"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O ESPLENDOR da Liturgia Católica contra o PAUPERRISMO Litúrgico

Em dois mil anos de história da Igreja, sobretudo até o Concílio Vaticano II, o culto a Deus - cujo ápice se encontra na celebração do Santo Sacrifício da Missa - passou por um processo de "evolução" ou aperfeiçoamento, onde gestos e ritos foram introduzidos de modo a expressar de maneira mais perfeita o mistério que ali se realiza.

Além da postura, dos gestos e ritos, também a disposição do Templo e de seus ornamentos assim como os paramentos utilizados durante a Liturgia foram, com o tempo, sendo incrementados para atingir esse objetivo.

E o que percebemos com isso? Os diversos ritos católicos foram todos se desenvolvendo na mesma direção: a de um culto, de certa forma  misterioso e ao mesmo tempo esplendoroso, caracterizado por elementos - visuais ou não - semelhantes e que retratam bem a grandiosidade de tal ação. Antes de mais nada, explicaremos de forma BEM RESUMIDA o que significa isso de "ritos católicos".

Ao contrário do que a grande maioria acredita, a Igreja Católica possui diferentes formas de ritos, isto é, de maneiras de celebrar o Santo Sacrifício da Missa (e alguns outros sacramentos). A existência desses diferentes ritos se deve ao fato de a Igreja ter se desenvolvido em diferentes partes do mundo,  graças principalmente a alguns dos Apóstolos - e de seus sucessores - que ali se estabeleceram. Sendo assim, os diferentes ritos católicos geralmente possuem seus fundamentos nos próprios Apóstolos ou em seus sucessores mais próximos, e consequentemente foram se desenvolvendo de forma orgânica no decorrer dos séculos. Em outras palavras, não foram inventados "do nada", houve uma trajetória contínua desde os Apóstolos até nossos dias.

O rito a que estamos habituados e que é encontrado na maior parte do mundo é o chamado Rito Romano. Isso se deve ao fato de ser o Rito da Igreja de Roma, por ser a sede da Igreja Universal (me refiro à Igreja Católica e não à seita do "Macedão") e por ter sido de lá que partiram quase todas as missões que levaram o Cristianismo para todos cantos da orbe terrestre.
 
A origem do Rito Romano está nos próprios Santos Apóstolos Pedro - o primeiro Papa - e Paulo. Ainda nos primeiros séculos esse rito foi assimilando certas práticas e orações e assim adquirindo muito de sua estrutura, até ser codificado por primeira vez pelo Papa São Gregório Magno no século VI, de onde recebeu o título de Missa Gregoriana. Nos séculos seguintes muitas outras adaptações foram surgindo dependendo da região, povoado ou diocese em que se celebrava o Rito Romano. Acréscimos, supressões e modificações fizeram com que o Papa São Pio V sentisse a necessidade de codifica-lo novamente, unificando a Missa de toda a Igreja ocidental. Isso se deu no período em que ocorreu o Concílio de Trento (por volta de 1550), de onde lhes veem os títulos de Missa Tridentina ou Missa de São Pio V. Desde então, o Rito Romano permaneceu praticamente intacto, inclusive com a publicação do Missal do Papa João XXIII em 1962.

Sabemos que após o Concílio Vaticano II, com o Papa Paulo VI veio a chamada reforma litúrgica, que deu um novo Rito Romano e uma Nova Missa para a Igreja Latina. No entanto, por ora preferimos não nos referir ao Novo Rito Romano (Novus Ordo Missae) como o Rito Romano em si, mas sim utilizaremos o Rito Romano Tradicional, atualmente conhecido como "Missa de Sempre", "Missa Tridentina" ou "Missa em latim" (dentro outros títulos)...

Os demais Ritos Católicos, embora diferentes, possuem, além de um mesmo núcleo, diversas outra características semelhantes. Seguem abaixo algumas imagens de celebrações do Santo Sacrifício da Missa em alguns dos diversos Ritos Católicos:


Rito Romano Tradicional - Igreja Católica Romana - Latina/Ocidental



Pontifical Solene - Rito Romano Tradicional - Igreja Católica Romana - Latina/Ocidental



Rito Bizantino - Igreja Católica Greco Melquita - Oriental



Pontifical Solene - Rito Bizantino - Igreja Católica Greco Melquita - Oriental




Rito Bizantino - Igreja Ucraíno Católica - Oriental




Rito Armênio - Igreja Armênia Católica - Oriental



Pontifical Solene - Rito Armênio - Igreja Armênia Católica - Oriental



Rito Maronita - Igreja Católica Maronita - Oriental
 
 
Pontifical Solene - Rito Maronita - Igreja Católica Maronita - Oriental
 
 


