL para a organização social da época. Por causa disso, a mentalidade de então era que os crimes deveriam ser sempre punidos com severidade máxima, o que, se por um lado choca nossa sensibilidade moderna quando comparamos os procedimentos medievais com os atuais, por outro tal mentalidade na prática gerava uma baixíssima incidência criminal, se comparada com a realidade atual. Assim, é possível afirmar que, à luz da verdade, em qualquer comparação que se faça entre a atividade inquisitorial e a prática da autoridade civil secular da época, notar-se-á que o cuidado nos procedimentos no sentido de evitar injustiças e no sentido de ser piedoso com o ente humano era muito maior dentro da Inquisição do que na prática da autoridade civil secular. Por exemplo, com relação às prisões católicas, devemos esquecer a mitologia de que eram masmorras horrendas, frias e insalubres. Claro que havia problemas, pessoas chegavam a ficar doentes e até morrer nas cadeias, mas se comparadas às cadeias civis da época, possuíam instalações mais limpas, iluminadas, ventiladas, espaçosas e seguras. A alimentação também se dava de forma regular, havendo a possibilidade de o prisioneiro receber comida e demais suprimentos de seus parentes, sendo que os mais pobres tinham suas despesas pagas pelo próprio tribunal. Além disto, muitas cadeias da Inquisição possuíam divisões que separavam os homens das mulheres.

Foi por causa desse esforço, por parte da Igreja Católica (de evitar injustiças e ser piedoso com o ente humano) que foi possível deixar para o mundo, entre outros legados, grandes avanços jurídicos que seriam impensáveis até então. Após a queda do Império Romano, o modelo jurídico praticado na Europa estava mais próximo do que era adotado pelos povos bárbaros invasores do que do sofisticado Código de Leis, vigente na Civilização Romana. Na prática os reis e nobres tinham plenos poderes para julgar e condenar, como bem entendessem. Foi somente com o estabelecimento da Inquisição que foi adotado um sistema que remotamente se assemelhava ao que hoje chamamos de código processual. Desde a queda do Império Romano, foi a primeira vez na História que se pensou que um julgamento deve seguir um rito sistemático. Até a Inquisição, simplesmente não havia o conceito de que o julgamento tinha que seguir um rito. Em que pese as imperfeições que possam ser apontadas se compararmos os procedimentos da Inquisição com o sofisticado código processual moderno, estamos falando do progresso que há em passar da situação em que os julgamentos não possuíam NENHUM processo para a situação posterior em que HÁ um processo, por mais primitivo que fosse. E o processo praticado na Inquisição nem era tão primitivo assim. Por exemplo, em que pese o fato de não ser, nem nunca ter sido um livro católico (tendo sido, inclusive, condenado pela ICAR, logo após sua publicação, na década de 1480), além de NUNCA TER SIDO USADO NA SANTA INQUISIÇÃO, o Maleus Maleficarum se tornou conhecido como católico, por ter sido inspirado na bula papal do Papa Inocêncio VIII; esse livro possuía todos os elementos de um manual de direito processual.

Além disso, a Inquisição foi o primeiro tribunal da Europa a separar magistrado, acusação e defesa. Até essa época, todas essas funções eram exercidas por uma mesma pessoa, na quase totalidade das vezes um senhor feudal, que se auto imbuía do poder de julgar e condenar quem bem entendesse. Com a mentalidade que temos hoje, seria possível afirmar que as funções de promotor e juiz serem exercidas por membros da Igreja não era o ideal, mas isso seria ignorar o progresso em relação ao que era praticado como justiça até então. Também foi a partir da Inquisição que foi adotado o procedimento de registrar TODOS os autos do processo, o que limitava muito a ação do tribunal, além de instituir uma espécie de jurisprudência registrada. Tal procedimento já tinha sido adotado na época do Império Romano, mas somente na Inquisição foi praticado em caráter absoluto. A Inquisição também estabeleceu que um notário transcrevesse todos os debates. Foi estabelecido na Inquisição que os acusados não ficariam presos durante todo o inquérito, podendo recusar determinado juiz ou apelar para Roma contra alguma decisão do tribunal.

