"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O "escândalo da pompa, do ouro e da riqueza" da Igreja Católica. Ou...

"...por que não vendem tudo e dão o dinheiro aos pobres?" (parte 1)

Há poucos dias tivemos o encerramento da Jornada Mundial da Juventude 2013, dias em que assistimos a aparente "lua de mel" entre a mídia e o Papa Francisco. Todos o elogiam, todos o aplaudem... até mesmo conhecidos inimigos da Igreja. Será que veremos o mundo ainda a aplaudir o Santo Padre quando este começar a dizer certas verdades contrárias ao Mundo? Veremos...

Aproveitando esse período onde se prolifera pelas redes sociais exaltações à humildade do novo papa e condenações aos papas anteriores (assim como à Igreja Católica), publicamos o presente artigo que têm como objetivo, não apenas demonstrar e expor as mentiras propagadas por inimigos da fé, como também apresentar algumas verdades por eles ignoradas, demonstrando como as diversas características da Igreja Católica estão sempre fundamentadas nos Evangelhos e respaldadas pela lógica. Comecemos então.

Os indignados "arautos da justiça"

Certa vez, enquanto navegava pelo site facebook vi a seguinte imagem postada, acompanhada de uma enxurrada de comentários:



A montagem, assim como os comentários,  tinham o mesmo objetivo: ridicularizar a Igreja Católica e  mostrar ao mundo sua "hipocrisia e contradição" por orientar os fiéis a ajudar os pobres enquanto desperdiça dinheiro ostentando ouro, luxo e riqueza. Dentre os comentaristas da foto, muitos compartilhavam da mesma opinião: que o Vaticano deveria ser vendido e a fortuna conseguida com a venda, revertida aos pobres.

O "escândalo" dessas pessoas (algumas delas inclusive se identificavam como "católicas") baseava-se na imagem do Santo Padre (no caso da foto, Bento XVI) segurando uma suposta "cruz de ouro" que valeria milhões de dólares, enquanto milhões de pessoas passam fome por todo o mundo. Para eles, além da evidente e desnecessária ostentação, o Papa estaria agindo com hipocrisia, mostrando um comportamento nada humilde e completamente oposto aos evangelhos. Imagino que esses mesmos "justos e indignados juízes" rasgariam as vestes caso se deparassem com estas imagens:



 
São Pio X e sua belíssima tiara papal (espécie de coroa usada pelos pontífices)

 
A coroação de Pio XII




João XXIII e um Patriarca Oriental

 



Coroação de Paulo VI

 
 
Pio XII na sédia gestatoria (foto colorida digitalmente)
Como se pode observar, os Papas nas fotos acima apresentavam muitos outros elementos que para os "juízes" de hoje seriam motivo de escândalo. Mas então, como compreender tamanha "falta de humildade" por parte do líder máximo da Igreja Católica? E a "hipocrisia" da própria Igreja com seus palácios vaticanos adornados em ouro e pedras preciosas? Por que tudo isso? Qual a finalidade de se mostrar ao mundo com tamanha "falta de humildade"?
 
É certo que, diante do mundo, essa visão do papado nos últimos dias parece estar sofrendo alguma mudança por conta da ascensão à cátedra de Pedro do Cardeal Jorge Bergoglio, agora Sumo Pontífice Francisco. Digo isso por conta de algumas mudanças realizadas nesses primeiros meses de pontificado, mudanças essas aclamadas pela mídia além de outros expoentes de diversos meios e, vale repetir, inclusive inimigos da Igreja. Até já andam postando uma foto acompanhada de um texto no estilo "jogo dos 7 erros" onde fazem uma comparação entre o Papa Francisco e seu antecessor, Bento XVI, exaltando o primeiro em detrimento do segundo (e de seus antecessores, consequentemente).
 
O que mais me causou estranheza (e tristeza) foi observar que mesmo "católicos" estão a compartilhar tal foto-crítica, crendo estar prestando algum benefício à imagem da Igreja. A refutação desse texto realizaremos na 2ª parte deste artigo a ser publicada nos próximos dias. Agora nos dedicaremos a desvendar outros enigmas envolvidos nessa atitude.

