Papa São Clemente de Roma (4º Papa)
Pontificado: do ano 92 ao ano 101
Pontificado: do ano 92 ao ano 101
São Clemente, natural de Roma, era discípulo de São Pedro e São Paulo.
Acompanhando a este nas viagens evangelizadoras, com ele dividiu as fadigas,
sofrimentos e perseguições da vida apostólica. É a ele que o Apóstolo dos
Gentios se refere, quando na Epístola aos Filipenses (4,3) diz: "Peço-vos que
auxilieis aqueles também que, como Clemente e outros, comigo trabalharam, cujos
nomes estão inscritos no Livro da Vida". Estas palavras lhe documentaram a
dedicação e fé, o zelo pelas causas de Deus e das almas. Se a mansidão e
caridade lhe mereceram o nome de clemente, foi sem dúvida pela atividade
apostólica, que São Pedro lhe conferiu a dignidade episcopal.
Os primeiros
sucessores de São Pedro, na Sé apostólica e no martírio, foram São Lino e
Anacleto (São Cleto). Na quase certeza de perder a vida por Jesus Cristo e a
Igreja, São Clemente assumiu o governo da Barca de São Pedro em 92. Eram tempos
cheios de apreensões para a jovem Igreja. A Autoridade romana ameaçava com
uma nova perseguição e no seio da Igreja mesma reinavam dissenções, que
prometiam degenerar em cisma. Era principalmente a Igreja dede Corinto o
teatro de graves perturbações. Os ânimos estavam irritadíssimos e tudo indicava
a iminência de uma cisão, provocada - assim se acreditava geralmente - pelas
paixões que predominavam numa eleição episcopal. São Clemente dirigiu aos
Coríntios uma carta apostólica em que documenta ao mesmo tempo grande
circunspecção, prudência, caridade e firmeza. Tão boa aceitação teve esta
carta, que não só em Corinto, mas também em todas as Igrejas era lida durante
muitos anos, juntamente com as epístolas dos Apóstolos.
Dividindo a
cidade de Roma em sete distritos, determinou para cada distrito um advogado,
com a incumbência de ativar conscienciosamente tudo que se relacionava aos
cristãos, suas virtudes, os processos judiciários a que haviam de responder, o
modo como se haviam perante a autoridade perseguidora, declarações públicas
que faziam, o martírio e a morte. Estes protocolos, chamados atos dos
mártires, eram lidos nas reuniões dos fiéis. Ao zelo apostólico do Santo Papa
abriram-se as portas do próprio palácio imperial. Domitila, irmã do imperador
Domiciano, cuja ferocidade contra os cristãos era conhecida, se converteu à
Religião de Jesus Cristo. Ainda mais: exemplo foi de todas as virtudes e
para os cristãos perseguidos, um anjo de caridade, naqueles tempos aflitivos.
O imperador
Trajano, vendo na propagação da religião cristã um perigo social e religioso
para o império e reconhecendo no Papa rival temível, citou-o perante o tribunal
e com ameaças de morte exigiu-lhe a abjuração da fé e o culto dos deuses
nacionais. São Clemente não hesitou nem um momento e na presença da suprema
autoridade romana, fez uma profissão de fé belíssima, que não deixou o
imperador em dúvida sobre a improficuidade do seu tentâmem. Aconteceu o que era
de esperar: O Papa foi condenado à morte. O Breviário Romano, diz que o
santo Papa foi, com muitos cristãos, desterrado para a península da Criméia,
onde haviam de trabalhar nas pedreiras e minas. Se para Clemente era um consolo
poder partilhar a escravidão com seus filhos em Cristo, estes mais facilmente
se conformavam com a triste sorte, vendo junto de si o Pai querido, o
representante de Deus na Terra.
O que mais
atormentava os pobres cristãos, era a falta absoluta de água, no lugar onde
trabalhavam. Muito penoso era o transporte deste precioso líquido, que só se
achava na distância de seis milhas. Clemente pediu a Deus que se compadecesse
do povo, como se compadecera dos israelitas no deserto. Terminada a oração, viu
no alto duma montanha um cordeirinho que, com a pata direita levantada,
parecia indicar um determinado lugar. O santo Papa dirigiu-se imediatamente ao
lugar onde lhe aparecera o cordeirinho e com uma enxada pôs-se a cavar a
terra. Qual não lhe foi a alegria, quando logo ao primeiro golpe, viu brotar
água, água deliciosa e tão abundante que, desde aquele dia teve termo a
aflição dos cristãos. Estes milagre não só contentou a estes; também os
pagãos que, vendo em Clemente um enviado do Céu, a ele se dirigiram pedindo
fossem aceitos como catecúmenos. Assim muitos idólatras se tornaram
adoradores de Jesus Cristo e os templos pagãos, antes antros do mais abjeto
culto diabólico, transformaram-se em igrejas cristãs. Este espetáculo
grandioso perante Anjos e homens despertou naturalmente o ódio nos corações dos
sacerdotes pagãos, que se apressaram em denunciar Clemente.
A resposta
imperial não se deixou esperar. O governador Aufidiano, autorizado por Trajano
a pôr um dique à propaganda cristã, custasse o que custasse, condenou à morte
Clemente e intimou os cristãos a que abandonassem a religião de Cristo.
Algemado, foi Clemente levado a um navio, que o transportou ao alto mar. Lá
chegado, puseram-lhe uma âncora de ferro ao pescoço e precipitaram-no na
água. Isto aconteceu a 23 de novembro do seu último ano apostólico. Os
cristãos consternados pela perda do seu Pastor, pediram a Deus que não
deixasse o corpo do mártir entregue ao jogo das ondas, mas que restituísse ao
carinho e à veneração dos filhos espirituais.
Link: Carta do Papa São Clemente Romano aos Coríntios
Aufidiano e
sua gente mal se tinham afastado, quando o mar espontaneamente, retrocedeu a
uma distância de três milhas, até o lugar onde tinha sido mergulhado o corpo
do santo Papa-Mártir. O mais que aconteceu, foi de todo extraordinário. Aos
olhos pasmados dos cristãos apresentou-se um pequeno templo de mármore branco.
Pressurosos correram para lá e, chegando ao templo, nele encontraram o corpo de
São Clemente, colocado num ataúde, tendo ao lado a âncora pesada. Quando se
dispuseram a retirar suas santas relíquias, Deus manifestou sua vontade, que não
o fizessem; que o deixassem repousar no mesmo lugar e que o mar, anualmente,
durante sete dias, franqueasse o acesso ao túmulo. Assim aconteceu.
O martírio do Papa São Clemente Romano |
As
relíquias de São Clemente ficaram no fundo do mar, guardadas por santos
Anjos, até o século IX, quando, sob o governo do Papa Nicolau I, os santos
missionários Cirilo e Metódio as trouxeram para Roma, onde foram depositadas
na Igreja de São Clemente, onde se acham até agora.
São Clemente de Roma Papa, rogai por nós! Rogai pela Igreja da qual fostes o Pastor!
Link: Carta do Papa São Clemente Romano aos Coríntios
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