O legado mais importante da Inquisição é justamente o que é mais deturpado, diz respeito à questão da tortura. A despeito de todas as gravuras mostrando pessoas sendo torturadas pela Inquisição, é preciso compreender que não foi o Santo Ofício que estabeleceu a tortura, MUITO PELO CONTRÁRIO. O expediente do uso de tortura como ferramenta de confissão era considerado normal e era amplamente usado pelos tribunais seculares, ao passo em que foi muito raramente usado dentro da Inquisição. Ao todo, menos de 10% dos julgamentos envolveu a agonia física dos acusados. Dentro do contexto de que a tortura era considerada pela mentalidade da época como uma ferramenta válida para extrair uma confissão, o Papa Inocêncio IV instituiu algumas regras em relação à utilização desse procedimento: a proibição de que qualquer pessoa fosse torturada mais de uma vez, não era permitido que o método levasse à perda de um membro ou, ainda, que trouxesse risco de morte para quem recebia, sendo comum a presença de médicos para evitar maiores problemas, não poderia ultrapassar mais que alguns minutos. Estas normas nem sempre foram cumpridas, é verdade, mas o problema é que muitos historiadores iluministas/marxistas se utilizam do desvio para fazer entender que as autoridades eclesiásticas pregavam os abusos, o que é de uma desonestidade atroz. Há ainda as alegações sobre as famigeradas "máquinas de tortura" que estão em exposição em tantos museus da Europa e que fazem a alegria do departamento de marketing do History Channel, pois enchem os olhos da audiência dos pseudo-documentários realizados pelo canal. Sobre elas é preciso entender que ninguém que queira torturar um ser humano precisa de muito mais do que uma corda que o imobilize e um pedaço de vidro quebrado ou um chicote, que o infrinja dor. Se máquinas foram criadas para realizar a tortura, era exatamente porque se buscava de alguma forma mensurar e aplicar o sofrimento de forma gradual, controlando a intensidade do efeito o máximo possível. Além disso, as máquinas eram especialmente confeccionadas para que tivessem aparências assustadoras, buscando gerar o que se chamou de conspectu tormentorum, quando a mera vista dos instrumentos de tortura já provocava a confissão. Em dado momento da História da Inquisição, estabeleceu-se que as confissões conseguidas através de tortura só seriam aceitas se no dia seguinte fossem confirmadas pelo acusado, do contrário as investigações continuariam, apesar de o réu permanecer preso. Posteriormente, foi estabelecido que nenhuma confissão conseguida através de tortura teria validade. Ou seja: se hoje a tortura não é mais considerada um instrumento justo de extração de confissão, ISSO É UM LEGADO DA INQUISIÇÃO!

Em suma, o Direito conseguiu evoluir MUITO por causa da Inquisição. Mas, então, como nasceu a deturpação da imagem da Inquisição? Tudo começou na propaganda iluminista que queria denegrir a Igreja Católica. Assim, a historiografia iluminista sempre segue a mesma técnica, que consiste em ignorar como as circunstâncias eram antes da Inquisição e apresentar o Santo Ofício como a entidade que instaurou tudo que era primitivo na Idade Média. Além disso, eles utilizam do método de apresentar apenas os casos de desvio e, assim, dão a entender que eram a regra (contudo, como a mentira tem perna curta, é possível encontrar confissões, mesmo dentro da bibliografia iluminista. Vejam o que diz a Enciclopédia Iluminista Francesa, de 1765: "Sem dúvida, imputaram-se a um tribunal, tão justamente detestado, excessos de horrores que ele nem sempre cometeu". Isso o méqui não mostra!). Alguém que tenha sido apresentado à Inquisição pela historiografia marxista, que mostra apenas os estudiosos iluministas que denegriam a Inquisição, imagina que antes dela o planeta era um paraíso idílico no qual reinavam o humanismo e a justiça perfeita, e a Igreja Católica foi a responsável pela introdução dos métodos que eles criticam como retrógrados, comparando-os não com o que de fato existia antes, mas com a situação atual, que é, na verdade, FILHA dos avanços da Inquisição. Como se vê, trata-se de um erro muito grave em historiografia, que se chama ANACRONISMO. Esse tipo de deturpação é muito comum quando os historiadores não são movidos por entender o que de fato aconteceu, mas sim por criar uma representação do que aconteceu de modo que esta seja capaz de endossar uma ideologia. Um caso clássico é a forma como Engels retrata a Revolução Industrial. Na versão dele, o mundo era um paraíso de prosperidade e riqueza, quando surgiu a terrível Revolução Industrial impondo restrições e carência às classes trabalhadoras, que nunca as tinham experimentado antes. É claro que isso é apenas um delírio, uma ficção, sem nenhum rigor historiográfico. Da mesma forma que no caso da Inquisição, não é possível entender a Revolução Industrial sem entender como o mundo era antes dela. Para finalizar com mais um exemplo de uso ideológico do anacronismo, citemos a forma como a esquerda brasileira se refere aos "crimes da ditadura militar", ignorando completamente os crimes que vinham sendo cometidos pelos terroristas revolucionários e que foram, na verdade, aquilo que desencadeou a instauração do regime militar.

