"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Bater palmas durante a Santa Missa? NÃO!

Caros leitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
 
Consultando alguns arquivos "esquecidos" nas muitas pastas que possuo em meu PC, eis que encontro um texto muito interessante e que aborda um tema deveras polêmico: As palmas na Santa Missa.
 
Quando digo "palmas na Santa Missa", não me refiro aos ramos de palmeira, geralmente representados nas imagens sacras dos santos mártires e igualmente presentes na Santa Missa de Ramos. Não! Me refiro ao ato de bater as palmas das mãos de maneira frenética durante a celebração da Santa Missa. Quanto ao uso do termo "polêmico", me refiro ao contexto atual, em que a grande maioria dos católicos entende como "normal" algo que há 60 anos atrás seria inimaginável. Tal prática, em nosso dias, geralmente se dá em diversos momentos, sobretudo para acompanhar algumas músicas com o objetivo de "marcar", "dar ritmo" e mesmo para dar uma "animada" na celebração. Certamente, ao censurar tal prática, muitos se levantarão para defende-la e é por isso que afirmo ser assunto polêmico.
 
Cabe ressaltar que aqui não estamos mencionando as Missas flagrantemente sacrílegas,  tais como as chamadas "missa afro, missa sertaneja, missa balada, etc.". Quanto a essas, não vemos sequer necessidade de comentar, posto que aquele que queira ser verdadeiramente católico e "aprove" tais espécies de celebração, deve URGENTEMENTE rever seu conceito de catolicismo assim como procurar compreender minimamente o que é uma Missa. O texto que aqui irei reproduzir, na verdade, é direcionado aqueles católicos sinceros e bem intencionados, que acreditam não haver mal algum em se bater palmas na Santa Missa.
 
Quando mencionei o fato de que a prática de se bater palmas na Santa Missa seria impensável há 60 anos atrás, me refiro ao fato de que tal prática surgiu após a Reforma Litúrgica do Rito Romano, isto é, apenas na chamada "Missa de Paulo VI" ou simplesmente "Missa Nova", promulgada em 1969. Na chamada Missa Tradicional (Missa Tridentina, Missa de Sempre, Missa de São Pio V, Missa Gregoriana ou Forma Extraordinária do Rito Romano) esse tipo de postura é impensável, como impensável é em qualquer outro Rito Católico (Rito Bizantino, Rito Armênio, Rito Copta, etc.). Essa é, inclusive, uma das controvérsias da reforma litúrgica do Rito Romano: o abandono da teologia católica da Missa e o favorecimento de ideias contrárias ao real significado da Missa. Mas, para nosso pequeno artigo, não nos interessa analisar esse tema (as diferenças entre o Rito Romano pré e pós reforma). Basta que tratemos do problema recorrente na "Missa Nova", que, como sabemos, é a Missa celebrada na maior parte das paróquias de todo o mundo.
 
O texto que encontrei em meu PC, trata de uma proibição da Arquidiocese de Niterói - sob Dom Alano Maria Pena - do ano de 2010, proibindo os fiéis dessa Arquidiocese de bater palmas na Santa Missa. Posteriormente, o Bispo auxiliar Dom Roberto Francisco Ferrería Paz - hoje Bispo de Campos dos Goytacazes - publicou um artigo explicando o porquê dessa proibição. E é esse artigo que abaixo reproduzo. Espero que ele sirva para os católicos realmente sinceros compreenderem  não apenas o porquê de não se bater palmas na Santa Missa mas também qual o real significado da Santa Missa.
 
Viva Cristo Rey!
 
José Santiago Lima


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Por que não se deve bater palmas na Santa Missa?



Primeiramente porque não existe o gesto litúrgico de bater palmas. 

Porque não se adequa a teologia da Missa que conforme a Carta Apostólica Domenica Caena de João Paulo II do 24/02/1980, exige respeito a sacralidade e sacrificialidade do mistério eucarístico:
 
“0 mistério eucarístico disjunto da própria natureza sacrifical e sacramental deixa simplesmente de ser tal”.
 
Superando as visões secularistas que reduzem a eucaristia a uma ceia fraterna ou uma festa profana. Nossa Senhora e São João ao pé da cruz no Calvário, certamente não estavam batendo palmas.
Porque bater palmas é um gesto que dispersa e distrai das finalidades da missa gerando um clima emocional que faz passar a assembléia de povo sacerdotal orante a massa de torcedores, inviabilizando o recolhimento interior. 

Porque o gesto de bater palmas olvida e esquece duas importantes observações do então Cardeal Joseph Ratzinger sobre os desvios da Liturgia :
 
“A liturgia não é um show, um espetáculo que necessite de diretores geniais e de atores de talento. A liturgia não vive de surpresas simpáticas, de invenções cativantes, mas de repetições solenes. Não deve exprimir a atualidade e o seu efêmero, mas o mistério do Sagrado. Muitos pensaram e disseram que a Liturgia deve ser feita por toda comunidade para ser realmente sua. É um modo de ver que levou a avaliar o seu sucesso em termos de eficácia espetacular, de entretenimento. Desse modo, porém, terminou por dispersar o propium litúrgico que não deriva daquilo que nós fazemos, mas, do fato que acontece. Algo que nós todos juntos não podemos, de modo algum, fazer. Na liturgia age uma força, um poder que nem mesmo a Igreja inteira pode atribuir-se: o que nela se manifesta é o absolutamente Outro que, através da comunidade chega até nós. Isto é, surgiu a impressão de que só haveria uma participação ativa onde houvesse uma atividade externa verificável : discursos, palavras, cantos, homilias, leituras, apertos de mão .... Mas ficou no esquecimento que o Concílio inclui na actuosa participatio também o silêncio, que permite uma participação realmente profunda, pessoal, possibilitando a escuta interior da Palavra do Senhor. Ora desse silêncio , em certos ritos, não sobrou nenhum vestígio".

Finalmente porque sendo a Liturgia um Bem de todos, temos o direito a encontrarmos a Deus nela, o direito a uma celebração harmoniosa, equilibrada e sóbria que nos revele a beleza eterna do Deus Santo, superando tentativas de reduzi-Ia a banalidade e a mediocridade de eventos de auditório.


+ Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo Auxiliar de Niterói
 
 
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 (Os destaques são nossos)


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