Para começar, gostaríamos de informar aos escandalizados que eles não foram os primeiros a ter essa ideia ou a chegar a essas conclusões. Não, vocês não são os pioneiros, não são os primeiros a se escandalizar com o uso de elementos valiosos enquanto os pobres passam fome. Há dois mil anos alguém já havia pensado da mesma forma que vocês. E esse alguém foi um Apóstolo. Sim, um apóstolo!

Seu nome?
 
JUDAS ISCARIOTES.
 
Isso mesmo, aquele que traiu a Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele das 30 moedas... Vejamos:
 
Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas. Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres? Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis.
(Evangelho segundo São João, capítulo 12, versículos de 2 a 8).
 
Os escandalizados de agora, tal qual Judas Iscariotes, querem que a Igreja Católica venda seu ouro e propriedades para dar o dinheiro aos pobres. Não percebem que a hipocrisia, ao contrário do que pensam, é deles companheira? O que é mesmo hipocrisia? O dicionário nos diz:
 
HIPOCRISIA: s.f. Particularidade ou modos do que é hipócrita; falsidade.
Ação ou efeito de fingir; esconder os sentimentos mais sinceros; inventar ou dissimular.
Característica daquilo que não é honesto: a hipocrisia do discurso.
Hábito que se baseia na demonstração de uma virtude ou de um sentimento inexistente, como por exemplo, condenar uma ação enquanto se age ou actua da mesma forma.
(Etm. do grego: hypokrisía.as)
 
HIPÓCRITA: Aquele que age com hipocrisia.
 
Como vimos, esses hipócritas são os novos Judas que se escandalizam porque Cristo (a Igreja) aceita usar perfume caríssimo nos pés (ouro, belos paramentos e belíssimos templos) ao invés de vende-lo para dar o dinheiro aos pobres. Mais adiante veremos exemplos de como esse pensamento é verdadeiramente hipócrita. Agora, nos dedicaremos a demonstrar qual o fundamento para a postura da Igreja com relação aos paramentos e adornos em seus templos.

A nobreza de Deus

Os evangelhos atestam que Nosso Senhor Jesus Cristo nasceu numa manjedoura (tabuleiro onde comem vacas, cavalos etc., cocho), dentro de um estábulo (lugar coberto onde se recolhe o gado e outros animais). Deus assim o quis para que nos fosse dado o exemplo máximo de humildade. Fez também com que pobres pastores de ovelhas obtivessem um sinal de Seu nascimento e O fossem visitar, mostrando que Deus veio para os pobres. Quis também que três reis fossem avisados e da mesma forma O visitassem, mostrando assim que Ele também veio para os nobres, para os ricos, em outras palavras, que não veio apenas para os pobres, mas para TODOS. Os três reis se ajoelharam diante do menino Jesus. Tal atitude era reservada à súditos ante a presença de um rei, logo também podemos entender que essa visita apenas confirma a realeza do humilde Jesus, REI dos reis, e que nobreza e humildade não são antônimos. Os reis também trouxeram presentes nobres e caros (mirra, incenso e ouro). Deus teria inspirado os pais de Jesus a não aceita-los caso presentes tão caros constituíssem ofensa à Ele.
 
Nosso Senhor Jesus Cristo e a justiça de Deus
 
Quando Nosso Senhor se fez conhecer, muitos judeus acreditavam que ele os libertaria fisicamente - talvez por meio de revolta armada - do domínio romano. Em certo momento, questionaram a Cristo se deveriam continuar a pagar o imposto a Cesar. Nosso Senhor lhes respondeu: "Dai a Cesar o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Evangelho de São Mateus, cap. 22). Nosso Senhor poderia muito bem ter condenado a riqueza de Cesar e autorizado o povo pobre a não lhe pagar impostos, já que "não seria justo" pobre dar dinheiro a rico. Como sabemos, não foi isso que Ele fez.

Segundo alguns dos "juízes" de hoje, seria lícito e até heróico roubar de Cesar e ricos de hoje (mesmo que sejam bons) e do resultado do roubo dar algo aos pobres. E lembrar que eu já pensei como esses "juízes"...