Esse texto é só um quebra-gelo, para introduzir ao assunto "Inquisição". Há ainda muitas informações que não foram incluídas para que o texto não ficasse ainda maior do que já ficou. Para comprovar a veracidade das informações que foram apresentadas aqui e para continuar a conhecer a verdadeira Inquisição, consulte a bibliografia abaixo.

Diane Moczar, "Sete Mentiras sobre a Igreja Católica"
Daniel-Rops, "A Igreja das Catedrais e das Cruzadas"
Eric Voegelin, "Idade Média Tadia"
Felipe Aquino, "Para Entender a Inquisição"
Henry Kamen, "A Inquisição Espanhola"
João Bernardino Gonzaga, ”A Inquisição em seu mundo”
Rodney Stark, "A Vitória da Razão"
Regine Pernoud, "Luz Sobre a Idade Média"
Regine Pernoud, "O mito da Idade Média"
Ronald L. Numbers, "Galileu na Prisão"
Thomas Woods, "Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental"
 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

SÃO MARGARITO FLORES GARCIA, mártir cristero

HOJE É DIA DE SÃO MARGARITO FLORES GARCIA!
Sendo de origem extremamente humilde, Margarito trabalhava desde pequeno para ajudar financeiramente a sua família, o que por duas vezes chegou a colocar sua saúde em risco.
Aos 14 anos manifestou um forte desejo de ingressar no Seminário de Chilapa, no entanto seus pais, Germán Flores e Merced García, se opuseram porque careciam de recursos para custeá-lo. Outras pessoas conheceram sua história e o incentivaram a seguir adiante, assim ingressando no Seminário em 1915, na idade de 15 anos.


Durante os anos de estudo, para ajudar financeiramente sua estadia no Seminário, exerceu o oficio de cabelereiro, cobrando um valor mínimo por cada corte de cabelo. Por obediência tinha sob sua responsabilidade a iluminação do seminário, por meio de candeeiros de petróleo, até que em 1919 instalaram a rede de serviço elétrico.

Apesar das dificuldades, conseguiu levar adiante seus estudos e recibeu a ordenação sacerdotal na Capela do Seminário de Chilapa no dia 5 de abril de 1924, por imposição das mãos de Dom José Guadalupe Ortiz. Celebrou sua primeira Missa solene em sua cidade natal, Taxco de Alarcón, no estado de Guerrero, na paróquia de Santa Prisca e São Sebastião, em 20 de abril de 1924.
Tempos depois, entre outros encargos, foi nomeado vigário da paróquia de Chilpancingo, também em Guerrero, onde na véspera das primeiras sextas-feiras de cada mês redobrava suas atividades com a finalidade de atrair seus fiéis ao confessionário, até que em 1926 surgiu o conflito religioso e foi removido de Chilpancingo sendo transferido a Tecalpulco.

Nesse lugar, visitou o Sacerdote de Cacalotenango, Padre Pedro Bustos; ambos foram surpreendidos por tropas federais, o que os obrigou a buscar refúgio nas montanhas, onde ficaram por vários dias; estando a salvo se separaram e cada um regressou à sua familia, mas Margarito não teve sorte em sua busca por refúgio, tendo que passar a noite sem abrigo e alimento.

Após permanecer um tempo com sua família, sob ameaça de grandes perigos devido à perseguição existente, viajou à Cidade do México. Pouco tempo tinha desde sua chegada ao hotel quando apareceu um soldado federal, inquirindo se entre eles havia algum sacerdote. Margarito se apresentou como médico. Já na Capital, se entregou com empenho e dedicação visando colaborar na solução do conflito religioso, além de participar da Academia de San Carlos, com o objetivo de aperfeiçoar seus conhecimentos.

