"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

domingo, 27 de maio de 2012

Relativismo (parte 1) e uma dica de livro

A época em que vivemos atualmente é aclamada como a era das "mentes evoluídas", da "tolerância", da quebra de paradigmas e blá blá blás do gênero.
Neste interím, todas as ações humanas são tomadas sob o "poder" do politicamente correto, do "é melhor mentir para agradar ao próximo do que ofendê-lo" e assim vivemos num verdadeiro mundo de "faz de contas".
Infelizmente isso se reflete também no âmbito religioso: atualmente as pessoas desconhecem verdades fundamentais e cada um vai adquirindo "verdades" ao longo de sua vida. Quando confrontadas, basta um "respeito a sua e você respeita a minha" e está tudo bem, pouco importando se este ou aquele vive no erro. Como vimos, é possível crer na existência de Deus porque há como prová-la. E existindo este único Deus, a conclusão lógica é que também haja uma verdade objetiva, uma única forma de conhecê-lO e agradá-lO.
No próximo artigo, tratarei deste tema com mais profundidade, porém vos trago a indicação do livro "A Religião Demonstrada" do Padre A. Hillaire, publicado em 1900, ano em que este tipo de pensamento moderno começava a manifestar-se, porém nada comparado ao que vemos hoje.
O livro trata de provar de forma demosntrativa algumas verdades não mais conhecidas ou ignoradas:

  1. Que Deus existe e há como provar sua existência.
  2. Que há um único Deus.
  3. Que assim como  há um único Deus, há uma única verdade, uma única fé e uma única religião.
  4. Que dentre todas as religiões existentes, somente a religião cristã é a verdadeira.
  5. Que dentre todas religiões ditas cristãs, somente uma é de fato cristã e consequentemente uma é a religião verdadeira: a religião Católica.
Talvez tais afirmações possam soar um tanto "duras" até para católicos. Isso é compreensível devido à influência do pensamento moderno descrito no início do artigo, porém é conveniente explicar ao católico e pessoas de boa vontade que buscam a verdade, que sempre existiu no meio religioso e acadêmico a chamada Apologética que nada mais é que a ciência cuja finalidade é a Defesa da Fé. Enquanto hoje discute-se futebol e carnaval, nos 2 milênios da Igreja Católica sempre se discutiu a Fé, com estudos e debates inclusive públicos entre apologetas visando comprovar as verdades da Fé assim como refutar argumentos errôneos e heréticos.
O livro comprova por meio de sólidos argumentos tais verdades importantíssimas e infelizmente desconhecidas.
Como não o encontrei em português, iniciei o processo de tradução deste livro, algo que deve demorar alguns meses. Deixo, no entanto, o link abaixo para leitura (em español):



http://www.docstoc.com/docs/108808933/La-Religion-Demostrada-o-Los-fundamentos-de-la-fe-catolica-ante-la-razon-y-la-ciencia


iQué viva Cristo Rey!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

É razoável crer em Deus?