O emprego do ouro e do que se há de mais nobre no culto a Deus e em sua casa
 
No antigo testamento, vemos que por ordem do próprio Deus deveria ser construída uma Arca de OURO encimada de dois querubins - também de OURO - para que alí fossem depositadas as tábuas dos Mandamentos. Também sabemos que ninguém além dos levitas deveria tocá-la. Deus assim ordenou para nos mostrar qual o valor que devemos tributar àquilo que se refere a Ele, no caso, usando o que há de mais precioso entre nossos materiais para guardar as tábuas dos mandamentos. Tábuas (ou blocos de pedra) existem aos montes e não se trata de um material ou objeto de valor. O que lhe atribuiu valor foi o fato de conter as leis escritas pelo próprio Deus! Por esse motinvo, doravante, as Tábuas da Lei só deveriam ser guardadas dentro de uma Arca construída com o material que havia de mais nobre e elevado, isto é, o OURO.

Mais adiante o próprio Deus ordenou que se construísse seu templo, determinando TODOS os detalhes da construção (medidas, materiais a ser utilizados, etc). E o templo quisto por Deus era TODO revestido de ouro e materiais preciosos. Parece estar claro como DEUS deseja que seja Sua casa, os objetos e tudo aquilo que for dedicado à ELE. Alguns dirão: "Ah, mas veio Jesus e isso mudou..."
 
Dizer que Jesus Cristo mudou aquilo que Deus pensava antes é heresia. O que antes agradava a Deus jamais constituiria ofensa para Ele tempos depois, haja visto que Deus não muda! E a Igreja Católica sendo o templo do Novo Testamento, a Igreja de Cristo, a continuação do templo de Deus, não poderia agir de maneira diferente. Nada mais justo e lógico do que tentar embelezar ao máximo seus templos físicos, suas igrejas, com tudo aquilo que ela puder conseguir de mais belo e precioso, afinal, seus templos são dedicados ao próprio DEUS!

Quando vamos construir ou reformar a casa onde viveremos, posto que será um presente oferecido àquilo de mais precioso que possuímos, isto é, nossa família, quanto não sacrificamos para deixá-la o mais bonita e aconchegante possível?

Agora, sendo o templo católico a casa oferecida ao próprio Deus, quanto não se sacrificará para deixá-la à altura daquEle a que se oferece?

Só isso já seria suficiente para explicar o porquê da beleza e riqueza do Vaticano e demais templos católicos, fazendo-se desnecessárias outras explicações.

Agora, quanto às vestimentas papais, consta que o próprio Cristo Senhor Nosso, exemplo máximo da perfeição (e humildade), utilizava uma túnica considerada "nobre" para a época e não apenas um trapo como pensam alguns. Daí torna-se compreensível que os soldados não a dividiram ao contrário de suas outras peças, mas sim tiraram a sorte para ver quem ficaria com ela. Isso atenta contra a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo? Responder que sim seria grave heresia, visto que Nosso Senhor Jesus Cristo é perfeição absoluta! Sendo assim, entendemos que isso apenas demonstrou ser símbolo de Sua dignidade diante dos homens.

Os pobres, os pobres, os pobres...
 
A caridade constitui um dos pilares da Igreja Católica justamente por atender à missão confiada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ajudar os pobres, portanto, é tarefa de extrema importância, porém, deve ficar bem claro que essa não é a única missão da Igreja, aliás, nem mesmo sua principal, que é: custodiar e transmitir a Fé para a maior glória de Deus e a salvação da almas. O próprio Cristo nos ensinou sobre isso, citando o que o próprio Deus já havia revelado no antigo testamento em Deuteronômio, cap. 8 vers. 3:

" Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (evangelho de São Mateus, cap. 4 vers. 4).

Muitas pessoas morriam de fome na época de Cristo. Mesmo assim, Nosso Senhor não andou fazendo milagres para salvá-los. Multiplicou os pães, apenas em duas ocasiões, e não para matar a fome da população por onde passava, mas apenas para aqueles que o seguiam nessas duas ocasiões específicas. Então... por que os hipócritas também não colocam uma imagem com Jesus Cristo e ao lado os pobrezinhos morrendo de fome e escreve: "VEJA, ELE PODIA MULTIPLICAR OS PÃES, MAS DEIXOU MORREREM DE FOME". É isso que eles fazem quando relativizam tudo por combate à fome. Aliás, foi o Diabo que tentou Jesus para Ele fazer pão a vontade. Foi pão a vontade que Lênin prometeu...
 