Em junho do mesmo ano foi capturado e levado para a delegacia de Polícia, junto com outros elementos que integravam a Liga Nacional de Defesa Religiosa, aos quais pôde ministrar o sacramento da confissão. Por intervenção da família Calvillo junto ao General Roberto Cruz, foi conseguida a liberdade do Padre Margarito; no entanto o padre Margarito Flores presentia que seu martírio estava próximo, redobrando seu fervor no oferecimento de seu sacrificio e dedicação de seu ministério.

Por fim foi enviado a Atenango del Río e em sua ida a esse lugar acabou sendo preso pelas tropas federais. Na madrugada despojaram o Padre, sem nenhuma consideração, subtraindo-lhe todas as coisas que levava, deixando-o somente em roupas íntimas, descalço e amarrado em meio à cavalaria, caminhando de pé. O tormento foi agravado com o surgimento do terrível sol escaldante; ao suplicar que lhe dessem um pouco de água, como resposta recebeu golpes e empurrões. Em 12 de novembro de 1927 foi ordenada sua execução e como "último desejo" lhe permitiram escolher o lugar preciso onde morreria.


Por volta de uma hora da tarde daquele Sábado 12 de Novembro de 1927, sem qualquer processo ou julgamento formal, o Padre Margarito Flores García foi conduzido à parte de trás da Capela. Com toda serenidade, pediu permissão para que lhe concedessem alguns instantes onde pudesse elevar suas últimas preces ao Todo poderoso. Seu pedido foi aceito e após fazer suas orações de joelhos, levantou-se, quando então dele se aproximou um dos soldados e lhe perguntou se ele o perdoaria... ao que o Padre Margarito respondeu, profundamente comovido:
"Não só vos perdoo mas também vos abençoo".
Em seguida, com grande valentia, não permitiu que lhe vendassem os olhos e mantendo-se em pé, vendo de frente a seus algozes, ergueu seus braços em cruz e lançou seu olhar ao céu. As órdens foram cumpridas pelos soldados:

Capela Ojeda, onde se deu o martírio de São Margarito Flores Garcia

São Margarito Flores Garcia recebeu a rajada mortal que destroçou sua santa cabeça e o enviou para unir-se perpétuamente a Cristo Rey. Era o dia 12 de novembro de 1927. Seu cadáver foi abandonado neste lugar, permanecendo alí por cerca de três horas.

Funeral de São Margarito
A tropa já iniciava sua retirada quando, por ordem do Capitão, dois soldados tomaron o corpo pelos pés e - arrastando-o - o conduziram ao cemitério, onde préviamente outros soldados já haviam cavado a cova. Sem qualquer respeito o corpo de São Margarito foi lançado à cova, seguido de sua batina, que anteriormente lhe haviam retirado. Por fim cobriram a cova e se foram.

Tempos depois duas almas bondosas colocaram os restos mortais numa caixa e os transportaram ao interior do templo. Ao exumar seus restos mortais -levando em consideração que já haviam transcorrido vários meses desde sua morte e encontrando-se numa cova comum - seu sangue minava fresco. Em 1925, 18 anos depois de seu martírio, seus restos mortais foram trasladados à cidade de Taxco, e por disposição de seus familiares, foram depositados num lugar especial da capela de Nosso Senhor de Ojeda, localizada no bairro onde nasceu o santo mártir.
Foi canonizado no dia 21 de maio de 2000, ano jubilar, pelo Papa João Paulo II.
São Margarito Flores Garcia, ROGAI POR NÓS!


Altar onde estão depositadas as relíquias de São Margarito Flores Garcia
Tradução e Organização: Morro por Cristo

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A Santa Missa por São Pio de Pietrelcina

SACRIFÍCIO
 
Recentemente, acabei me envolvendo em uma discussão acerca da Santa Missa. A discussão girou em torno da maneira como devemos nos portar quando nela estamos e, consequentemente, na maneira como ela deve ser celebrada. Em outras palavras, como a Santa Missa deve ser compreendida, vivida, celebrada e assistida.
 
