"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

JOÃO PAULO II, O CATÓLICO E O ABORTO

Dentre a infinidade de confusões e polêmicas decorrentes da atual crise na Igreja (crise essa que vem se arrastando há 50 anos e que parece ter atingido seu ápice no presente momento) há a que se formou em torno do tema "aborto". Segundo alguns, o Papa Francisco teria mandado que se perdoassem as mulheres que cometeram aborto. Outros afirmam que ele mandou que se perdoe o aborto em si. Outros ainda, que ele não só quer que o aborto fosse perdoado como, mais do que isso, que ele "fosse autorizado pela Igreja".
 
Com esse brevíssimo artigo pretendemos EXTIRPAR qualquer dúvida que o católico possa ter em relação a esse tema.
 
1 - Vejamos o que diz a Sagrada Escritura:
 
"Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi: antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei" (Jr 1, 5).
 
"Vós conhecíeis já a minha alma e nada do meu ser Vos era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra" (Sl 139, 15).
 
Como vimos, justamente por a Igreja crer naquilo que está afirmado nas Sagradas Escrituras, isto é, que a pessoa humana é conhecida e escolhida pelo próprio Deus antes mesmo de ser formada no ventre materno (isso também por obra do próprio Deus), é que a Igreja desde os primeiros séculos se expressa contra esse crime infame hoje proposto como "direito" e sinônimo de "progresso":
 
"Não matarás o embrião por meio do aborto, nem farás que morra o recém-nascido" (Didaké 2, 2: SC 248, 148 (Funk 1, 8); cf. Epistola Pseudo Barnabae 19. 5: SC 172, 202 (Funk 1, 90); Epistola a Diogneto 5, 6: SC 33. 62 (Funk 1. 398): Tertuliano, Apologeticum, 9, 8: CCL 1, 103 (PL 1, 371-372).
 
 
 
O Catecismo da Igreja Católica assim expressa sobre esse pecado:
 
2270. A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida.
 
2271. A Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto directo, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral.
 
2272. A colaboração formal num aborto constitui falta grave. A Igreja pune com a pena canónica da excomunhão este delito contra a vida humana. «Quem procurar o aborto, seguindo-se o efeito («effectu secuto») incorre em excomunhão latae sententiae (49), isto é, «pelo facto mesmo de se cometer o delito» (50) e nas condições previstas pelo Direito (50). A Igreja não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente, manifesta a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade.
 
Como vimos, o aborto consiste falta grave e maliciosa, gravemente contrária à lei moral. O parágrafo acima (2272) serve para esclarecer outro engano:
 
2 - Teria o Papa Francisco permitido o aborto? NÃO! Isso seria impossível, levando-se em conta a própria definição deste pecado dada pela Sagrada Escritura, Tradição e Magistério da Igreja que acabamos de ver acima.
 
Teria então o Papa Francisco ao menos mandado perdoar as mulheres que cometeram este pecado? Ora, tratando a questão dessa forma seria o mesmo que dizer que, primeiro, a Igreja não perdoava esse pecado e que o "misericordioso" Papa Francisco acaba de mudar isso. Segundo, que essas mulheres estão perdoadas no sentido de que não se devem preocupar com os abortos por elas realizados, e mesmo com os que eventualmente ainda venham a realizar, pois "já estão perdoadas". Nada mais falso e enganador.
 
Mas então, o que é que resulta novo ou diferente com a atitude do Papa Francisco?
 
Primeiro, entendamos a doutrina Católica sobre o pecado e o perdão: para que uma pessoa possa ser perdoada de seus pecados, ela - antes de tudo - deve estar sincera e verdadeiramente arrependida de tê-los cometido. Aliado a esse arrependimento, a pessoa deve ter o firme propósito de não mais cometê-los. Só após isso é que a pessoa pode confessá-los a um sacerdote e assim ser deles absolvida. Tendo isso bem entendido, podemos agora compreender o que se deu com a atitude do Papa e, como disse anteriormente, o parágrafo 2272 do Catecismo pode nos ajudar, pois neste parágrafo vemos que aquele que realiza o aborto, incorre (automaticamente) em excomunhão, ou seja, torna-se excomungado pela Igreja. Uma pessoa que comete um aborto, ainda que se arrependa e busque um confessor, não pode ser simplesmente absolvida e readmitida à Comunhão Eucarística, isso só pode ser feito pelo Papa ou um clérigo que tenha dele recebido esse poder. Geralmente, isso já é concedido ao ordinário, isto é, ao Bispo do local onde vive a pessoa que busca a Comunhão com a Igreja. Em outras palavras, a pessoa que abortou e que, verdadeiramente arrependida, busca voltar à comunhão com a Igreja, deve procurar o Bispo para que isso ocorra. Note-se aí a gravidade de tal pecado.
 