No último post propomos uma reflexão sobre a necessidade de se estudar Religião. Sobretudo nos tempos em que vivemos grande parte da sociedade moderna vive numa espécie de ateísmo prático onde não se nega a existência de Deus, mas se vive como se Ele não existisse. A maior parte das pessoas refere-se a Ele como um “tipo figurativo” (por exemplo, quando repete expressões do tipo “graças a Deus”, “se Deus quiser”, “vai com Deus”, “fé em Deus” etc.) sem necessariamente refletir sobre o significado de tais expressões. A relação homem x Deus se resume apenas a mencioná-lo quando for conveniente ou por mero costume. Na teoria evita-se dizer que Deus não existe, mas na prática sua existência acaba não influenciando em nada a vida das pessoas.
Outro tipo de comportamento atualmente em moda e inclusive bem aceito nos meios de grande influência social como a mídia e o ambiente universitário é o ateísmo propriamente dito. Negar que Deus existe é visto como demonstração de intelectualismo, de se ter a “mente mais esclarecida”. A crença em Deus e o professar uma religião constantemente é associado a falta de cultura e ignorância ou então é vinculado à superstições e pressões morais ultrapassadas.
Prova disso é o vídeo abaixo onde o falecido (e aclamado) escritor português José Saramago, que após vomitar blasfêmias com aroma de "intelectualidade apurada" ridiculariza a crença em Deus dando como justificativa, entre outras, o fato de não O podermos ver  nem tocá-lo.
Ora, se só pudéssemos crer na existência daquilo que vemos ou tocamos concluiríamos que o ar, as ondas sonoras, micro-ondas, sinal telefônico, radiação dentre tantas outras coisas não existem. Mas é fato que EXISTEM, podendo-se provar sua existência por outros meios, demonstrando que não crer na existência de Deus porque não o vemos não pode ser aceito como justificativa a ser levada em conta.
Mesmo assim, fica a questão: é possível afirmar que Deus existe?
Diante dessa dúvida, trouxe para apreciação dos leitores do blog a vídeo-aula sobre as provas da existência de Deus. A história deste vídeo é interessante: surgiu duma polêmica entre o saudoso professor Orlando Fedeli* da Associação Cultural Montfort e o famoso Padre Fábio de Mello (padre este famoso não por sua ortodoxia mas por ser um “padre artista”). No livro de pe. Fábio escrito em parceria com Gabriel Chalita e intitulado “Carta entre Amigos”, em certa página há a afirmação de que não há como provar que Deus existe. Segundo ele, Deus deve ser sentido e só podemos crer em sua existência pelo sentir, pelo sentimento. Na época, a Montfort planejava iniciar a gravação de uma série de vídeo-aulas com temas importantes para a formação católica e para refutar tal afirmação contida no livro, foi escolhido como tema da primeira vídeo-aula “As provas da existência de Deus”. Nesta aula o professor Orlando Fedeli expõe as chamadas 5 vias para se chegar ao conhecimento da existência de Deus, mostrando que é possível tomar conhecimento da existência de Deus através da razão, de forma objetiva, algo que faz parte da doutrina católica, que todo sacerdote deveria saber (e mesmo nós leigos) mas que infelizmente é ignorado.
Em tempos onde as crenças e religiões humanas são baseadas apenas em sentimentalismo (algo falho que pode facilmente nos enganar) este vídeo nos ajuda a descobrir quão verdadeira é a revelação divina contida na Doutrina Católica, partindo de seu ponto inicial, que é a crença em um Deus que realmente existe.
Você que é católico mas que pensava não poder provar que Deus existe, fortaleça sua fé aliando a ela a razão.
Você que é ateu, assista ao vídeo com o coração desejoso por descobrir a verdade e ajudado com o auxílio da Graça Divina sua inteligência compreenderá que DEUS EXISTE.
Boa aula:

iQué viva Cristo Rey!

*O falecido Professor Orlando Fedeli foi um dos responsáveis por minha conversão. Esta se deu quando diante de uma “crise de fé e busca pela verdade” acabei conhecendo seus escritos em favor do catolicismo e contra as falsas religiões.

domingo, 6 de maio de 2012

Devemos estudar religião? Por que? Para que?

Em nossos dias, é cada vez mais comum presenciarmos pessoas expressando opiniões e pontos de vista até então considerados indiscutíveis, assim como debates cujos temas sempre foram tidos como "tabus". Hoje em dia, pode-se discutir sobre tudo! Claro que SEMPRE respeitando a corrente de pensamento que estiver em moda, geralmente sob influência da mídia e do atual "politicamente correto" (e ai de quem fizer, dizer ou pensar o contrário!).
 
Discute-se sobre temas os mais variados: política, crise financeira, sexo, aborto, homossexualidade, ecologia, a calça extremamente chamativa da apresentora B, a amante do cantor Y, o rolex do político recém-eleito, etc, etc e intermináveis etc´s. enfim... Discute-se sobre tudo! Ou quase tudo... Geralmente, tais discussões são travadas em diversos meios: desde o círculo de intelectuais em uma convenção sobre física quântica até a roda onde amigos - que após um "racha" no futebol - tomam suas "geladas" enquanto degustam um churrascão composto de carne mal passada e linguiça de segunda. Mas ainda assim penso haver um tema que, quando proposto para discussão, continua a despertar certo receio ou constrangimento entre as pessoas: RELIGIÃO.
 
Para evitar discussões sobre este tema, muitas pessoas se utilizam do famoso e não muito moderno bordão "religião não se discute, cada um tem a sua" ou "politica, religião e futebol não se discutem".
 
