"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

domingo, 7 de abril de 2013

O resgate da liturgia solene

A importância da Liturgia na Nova Evangelização

Comunhão de joelhos e na boca: um costume que Bento XVI estimulou, mas que muitos padres e bispos ainda desprezam

"Lex orandi, lex credendi"... "a lei da oração é a lei da fé", portanto "você ora conforme você crê". O Santo Padre Bento XVI vinha implementando a chamada "reforma da reforma" que, grosso modo, significa trazer de volta à Liturgia latina o esplendor e a sacralidade que dela retiraram nas últimas cinco décadas.
 
Bento XVI agora é emérito, foi eleito o Cardeal Bergóglio - hoje Papa Francisco - e muitos enfatizam a necessidade do novo Papa resolver os "problemas" da Igreja assim como promover uma nova evangelização. Mas o que seria essa nova evangelização? Alguns dizem que a nova evangelização seria "aproximar a Igreja ao mundo", mesmo que para isso seja necessário mudar a Fé da Igreja, seus dogmas, doutrina e moral para que assim fique "mais fácil ao mundo aceita-la".
 
Nós, com Bento XVI, acreditamos no resgate da liturgia solene como elemento indispensável para essa nova evangelização. Muitos nos perguntarão: "e o que tem a ver a liturgia com a nova evangelização? Nós respondemos: TUDO! "Lex orandi, lex credendi"... "a lei da oração é a lei da fé", portanto "você ora conforme você crê". A preocupação com a liturgia, com sua solenidade, com o esplendor que se deve dar ao culto eucarístico apenas exterioriza a Fé que se tem em tais elementos do catolicismo. Como posso ter a certeza de que a Santa Missa é o ápice do culto a Deus e a Eucaristia é verdadeiramente o Corpo de N. S. Jesus Cristo e ficar indiferente à forma como nos portamos diante de tão importantes mistérios? Diante da dignidade de tais elementos preciosíssimos de nossa Fé (Santa Missa e Santíssimo Sacramento da Eucaristia), como não celebrá-los solenemente, demonstrando máximo respeito e oferecendo-lhes o melhor que conseguirmos produzir? 
 
Ao que parece, a liturgia não será o ponto forte do pontificado do Papa Francisco. Peçamos a Deus que o Santo Padre ao menos permita que a restauração litúrgica iniciada por seu predecessor continue avançando para o bem da Santa Igreja e da nova evangelização.

Abaixo reproduzimos a entrevista publicada na Gazeta do Povo que trata do resgate da liturgia solene.
 
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Father Z
Padre John Zuhlsdorf
Entrevista com o Padre John Zuhlsdorf
 
Por Marcio Antonio Campos
 
Para restaurar a sacralidade da missa, desfigurada por invenções locais alheias ao senso litúrgico da Igreja, Bento XVI resolveu, em 2007, liberar a celebração da missa tridentina, que era a norma na Igreja até 1969. Essa é a avaliação de um dos principais blogueiros de liturgia do mundo, o padre americano John Zuhlsdorf. Ele discorda da avaliação de muitos especialistas, para os quais a liberação da missa tridentina seria meramente um gesto de boa vontade para buscar o fim do cisma dos tradicionalistas da Sociedade São Pio X. Zuhlsdorf, que mantém o blog What does the prayer really say? (www.wdtprs.com), concedeu entrevista por e-mail à Gazeta do Povo.
Qual o papel da liturgia para Bento XVI?
 
O culto a Deus pela liturgia sempre foi central em seu pensamento. Ele escreveu muito sobre o tema.
 
Ratzinger liga a crise da Igreja à crise da liturgia. Como elas se relacionam?