Rito Sírio Malabar - Igreja Católica Sírio Malabar - Oriental



Pontifical Solene - Rito Sírio Malabar - Igreja Católica Sírio Malabar - Oriental



Rito Antioqueno - Igreja Católica Caldeana - Oriental



Pontifical Solene - Rito Antioqueno - Igreja Católica Caldeana - Oriental



Rito Copta - Igreja Copta Católica - Oriental



Pontifical Solene - Rito Copta - Igreja Copta Católica - Oriental



Rito Sírio Malankar - Igreja Católica Sírio Malankar - Oriental

Pontifical Solene - Rito Sírio Malankar - Igreja Católica Sírio Malankar - Oriental



Antes de prosseguirmos, vale lembrar que as Igrejas acima citadas são TODAS católicas assim como seus respectivos Ritos. Em outras palavras, embora tenhamos mencionado apenas as duas primeiras imagens como pertencentes à Igreja Católica Romana, todas as demais fazem parte da mesma Igreja Una Santa Católica Apostólica Romana no sentido de estar em comunhão com a Igreja de Roma, mãe de todas as Igrejas. Por outro lado, todas levam um nome específico (Melquita, Copta, Malankar, etc) para exprimir o Rito, a história e a Tradição que as caracteriza. Tendo isso claramente entendido, podemos continuar.

Embora pudéssemos comentar as diferenças entre os ritos e suas expressões, não o faremos por não ser este o objetivo do presente artigo (para isso, pensamos publicar um outro artigo para apresentar aos leitores as Igrejas Católicas que, sob a Igreja de Roma e em comunhão com Ela, formam a Igreja Católica). Agora, queremos simplesmente relacionar as semelhanças perceptíveis nas imagens apresentadas acima. Vemos o Santo Sacrifício da Missa ser oferecido Versus Deum, isto é, de frente para Deus (e de costas para o povo), vemos claramente a  noção de respeito e sacralidade que transparece nas imagens, vemos a beleza dos paramentos e demais objetos empregados na ação litúrgica, e poderíamos citar outras tantas semelhanças... Mas queremos nos fixar especificamente em um único ponto:
 
O ESPLENDOR da Liturgia Católica em seus diversos Ritos, esplendor esse que é comum a todos eles.
 
Usamos isso para confrontar a tendência que se espalhou na Igreja Latina - sobretudo após o Concílio Vaticano II e a reforma litúrgica que se deu em seguida - de empobrecer a Liturgia em todos os seus aspectos. Não pretendemos entrar no mérito da reforma em si, mas apenas nas consequências que a ela se seguiram.
 
É inegável que essa tendência se espalhou como uma verdadeira epidemia por todas as partes do mundo, varrendo de uma hora para outra tudo aquilo que sempre fora considerado intocável. Como consequência, sobreveio toda sorte sacrilégios, inovações e irreverências até então impensáveis mesmo aos católicos mais alheios à Igreja e suas cerimônias.

Como isso se deu na Igreja Ocidental, isto é, de Rito Romano, os demais Ritos Católicos não foram tão prejudicados, ainda que em alguns tal revolução litúrgica lhes tenha causado alguma influência. Mas é inegável que tal evento se deu, principalmente, por ter o católico ocidental - de forma geral - perdido a noção do que realmente significa a Missa assim como para quem ela é oferecida.

O homem foi colocado no lugar de Deus e, consequentemente, a Missa foi sendo cada vez mais "incrementada" de modo a satisfazer as necessidades, desejos e caprichos deste mesmo homem. Como consequência vimos nascer nas últimas décadas "missas temáticas", conforme o gosto do "freguês": "missa afro", "missa do jovem", "missa balada", etc...

"Missa Afro"

Mas a tendência que mais se proliferou na Igreja do ocidente, repetimos, foi o empobrecimento da Liturgia e de tudo a ela relacionada (inclusive do papel do sacerdote). Desnudaram os belíssimos templos, construíram outros tantos verdadeiramente vazios, desprovidos de beleza, banalizaram ou suprimiram os gestos, a postura, a reverência, simplificaram ou mesmo baniram os paramentos, enfim, retiraram toda a pompa e o esplendor da Liturgia. Dois mil anos de Tradição Litúrgica sendo jogados ao vento.