Refutando calúnias e mentiras

O ouro do Papa
 
Cruz de Ouro: O ouro é um precioso metal dúctil. Tem como características sua coloração amarelo-brilhante e seu peso. O que os caluniadores chamam de "cruz de ouro" na verdade é uma férula (ou pastorale), isto é, um bastão com uma cruz que na Igreja significa o poder de jurisdição do Papa com relação à Igreja Universal (por isso a diferença entre a férula e o báculo dos bispos). Se a férula fosse feita de ouro maciço, sabe lá Deus quantos quilos pesaria (para mais de 100 quilos). O leitor há de concordar que seria algo um tanto pesado para um ancião carregar, não é mesmo? A férula de Bento XVI pesa em torno de 2 quilos e meio, logo, não pode ser de ouro. É apenas dourada.
 
Trono de Ouro: Assim como a férula papal, se o trono também fosse de ouro, seu peso seria colossal. O trono papal  que os caluniadores acusam ser de ouro na verdade é de madeira! Foi construído entre 1657 e 1666 pelo artista Gian Lorenzo Bernini. Sobre a madeira há uma cobertura de bronze dourado em algumas partes, tinta dourada em outras. O restante é coberto com tecido.
 
Anel de Ouro: Nem mesmo o anel do pescador pode ser de ouro maciço, pois se o fosse, quebraria. Ele deve ter uma alma de ferro/aço niquelado. O ouro é usado apenas de revestimento.

Coroa ou mitra de ouro: Como vimos nas fotos antigas, o papa usava uma espécie de coroa (tiara papal). Era de metal, com algumas pedras preciosas ou detalhes adornados em ouro. Se fosse de ouro, não haveria pescoço que pudesse suportar seu peso. Aliás, ela nem entraria na cabeça. Mesmo assim, Paulo VI vendeu a tiara papal e distribuiu o dinheiro aos pobres! Ou seja, este “chapéu dourado” que vemos sobre a cabeça do papa é uma mitra dos bispos, que é feita DE PANO. O papa usa pano, porque já teve de se curvar aos hipócritas. E a mitra é dourada, não pode ser ouro puro, pelos mesmos motivos explicados acima.
 
"Nem tudo o que reluz é ouro"
O que vimos acima pode ser aplicado às demais riquezas da Igreja: igrejas, altares, imagens, molduras, móveis, paramentos, etc... Não é porque algo é amarelo-brilhante que necessariamente seja ouro. É certo que algumas coisas podem ser banhadas, revestidas com ouro, mas em sua grande maioria, são douradas! E tudo o que é dourado é ouro? O Sol é dourado. As dunas de Jericoaquara são douradas no entardecer. É tudo ouro? Cuidado com a calúnia. E tal são as propriedades do ouro que pouquíssimo ouro do mais vagabundo faz muito revestimento. Tanto é assim que a grande maioria das pessoas tem alguma correntinha, brinco ou anel folheado a ouro. São gramas de ouro. Alguém se considera rico por possuir isso?



Demonstrando a HIPOCRISIA

Faremos, a partir de agora, algumas comparações onde veremos como são hipócritas os acusadores da Igreja e do papado. Vejamos:

O hipócrita se casou? Se não, provavelmente pensa em se casar. Então, usa ou usará uma aliança revestida de ouro (ou prata)? Segundo sua lógica, como tem coragem de usar ouro enquanto as criancinhas morrem de fome? Parece ridículo esse raciocínio, certo? E é ridículo!

Gostaria de saber como esses hipócritas se vestem. Será que usam apenas trapos para lhes cobrir a nudez ou lhes apraz usar alguma coisa de melhor qualidade ou mesmo de marca? E quando vão presentear alguém importante? Oferecem algo de segunda? Escolhem dar de presente uma porcaria? Sabemos que certos ternos, sapatos e roupas de grife poderiam alimentar muitos pobrezinhos. Ou uma caneta Montblanc. Mesmo um Fiat Uno pelado, R$ 26.000 dá para comprar muito pão. O PC ou notebook que o hipócrita usa para compartilhar essas calúnias deve valer uns R$ 1.500,00. Dava para comprar muito pão. Quanto será que cada um destes hipócritas tem na conta corrente. Que sejam R$ 500,00. Dava para comprar muito pão.  O aparelho celular que o hipócrita carrega no bolso (ou na bolsa), por barato e simples que seja daria pra comprar muito pão. Um Shopping Center tem muito mais riqueza dentro que o Vaticano. Será que tais hipócritas ficam indignados ao entrar num Shopping? Provavelmente não. Aparelho de TV, rádio, forno de micro-ondas, etc., será que o hipócrita os tem em casa ou já os vendeu para dar o dinheiro aos pobres? Daria pra comprar muito pão... Faça o que eu digo, não faça o que eu faço, né? Ou também “No dos outros é refresco” não é mesmo? Quanto ítens possuímos e que se não existissem, viveríamos da mesma forma? E no entanto os temos, tanto eu como o hipócrita que condena a Igreja. Por um acaso ele os venderá para dar o dinheiro aos pobres?