O que fez o Papa Francisco foi, durante o ano da Misericórdia, estender esse poder a todo e qualquer sacerdote, de modo que a mulher verdadeiramente arrependida possa obter a absolvição e reintegração à Comunhão com a Igreja diretamente com o sacerdote que a confessar, sem necessidade de recorrer ao Bispo.
 
3 - E que tem a ver o nome do Papa João Paulo II, presente no título desta postagem, com o assunto aqui tratado (aborto)? Bem, diante de todos os ataques sofridos pela Fé Católica, diante de todas as tentativas de mudar sua Doutrina bimilenar, alguns inclusive acreditando ter "chegado a hora" de que essas mudanças ocorram, resolvemos ao invés de trazer uma citação de muitos séculos e que evidenciaria um "possível distanciamento" da Doutrina do passado com a "de hoje", trazer uma citação deste Papa de nossos tempos, cujo conteúdo que deve servir para esclarecer o católico atual qual a posição da Igreja em relação ao pecado do aborto:
 
"com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e a seus sucessores, em comunhão com todos os Bispos - que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que..., apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina -, declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina se funda sobre a lei natural e sobre a palavra de Deus escrita, é transmitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal. Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à Lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão, e proclamada pela Igreja" (João Paulo II, Evangelium Vitae, 62)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

42º PAPA: São Bonifácio I - ano 418 a 422

Papa São Bonifácio I (42º Papa)
Pontificado:  28 de dezembro do ano 418 a 04 de setembro de 422
 
 
 
Nascido em Roma, foi ordenado presbítero pelo Papa Dâmaso I (366 a 383), tendo servido como representante do Papa Inocêncio I em Constantinopla (ano 405). Foi eleito para a Cátedra de Pedro sucedendo ao Papa Zózimo em 28 de dezembro de 418. O início de seu pontificado foi marcado por intenças disputas, uma vez que parte do clero apoiada por Carlos de Ravena, "elegeu" Eulálio como "papa", gerando tremenda confusão durante os dois primeiros ano de seu pontificado.

Símaco, prefeito de Roma, requereu o arbítrio para julgar a questão em razão de seu cargo político. Influenciado pelo prefeito Símaco, o ImperadorHonório decidiu apoiar o antipapa Eulálio, colocando-o na Basílica de São João de Latrão após expulsar de Roma o Papa Bonifácio I. Os defensores do verdadeiro Papa foram em sua defesa junto ao imperador, que convocou Bonifácio e Eulálio a seu tribunal, interferindo ainda mais arbitrariamente numa questão que não lhe dizia respeito. Eulálio não compareceu diante do imperador a ainda quis permanecer na Basílica de São João de Latrão pela força das armas. Então, por ordem do imperador, o antipapa e seus seguidores foram expulsos, tendo o verdadeiro Papa enfim assumido o posto que lhe era seu por direito.

Opôs-se ao pelagianismo e decidiu sobre o problema do prelado de Arles sobre os bispos da Gália. Teve de interferir em diversos problemas que abalavam a Igreja de então, inclusive nos distantes arcebispados da Igreja na África, o que só reforçou a autoridade do Bispo de Roma como autoridade suprema na Igreja. Em 422 escreveu aos bispos da Macedônia:

"Pertence ao bem-aventurado apóstolo Pedro, com base na afirmação do Senhor, o cuidado, por ele assumido, da Igreja Universal, que segundo o testemunho do evangelho, sabia sobre si fundada. (...) Esteja longe dos sacerdotes do Senhor (...) tornar-se (...) rival de modo particular aquele junto o qual o nosso Cristo estabeleceu o ápice do sacerdócio; se alguém ousar ultrajá-lo, não poderá habitar o reino dos céus. "A ti", diz ele, "darei as chaves do reino dos ceus" [Mt 16:19], e neste ninguém entrará sem o favor do porteiro" (Denzinger-Hünermann [*234]).