Critiquei a forma como a entendem a maior parte dos fiéis e paróquias contemporâneas: festa, banquete, reunião entre amigos, "batucada", dança e diversão. Por outro lado, defendi seu caráter piedoso, silencioso, respeitoso e a atmosfera de certa forma "triste" e ao mesmo tempo misteriosa e majestosa que deve envolver o Santo Sacrifício.
 
Meu opositor, por outro lado, defendeu tudo aquilo que eu havia criticado, ao passo que, condenando o que eu havia defendido, me chamou de "retrógrado, ranzinza, amargo, velho, rabugento" e tudo aquilo que nos remete a algo superado, ultrapassado (no pior sentido destes termos). Para ele(s), nós que temos essa posição com relação à Santa Missa somos pessoas tristes e amargas, pessoas às quais falta alegria, pessoas infelizes e que não suportam "ver os outros felizes"...
 
Acontece que assumi essa posição quando conheci a Doutrina da Igreja, a Doutrina Católica acerca do Santo Sacrifício da Missa. Ora, como sua própria definição demonstra, trata-se de um SACRIFÍCIO. E quem realiza este sacrifício?  E QUEM é o Sacrificado?
 
o Santo SACRIFÍCIO da Missa
 
Você, caro leitor, consegue imaginar Nosso Senhor Jesus Cristo no alto da Cruz, a Santíssima Virgem chorando a Seus pés, e você, diante disso dançando e batendo palmas? Só de imaginar tal cena concluímos se tratar de um tremendo absurdo, não e mesmo?
 
Alguns poderão objetar: "Mas isso é o que a Igreja de antes pensava, nos últimos 50 anos - depois do Concílio Vaticano II - a Igreja mudou sua forma enxergar a Missa".
 
Péraí... quer dizer que a Igreja teria erroneamente crido ser a Missa a renovação do Sacrificio de Nosso Senhor  Jesus Cristo por 1960 anos, quando derepente apareceram os teólogos modernos e acertadamente mudaram o significado da Missa para uma festa? Ora, isso além de GRITANTE ABSURDO pode ser classificado como uma heresia! Ou melhor, isso é protestantismo puro e simples.
 
Não compreende? Veja bem, também Lutero após 1600 anos de Igreja acreditou ter descoberto "a verdade" e, contrariando 1600 anos de doutores, santos, papas e teólogos, fundou o que para ele seria a "verdadeira igreja" de Cristo. E é isso que pretendem estes que acreditam ter descoberto o "verdadeiro significado" da Santa Missa. São protestantes quer queiram, quer não.
 
Além disso, mesmo os documentos pós conciliares jamais modificaram o significado da Santa Missa, ainda que o Rito Romano Tradicional (chamado atualmente "forma extraordinária") exprima de maneira muito mais perfeita o caráter sacrifical da Santa Missa do que a Missa de Paulo VI (chamada Missa Nova).
 
Bem, e para aqueles que não compreendem que a Santa Missa não é um show mas sim um sacrifício, reproduzo abaixo uma entrevista de um dos maiores santos da Igreja, Padre Pio, São Pio de Pietrelcina.

¡Viva Cristo Rey!

*             *             *             *             *             *             *             *

Padre Pio e a Santa Missa
 
São Pio de Pietrelcina celebrando o Santo Sacrifício da Missa
 
 
 
Padre, o Sr. ama o Sacrifício da Missa?
Sim, porque Ela regenera o mundo.

Que glória dá a Deus a Missa?
Uma glória infinita.

Que devemos fazer durante a Missa?
Compadecer-nos e amar.

Padre, como devemos assistir à Santa Missa?
Como assistiram a Santíssima Virgem e as piedosas mulheres. Como assistiu S. João Evangelista ao Sacrifício Eucarístico e ao Sacrifício cruento da Cruz.

Padre, que benefícios recebemos ao assistir à Santa Missa?
Não se podem contar. Vê-lo-ás no céu. Quando assistires à Santa Missa, renova a tua fé e medita na Vítima que se imola por ti à Divina Justiça. Não te afastes do altar sem derramar lágrimas de dor e de amor a Jesus, Crucificado por tua salvação. A Virgem Dolorosa te acompanhará e será tua doce inspiração.