Acredito que tenha ficado claro que para ajudarmos o outro, não precisamos andar enrolados em jornais e vivendo embaixo de uma árvore. Se ajudamos, não há pecado em possuirmos bens. E muito mais a Igreja, que não possui "todo esse ouro e mármore" em prol do papa fulano ou do bispo ciclano, mas antes os oferece a Deus por meio de seus templos físicos.

Com relação à Igreja, muitos dirão que São Francisco de Assis agiria diferente, que abominaria paramentos "luxuosos" e castiçais de ouro. Mas São Francisco de Assis seria o primeiro a beijar o anel do pescador.

São Francisco, que adotou a pobreza como regra de vida, jamais a levou para a liturgia e o local de culto a Deus. Em sua rotina pessoal levava vida de extrema pobreza, porém ao contrário da caricatura apresentada em nossos dias, era extremamente consciente da importância da beleza e do cuidado  para com a Santa Missa e a Casa de Deus. Eis aqui trechos de duas cartas enviadas pelo Santo instruindo seus irmãos de congregação:

Consideremos todos nós clérigos o grande pecado e ignorância que alguns manifestam com relação ao santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e seu santíssimo nome (…). Logo, todos aqueles que administram tão sacrossantos mistérios (…) considerem no seu íntimo como são vulgares os cálices, corporais e panos de linho sobre os quais é oferecido em sacrifício o corpo e sangue de Nosso Senhor. (…) “Onde quer que o santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo for conservado de modo inconveniente ou simplesmente deixado em alguma parte, que o tirem dali para colocá-lo e encerrá-lo num lugar ricamente adornado.” - Carta a todos os clérigos

Peço-vos ainda com mais insistência do que se pedisse por mim mesmo, supliqueis humildemente aos clérigos (…) que prestem a mais profunda reverência ao santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo bem como a seus santos nomes e palavras escritos, que tornam presente o seu sagrado corpo. “Os cálices e corporais que usam, os ornamentos do altar, enfim tudo quanto se relaciona ao sacrifício, sejam de execução preciosa. “E se em alguma parte o corpo do Senhor estiver sendo conservado muito pobremente, reponham-no em lugar ricamente adornado e ali o guardem cuidadosamente encerrado segundo as determinações da Igreja, levem-no sempre com grande respeito e ministrem-no com muita discrição.” Carta I – A todos os custódios

Há um autro grande Santo que nos mostra a diferença da humildade e pobreza pessoal para o embelezamento e cuidado com tudo aquilo que é oferecido a Deus. Este grande santo é São João Maria Vianney, o cura D´Arns, padroeiro de todos os sacerdotes. Nasceu numa família pobre, filho de agricultores, e em sua rica história encontramos demonstrações plenas de verdadeira humildade. Eis alguns exemplos: teve dificuldade com o latim e algumas outras disciplinas no seminário, tendo sido humilhado (alguns o chamaram "burro"), tinha apenas uma batina desbotada e cheia de remendos, todos os dias passava horas e horas no confessionário (as vezes chegava a passar 14 horas seguidas), dormia no máximo 4 horas por noite e comia apenas algumas batatas... Foi desse santo homem humilde a seguinte frase:

Uma batina velha fica muito bem debaixo duma linda casula

Muitos outros exemplos poderíamos dar, mas creio que estes são suficientes pois, como vimos, tanto os evangelhos como os santos exemplos de humildade - além da lógica e da coerência - fundamentam e justificam a postura da Igreja Católica.