Após longo trabalho apostólico, entregou seu espírito a Deus no dia 04 de setembro de 422, em Roma..
 
 
 
 
São Bonifácio I Papa, rogai por nós! Rogai pela Igreja da qual fostes o Pastor!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

CARDEAL MÜLLER: Sínodo em outubro próximo, defesa do Sacramento do Matrimônio e perigo de Cisma

Publicamos abaixo reportagem do site alemão Kath.net, com a entrevista do Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (antigo Santo Ofício), sobre a defesa do Sacramento do Matrimônio contra aquilo que vem sendo proposto para o próximo Sínodo a ser realizado em outubro, no Vaticano. Segundo o Cardeal, há mesmo o perigo de um cisma como o de 1517 (a rebelião protestante). Como não encontramos tal notícia publicada no Brasil (ou em língua portuguesa), traduzimos a reportagem de uma tradução em língua espanhola publicada pelo Reverendo Padre Canali, por não dominarmos o idioma alemão para que pudéssemos fazer uma tradução direta.
 
FONTE: kath.net 
TRADUÇÃO: Morro por Cristo
(os destaques são nossos)
 
"Cardeal Müller adverte sobre a possibilidade de um cisma como o de 1517!"
 
Regensburg (kath.net) Gerhard Ludwig Cardeal Müller (foto), prefeito da Congregação para a
Doutrina da Fé, advertiu sobre a possibilidade de um cisma como o ocorrido em 1517, segundo informa o “Daily Mail”. Sobre a separação da doutrina e da prática religiosa, deve-se “estar muito atento à lição da história da Igreja na Alemanha, que não pode ser esquecida”, diz Müller. Insistiu sobre a honestidade que se deve ter na pregação e recordou que os mestres da Fé não podem permitir que as pessoas creiam em uma falsa certeza de salvação, quando na verdade somente se estaria dando motivo de escândalo. “Não devemos nos deixar enganar quando se trata da natureza sacramental do Matrimônio, sua indissolubilidade, sua abertura à procriação, e à complementariedade fundamental dos dois sexos. A atenção pastoral deve ter sempre em perspectiva a salvação eterna". O Cardeal rejeitou explicitamente “uma nova comprensão da revelação no sentido da vida real”. “Não se trata de adaptar a revelação ao mundo, mas sim de ganhar o mundo para Deus”. As declarações do Cardeal Müller foram dadas durante a apresentação da tradução para língua alemã do livro “Ou Deus ou Nada”, do Cardeal Robert Sarah.
 
O Cardenal Müller criticou o “clima de reclamação da Igreja da Alemanha como que para tomar a liderança da Igreja mundial,” sendo que a realidade é bem contrária: elevado número de apostasias, os confessionários, seminários e casas religiosas vazios e órfãos na Alemanha. Müller mencionou que com frequência se pergunta por que a Hierarquia da chamada “Igreja alemã” reclama marcar o ritmo da Igreja universal, sendo que nela há déficits dramáticos, precisamente em questões de moral sexual e no ensino católico sobre o matrimônio. Somente uma “nova evangelização que se sustente, com toda sinceridade e zelo apostólico” poderá reverter o endurecimento e queda do cristianismo na Alemanha, explicou Müller ao “Daily Mail”.
 
Em vistas do próximo Sínodo dos Bispos sobre a família, o Cardenal criticou a cegueira em relação ao foco do problema, que gera a petição de que se autorize que os que vivem casados civilmente, com o vínculo de um anterior matrimônio canônico válido, sejam admitidos à Comunhão Sacramental e igualmente, que se queira orientar o futuro pastoral, tendo como temas centrais “a comunhão e o reconhecimento das relações homossexuais.”
 
“Por todos os meios se tenta, exegética, histórica - segundo a história dos dogmas - psicológica e sociológicamente “reelaborar” o ensinamento católico sobre o matrimônio, que surge do ensinamento de Jesus, perspectiva, a única, que a Igreja admite como válida. Quem é fiel aos ensinamentos da Igreja? uma campanha midiática, que se opõe e vilipendia ao Papa, ou todos os Bispos testemunhas da verdade revelada em comunhão com ele e aos quais foi confiada a administração fiel do Depósito da Fé, que não pode reduzir-se a medidas estritamente humanas?"