Padre, que é sua Missa?
Uma união sagrada com a Paixão de Jesus. Minha responsabilidade é única no mundo. (Dizia-o chorando.)

Que devo descobrir na sua Santa Missa?
Todo o Calvário.

Padre, diga-me tudo o que o senhor sofre durante a Santa Missa.
Sofro tudo o que Jesus sofreu na sua Paixão, embora sem proporção, só enquanto pode fazê-lo uma criatura humana. E isto, apesar de cada uma de minhas faltas e só por sua bondade.

Padre, durante o Sacrifício divino o senhor carrega os nossos pecados?
Não posso deixar de fazê-lo, já que é uma parte do Santo Sacrifício.

O senhor considera a si mesmo um pecador?
Não o sei, mas temo que assim seja.

Eu já vi o senhor tremer ao subir aos degraus do altar. Por quê? Pelo que tem de sofrer?
Não pelo que tenho de sofrer, mas pelo que tenho de oferecer.

Em que momento da Missa o senhor sofre mais?
Na Consagração e na Comunhão.

Padre, esta manhã na Missa, ao ler a história de Esaú, que vendeu os direitos de sua primogenitura, seus olhos se encheram de lágrimas.
Parece-te pouco desprezar o dom de Deus!?

Por que, ao ler o Evangelho, o senhor chorou quando leu estas palavras: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue...”
Chora comigo de ternura!

Padre, por que o senhor chora quase sempre que lê o Evangelho na Missa?
A nós nos parece que não tem importância que um Deus fale às suas criaturas e elas O contradigam e continuamente O ofendam com sua ingratidão e incredulidade.

Sua Missa, Padre, é um sacrifício cruento?
Herege!

Perdão, Padre, quis dizer que na Missa o Sacrifício de Jesus não é cruento, mas a sua participação em toda a Paixão o é. Engano-me?
Não, nisso não te enganas. Creio que tens toda a razão.

Quem lhe limpa o sangue durante a Missa?
Ninguém.

Padre, por que o senhor chora no Ofertório?
Queres saber o segredo? Pois bem: porque é o momento em que a alma se separa das coisas profanas.

Durante sua Missa, Padre, o povo faz um pouco de barulho...
Se estivesses no Calvário, não ouvirias gritos, blasfêmias, ruídos, e ameaças? Havia um alvoroço enorme.

Não o distraem os ruídos?
Em nada.

Padre, por que sofre tanto na Consagração?
Não sejas maldoso... (Não quero que me perguntes isso...)

Padre, diga-me: por que sofre tanto na Consagração?
Porque nesse momento se produz realmente uma nova e admirável destruição e criação.

Padre, por que chora no altar, e que significam as palavras que pronuncia na Elevação? Pergunto por curiosidade, mas também porque quero repeti-las com o senhor.
Os segredos do Rei Supremo não podem revelar-se nem profanar-se. Pergunta-mes por que choro, mas eu não queria derramar essas pobres lagrimazinhas, mas torrentes de lágrimas. Não meditas neste grandioso mistério?

Padre, o senhor sofre, durante a Missa, a amargura do fel?
Sim, muito freqüentemente...

Padre, como pode estar-se de pé no Altar?
Como estava Jesus na Cruz.

No altar, o senhor está pregado na Cruz, como Jesus no Calvário?
E ainda me perguntas?

Como se acha o senhor?
Como Jesus no Calvário.

Padre, os carrascos deitaram a Cruz no chão para pregar os cravos em Jesus?
Evidentemente.

Ao senhor também lhos pregam?
E de que maneira!

Também deitam a Cruz para o senhor?
Sim, mas não devemos ter medo.

Padre, durante a Missa o senhor pronuncia as Sete Palavras que Jesus disse na Cruz?
Sim, indignamente, mas também as pronuncio.
E a quem diz: “Mulher, eis aí teu filho”?
Digo para Ela: “Eis aqui os filhos de Teu Filho”.

O senhor sofre a sede e o abandono de Jesus?
Sim.

Em que momento?
Depois da Consagração.

Até que momento?
Costuma ser até a Comunhão.

O senhor diz que tem vergonha de dizer: “Procurei quem me consolasse e não achei”. Por quê?
Porque nossos sofrimentos de verdadeiros culpados não são nada em comparação com os de Jesus.