Agora, observe essa imagem:

Madre Teresa de Calcutá

Esta mulher apoiou o velho naquele trono dourado. Aquele velho no trono dourado apoiou esta mulher. Muito dinheiro saiu das contas daquele trono dourado, assinado por aquela mão erguida com o anel dourado, que terminaram na comida na ponta da colher dessa mulher... e das diversas outras pelo mundo...

E então caros hipócritas, ainda continuarão a acusar a Igreja de não fazer nada pelos pobres? Se tudo o que mostramos não foi suficiente, mostraremos a seguir o que a Igreja Católica - aquela a qual os hipócritas acusam de esbanjar ouro - faz pelos pobres. Vejamos:

O Conselho Pontifício – Cor Unum – (organismo da Santa Sé encarregado de promover e organizar as instituições de caridade e assistência da Igreja) publicou, no ano de 2010, um guia de organismos da Igreja Católica comprometidos com a ação social e a caridade no mundo, entre os quais 1.100 entidades especializadas, principalmente, em casos de catástrofes ou necessidades urgentes, sem distinção de religião ou credo. Note-se que este levantamento não engloba absolutamente todas as ações católicas em prol da caridade no mundo, mas apenas os principais.

Principais organismos de assistência social e caridade que a Igreja Católica mantinha no mundo, segundo apuração feita em 2010:

Ásia:
1.076 hospitais
3.400 dispensários
330 leprosários
1.685 asilos
3.900 orfanatos
2.960 jardins de infância

África:
964 hospitais
5.000 dispensários
260 leprosários
650 asilos
800 orfanatos
2.000 jardins de infância

América:
1.900 hospitais
5.400 dispensários
50 leprosários
3.700 asilos
2.500 orfanatos
4.200 jardins de infância

Oceania:
170 hospitais
180 dispensários
1 leprosario
360 asilos
60 orfanatos
90 jardins de infância

Europa:
1.230 hospitais
2.450 dispensários
4 Leprosários
7.970 asilos
2.370 jardins de infância

Fonte: Conselho Pontifício – Cor Unum


Henrique Sebastião
 
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Vale lembrar que iniciativas menores de instituições ligadas à Igreja Católica, como por exemplo a casa de recuperação para dependentes químicos e a casa de acolhida para crianças e adolescentes existentes na comunidade onde moro não foram contabilizados. Portanto, caro hipócrita, a Igreja Católica (por você acusada de usar ouro enquanto pessoas passam fome) é responsável, direta ou indiretamente, por mais de 50% de todas as instituições e iniciativas de caridade de todo o mundo. Traduzindo: a Igreja Católica ajuda mais necessitados do que todas as instituições de caridade do mundo juntas!

E você? O que faz?

Finalizando, para todos aqueles que compartilham fotos de indignação perante "as riquezas da Igreja", esclareceremos qual é o tesouro da Igreja:

São Lourenço foi um dos 7 primeiros diáconos da Igreja em Roma. Nesceu por volta do ano 225 e derramou seu sangue por Cristo no dia 10 de agosto de 258. Os perseguidores da Igreja pediram-lhe para entregar os tesouros da Igreja; foi para obter um verdadeiro tesouro no céu que ele sofreu tormentos cujo relato não se consegue ouvir sem horror: foi deitado numa grelha sobre as chamas.

No entanto, triunfou de todas as dores físicas pela extraordinária força que extraía da sua caridade e do auxílio daquele que o tornava inquebrável: "Pois nós somos obra sua, criados em Jesus Cristo em vista das boas acções que Deus de antemão preparou para nós as praticarmos" (Ef 2,10).

Eis o que provocou a cólera dos perseguidores: Para que pudesse continuar em liberdade, os perseguidores romanos exigiram de Lourenço que trouxesse os tesouros da Igreja. Lourenço disse: "Tragam-me carroças nas quais possa levar-vos os tesouros da Igreja." Trouxeram-lhe carroças;

Ele encheu-as de pobres e enviou-lhos, dizendo: "Eis os tesouros da Igreja."



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Na continuação deste artigo trataremos da comparação da imagem de Bento XVI e Francisco.

Este artigo foi inspirado em um texto do blog do Frei Clemente Rojão intitulado "Diálogo com Judas" (link). Algumas comparações e trechos também foram inspirados ou transcritos do mesmo artigo.

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