Quer dizer, é bem verdade que as vezes só aparece um "corajoso" quando é para dar uma alfinetada na Igreja Católica (ou o que as pessoas pensam ser a Igreja Católica). Nessa hora, sempre aparecem  "teólogos de botequim" pra dar pitaco sobre algo que desconhece mas que pensa compreender.
 
O termo "teólogo de botequim" não usei por acaso, na verdade me baseei em uma situação presenciada por mim há alguns anos e que contarei brevemente para ilustrar melhor o problema:

"Conclusões teológicas de boteco "
 
 
Certo dia, após retornar do trabalho resolvi passar na casa de minha noiva (hoje esposa) para vê-la. Enquanto esperava alguém abrir o portão, presenciei "a discussão teológica" entre dois senhores que se encontravam no boteco ao lado. A tv estava ligada e acabara de passar uma reportagem sobre o Papa Bento XVI. Logo, um dos senhores que ali se encontrava fez um comentário um pouco desrespeitoso sobre o Papa. O outro o tentou repreender, este porém, irritado, começou a "ensinar" aos demais:
 
"Que respeitá qui nada, o papa é só mais um comedor de feijão igual a nóis tudo aqui. E pior, purque ele e us católico num sabe é nada. Num sei porque todo mundo obedéce esse homi... Vo te explicá como funciona a igreija católica: Todo começo de ano o papa senta e escreve como ele qué a igreja durante esse ano, que qué isso, que qué aquilo, que qué assim, que qué assado, que os padre num deve casar, e por aí vai. Daí os padre faiz tudo o que ele manda, e é por isso que eu dô valô ao pastô, porque ele só faiz o que a bibra manda, tudo que ele faiz tá na bibra!"

O outro senhor achou por bem ficar quieto, assim como os demais. Ao ouvir aquelas bobagens fiquei irritado, pensei em explicar-lhes algumas coisas, mas devido ao estado alcoólico de grande parte dos ali presentes, conclui que seria perda de tempo e acabei "deixando pra lá".

Incrível como de uma só vez o senhor "explicou tudo" sobre a Igreja Católica: como é governada, qual a correta interpretação bíblica e outros temas tão complexos e profundos. Incrível! Usei este exemplo um tanto exdrúxulo - porém verídico - para melhor exemplificar o que acontece no dia a dia, nas tais rodas de discussão, afinal, embora no exemplo o "professor" era um pobre amante do alcool, quantas e quantas vezes não vemos pessoas exteriorizando conceitos, opiniões formadas, emitindo juízos e sentenças sem nunca sequer ter  pesquisado, estudado ou lido sobre o que falam.

Geralmente, as pessoas ou evitam discutir sobre religião ou acabam cometendo o mesmo erro do pobre alcoólico citado acima, isto é, repetindo - tal como papagaios - erros grosseiros como se fossem suas próprias opiniões. Em ambos os casos o motivo ou a causa é a mesma: IGNORÂNCIA. Por desconhecimento, alguns se abstem de falar sobre este assunto ou mesmo o ignoram no sentido de não lhe dar importância. Outros, pela mesma ignorância, acabam por inventar, mentir e caluniar, na tentativa de convencer.

Mas afinal, por que devemos estudar RELIGIÃO?

Para responder a esse questionamento, usarei o seguinte trecho que traduzi do excelente livro do Padre A. Hillaire, A Religião Demonstrada:

 
"Sua finalidade é fazer compreender aos jovens de ambos os sexos que a religião não é um problema de ordem sentimental, mas sim uma imposição da razão e da consciência. Hoje, mais do que nunca se deve conhecer a fundo os verdadeiros motivos da crença, para afirmar-se mais em sua fé, consequentemente estando melhor disposto a defendê-la e propagá-la devidamente.
Atualmente, grande é a busca pelo domínio das ciências profanas, seja no âmbito teórico ou prático; porém existe um abandono quase que completo do estudo da Religião, que ironicamente é a única ciência que pode fazer felizes aos homens nesta vida e na outra." (P.A.Hillaire, La Religión Demostrada, ano 1900, os destaques em negrito são meus). 