Diante de quem sente vergonha?
Diante de Deus e da minha consciência.

Os Anjos do Senhor o reconfortam no Altar em que o senhor se imola?
Pois... não o sinto.

Se não lhe vem o consolo até à alma durante o Santo Sacrifício, e o senhor sofre, como Jesus, o abandono total, nossa presença não serve para nada.
A utilidade é para vós. Por acaso foi inútil a presença da Virgem Dolorosa, de São João e das piedosas mulheres aos pés de Jesus agonizante?

Que é a Sagrada Comunhão?
É toda uma misericórdia interior e exterior, todo um abraço. Pede a Jesus que se deixe sentir sensivelmente.

Quando Jesus vem, visita somente a alma?
O ser inteiro.

Que faz Jesus na Comunhão?
Deleita-se na sua criatura.

Quando se une a Jesus na Santa Comunhão, que quer peçamos a Deus pelo senhor?
Que eu seja outro Jesus, todo Jesus e sempre Jesus.

O senhor sofre também na Comunhão?
É o ponto culminante.

Depois da Comunhão, continuam seus sofrimentos?
Sim, mas não sofrimentos de amor.

A quem se dirigiu o último olhar de Jesus agonizante?
À sua Mãe.

E o senhor para quem olha?
Para meus irmãos de exílio.

O senhor morre na Santa Missa?
Misticamente, na Sagrada Comunhão.

É por excesso de amor ou de dor?
Por ambas as coisas, porém mais por amor.

Se o senhor morre na Comunhão, continua a ficar no Altar? Por quê?
Jesus morto permanecia pendente da Cruz no Calvário.

Padre, o senhor disse que a vítima morre na Comunhão. Colocam o senhor nos braços de Nossa Senhora?
Nos de São Francisco.

Padre, Jesus desprega os braços da Cruz para descansar no Senhor?
Sou eu quem descansa n’Ele!

Quanto ama a Jesus?
Meu desejo é infinito, mas a verdade é que, infelizmente, tenho de dizer nada e me causa pena.

Padre, por que o senhor chora ao pronunciar a última palavra do Evangelho de São João: “E vimos sua glória como do Unigênito Pai, cheio de graça e de verdade”?
Parece-te pouco? Se os Apóstolos, com seus olhos de carne, viram essa glória, como será a que veremos no Filho de Deus, em Jesus, quando se manifestar no céu?

Que união teremos então com Jesus?
A Eucaristia nos dá uma idéia.

A Santíssima Virgem assiste à sua Missa?
Julgas que a Mãe não se interessa por seu Filho?

E os Anjos?
Em multidões.

Padre, quem está mais perto do Altar?
Todo o Paraíso.

O senhor gostaria de celebrar mais de uma Missa por dia?
Se eu pudesse, não quereria descer do Altar.

Disseram-me que traz com o senhor o seu próprio Altar...
Sim, porque se realizam estas palavras do Apóstolo: “Eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus”. “Estou cravado com Cristo na Cruz.” “Castigo o meu corpo, e o reduzo à escravidão...”

Nesse caso, não me engano quando digo que estou vendo Jesus Crucificado!
(Nenhuma resposta)

Padre, o senhor se lembra de mim na Santa Missa?
Durante toda a Missa, desde o princípio até o fim, lembro-me de ti.

A Missa do Padre Pio, em seus primeiros anos, durava mais de duas horas. Sempre foi um êxtase de amor e de dor. Seu rosto estava inteiramente concentrado em Deus e cheio de lágrimas. Um dia, ao confessar-me, perguntei-lhe sobre este grande mistério:

Padre, quero fazer-lhe uma pergunta.
Dize-me, filho.

Padre, queria perguntar-lhe que é a Missa?
Por que me perguntas isto?

Para ouvi-la melhor, Padre.
Filho, posso dizer-te que é a minha Missa.

Pois é isso o que quero saber, Padre.
Meu filho, estamos na Cruz, e a Missa é uma contínua agonia.

Tirada de Tradition Catolica, nº 141, nov. 98 citando "Assim Falou o Padre Pio" (S. Giovanni Rotondo, Foggia, Itália, 1974) com o Imprimatur de D. Fanton, Bispo Auxiliar de Vicenza.

Fonte da Entrevista: Permanência