Deus está no topo da hierarquia dos nossos afetos. Se nossa relação com Deus está distorcida, defeituosa ou inadequada, todos os nossos relacionamentos serão distorcidos, defeituosos ou inadequados. Se nosso culto a Deus não é adequado ou agradável a Ele, enfraquecemos todos os outros aspectos de nossa vida. Nenhuma esfera da vida da Igreja pode estar bem se o culto litúrgico da Igreja não estiver saudável. Isso significa que precisamos rezar e adorar a Deus, como Igreja, da maneira como a própria Igreja determina que devemos fazê-lo. E precisamos manter uma continuidade com a forma como a Igreja sempre rezou. Essa continuidade é quebrada quando decidimos fazer as coisas de acordo com nossos próprios critérios, alterando incorretamente o modo de adorar e rezar. Assim fazemos mal a nós e a todos, porque estamos nisso juntos.
 
Quais as principais contribuições de Bento XVI para a liturgia?

Sua principal contribuição para o Novus Ordo (a missa celebrada atualmente) é, acima de tudo, a permissão para a celebração da missa tridentina na forma antiga, com o “motu proprio” Summorum pontificum. Parece paradoxal, mas não é. A celebração da forma mais tradicional lado a lado com o Novus Ordo cria uma atração gravitacional sobre como a forma nova é celebrada, no sentido de haver maior solenidade. O uso da missa tradicional, que está crescendo, ajudará a “curar” o culto e direcioná-lo para a continuidade com a herança católica e com o modo como a Igreja quer que celebremos.
 
A missa tridentina ganhou força com Bento XVI, mas ainda está disponível para uma minoria bem restrita. Ela permanecerá assim?
 
Pequenas minorias podem fazer coisas grandiosas. Além disso, o número de pessoas que frequentam a missa tradicional cresce lentamente, mas de forma consistente. Pelo menos nos Estados Uni­­dos, jovens padres e seminaristas vêm se interessando pela missa tridentina. À medida que eles vão assumindo paróquias, veremos um aumento no interesse por parte dos fiéis também.

O Papa Bento XVI - hoje emérito - e Mons. Guido Marini (à direita): resgate de elementos litúrgicos tradicionais e repletos de significado
 
Bento XVI também usou as missas papais para mandar mensagens sobre a maneira como ele quer ver a missa ser celebrada…
 
Sim, é importante a ação humilde, mas clara, do papa. Ele ensina pelo exemplo e pelo convite, em vez da imposição. Ele vem tentando trazer a Igreja de volta ao culto ad orientem (voltado para o oriente), e por isso pede que os altares tenham o crucifixo no centro, mesmo quando o padre está de frente para os fiéis. É um arranjo provisório na direção de colocar padre e fiéis juntos, voltados para a mesma direção, para o crucifixo, para o “oriente litúrgico”. Esta é a melhor forma de expressar nossa esperança e anseio pelo Senhor. O papa também vem promovendo a comunhão de joelhos e diretamente na boca, que é a forma adequada de nos aproximarmos do Senhor Eucarístico. Esses são os exemplos mais importantes.
 
Qual o papel do monsenhor Guido Marini, mestre de cerimônias pontifícias, nesse processo?
 
O monsenhor Marini entende muito bem a visão que o Santo Padre tem do culto litúrgico, e trabalhou para implementá-la. Ele tem feito um ótimo trabalho e espero que o próximo papa o mantenha no cargo.
 
Por que demora tanto para as mudanças e sugestões do papa serem aceitas nas dioceses e paróquias?
 
Porque é muito mais fácil demolir um prédio que construí-lo. Mas a geração dos que foram animados pelo chamado “espírito do Vaticano II”, oposto aos seus documentos, está passando. Uma nova geração está assumindo posições de liderança e não tem a bagagem desse entendimento torto do Concílio, o que Bento XVI chamou de “hermenêutica da ruptura”. A nova geração quer a continuidade e está bem aberta ao que o papa vem fazendo.

Um comentário:

  1. Olá Tiago, tudo bem?
    Passando para lhe agradecer, gosto muito desse seu blog. Muito bom mesmo. Sempre que possível recomendo ele aos amigos. Um grande abraço, tudo de bom e continue firme na caminhada.

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