Em primeira análise, podemos aproveitar o início da afirmação em destaque para chegarmos também a uma primeira conclusão: "a religião não é um problema de ordem sentimental, mas sim uma imposição da razão". O primeiro equívoco de nosso tempo é o fato de a religião estar fundamentada puramente em sentimentalismos, em sensações, "no  que eu sinto", no "sentir bem". Ora, se tal raciocínio fosse verdadeiro, isto é, se pudéssemos descobrir a verdade beseando-nos em sensações, no "sentir bem", poderíamos aplicar tal método a tudo aquilo que nos faz "sentir bem" (desde o chocolate, o sexo até mesmo ao alcool e as drogas), e tudo seria motivo para a criação de "novas religiões" e doutrinas religiosas. Ora, todos sabemos como os sentimentos e as sensações podem nos trair. Quantas vezes não somos "enganados pelo coração"? Quantas vezes não nos confundimos pelo que sentimos? Logo, deve ficar claro que "o sentir bem" não pode ser critério para o reconhecimento da verdade, tampouco da Fé e Religião verdadeira. Consequentemente, também podemos concluir ao estudar religião que a Religião verdadeira pode e deve ser conhecida através da razão. Caso exista, pode ser conhecida através da razão. Confirmada sua existência, deve ser conhecida!

Outra conclusão a qual podemos chegar é derivada da segunda afirmação: "Atualmente,grande é a busca pelo domínio das ciências profanas, seja no âmbito teórico ou prático; porém existe um abandono quase que completo do estudo da Religião, que ironicamente é a única ciência que pode fazer felizes aos homens nesta vida e na outra". De fato, percebemos que nos dias atuais as pessoas procuram instruir-se em todas as áreas possíveis, menos "nas coisas do Alto". Passam longos anos a especializar-se em diversas áreas do conhecimento, enquanto totalmente alheios ao estudo da Religião. Então, quando se encontram diante de algum problema que não esteja sujeito ao seu controle e às suas vontades, somente aí buscam desesperadamente uma solução rápida e prática, o que os tornam presas fáceis das diversas seitas que pululam na sociedade moderna. Não raramente, encontramos pessoas com alta formação acadêmica e visivelmente cultas em meio aos mais "exóticos" grupos religiosos. Tudo isso devido à ignorância em matéria religiosa.
 
Ao lermos "que ironicamente é a única ciência que pode fazer felizes aos homens nesta vida e na outra", somando-se a tudo o que foi exemplificado até então, e valendo-se da lógica e da razão, somos levados a ao menos três questionamentos e posteriores conclusões às quais ninguém pode fugir e que só corroboram para a importância de se estudar religião. São elas:

  • Se Deus não existe, devo estudar para chegar a essa conclusão, uma vez que se pratico uma religião, posso passar toda minha vida empregando tempo, dinheiro, esforço físico e mental em pról de uma "causa perdida", de algo que não existe, dando total comprovante de minha estupidez.


  • Por outro lado, havendo a possibilidade da existência de Deus, no entanto sou ateu ou vivo como se Deus não existisse e se - de acordo com o apresentado no texto acima - o estudo da religião me fará feliz em uma vida futura que existe mas que ignoro, o que acontecerá comigo quando venha a falecer? De acordo com o apresentado, serei infeliz nessa vida futura pagando por minha indiferença e imprudência.

  • Por por fim, chegando a conclusão de que Deus existe, devo estudar religião posto que existem milhares de religiões que reinvindicam o possuir o conhecimento de Deus e seus caminhos, no entanto todas em algum ponto se contradizem, o que mostra ser impossível que todas estejam certas. Isso é lógico. Consequentemente, devo estudar religião a fim de descobrir qual a religião verdadeira, para poder praticá-la, abandonando assim o erro e aderindo à Verdade.

Sendo assim, caro leitor, creio que este artigo - ainda que breve e modesto - consegue apresentar alguns argumentos convincentes que demonstram a necessidade e a importância de se estudar religião. Espero que sirva para despertar em quem o ler este desejo tão importante, tendo em vista que o que está em jogo pode ser tanto o nosso bem estar aqui na terra, mas principalmente - conforme descobrirá aquele que buscar com sinceridade - o bem estar na vida que há de vir, na vida eterna. Pense nisso!

 Instaurare omnia in Christo