Muitos usaram como desculpa para tamanha barbaridade a "preocupação com os mais humildes", para que "os mais simples não se sentissem incomodados com tamanho esplendor" enquanto que fora do templo mal tinham o que vestir. Grande tolice! Tremendo equívoco! Os dois mil anos de história da Igreja mostram justamente o contrário! Os demais Ritos Católicos igualmente testemunham a importância e verdadeira utilidade dos sinais externos na Divina Liturgia! É uma grande mentira dizer que "o pobre se sentiria ofendido ou constrangido dentro de uma belíssima Igreja ricamente adornada, durante a celebração de uma  cerimônia cheia de pompa e esplendor por um sacerdote vestido em magníficos paramentos e postura imponente". Tamanha tolice serve apenas para rebaixar ainda mais a condição do pobre que, muitas vezes vivendo em situação degradante tem apenas a Igreja como única oportunidade de contato com as coisas belas e elevadas. De certa forma, também ele sente-se dono ou partícipe daquilo, uma vez que sendo católico sabe estar nessa que também é sua casa.


O pauperismo litúrgico (que em nada tem a ver com falta de R$) além de produzir uma
evidente dessacralização do Rito, também ocasiona uma perda de identidade sacerdotal, uma laicização
do clero e uma clericalização do leigo

Certa vez, disse Joãozinho Trinta: "Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo". Nota-se que mesmo o falecido carnavalesco percebeu ser um erro atribuir ao pobre aquilo que é próprio de intelectuais e suas teorias. Ninguém por ter uma condição social ou financeira inferior estará plenamente satisfeito por lhe oferecerem migalhas. Ora, é natural do ser humano buscar justamente aquilo que é melhor. Quem em plena consciência iria optar por algo ruim sabendo poder ter acesso a algo melhor?
 
Se isso é claro até mesmo para alguém proveniente de um ambiente mundano como o carnaval, como pode ser concebido tal equívoco por homens da Igreja?
 
Alguns defensores do "pauperismo litúrgico" tentariam usar os santos como  respaldo para suas teorias de se questionar a licitude do esplendor e da pompa na celebração dos Santos Mistérios... "O que pensaria um São Francisco de Assis diante dessa pompa toda?" questionariam alguns. Muitos diriam que São Francisco de Assis agiria diferente, que abominaria paramentos "luxuosos" e castiçais de ouro. Pois bem, vejamos o que pensava o "pobrezinho de Assis", exemplo máximo de pobreza e humildade cristã. Eis aqui trechos de duas cartas enviadas pelo Santo instruindo seus irmãos de congregação:

Consideremos todos nós clérigos o grande pecado e ignorância que alguns manifestam com relação ao santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e seu santíssimo nome (…). Logo, todos aqueles que administram tão sacrossantos mistérios (…) considerem no seu íntimo como são vulgares os cálices, corporais e panos de linho sobre os quais é oferecido em sacrifício o corpo e sangue de Nosso Senhor. (…) “Onde quer que o santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo for conservado de modo inconveniente ou simplesmente deixado em alguma parte, que o tirem dali para colocá-lo e encerrá-lo num lugar ricamente adornado.” - Carta a todos os clérigos

Peço-vos ainda com mais insistência do que se pedisse por mim mesmo, supliqueis humildemente aos clérigos (…) que prestem a mais profunda reverência ao santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo bem como a seus santos nomes e palavras escritos, que tornam presente o seu sagrado corpo. “Os cálices e corporais que usam, os ornamentos do altar, enfim tudo quanto se relaciona ao sacrifício, sejam de execução preciosa. “E se em alguma parte o corpo do Senhor estiver sendo conservado muito pobremente, reponham-no em lugar ricamente adornado e ali o guardem cuidadosamente encerrado segundo as determinações da Igreja, levem-no sempre com grande respeito e ministrem-no com muita discrição.” Carta I – A todos os custódios

Há um autro grande Santo que nos mostra a diferença da humildade e pobreza pessoal para o embelezamento e cuidado com tudo aquilo que é oferecido a Deus. Este grande santo é São João Maria Vianney, o cura D´Arns, padroeiro de todos os sacerdotes. Nasceu numa família pobre, filho de agricultores, e em sua rica história encontramos demonstrações plenas de verdadeira humildade. Eis alguns exemplos: teve dificuldade com o latim e algumas outras disciplinas no seminário, tendo sido humilhado (alguns o chamaram "burro"), tinha apenas uma batina desbotada e cheia de remendos, todos os dias passava horas e horas no confessionário (as vezes chegava a passar 14 horas seguidas), dormia no máximo 4 horas por noite e comia apenas algumas batatas... Foi desse santo homem humilde a seguinte frase:

Uma batina velha fica muito bem debaixo duma linda casula
 
Como se pode ver, tanto os exemplos de santos os mais humildes como os acima citados, como a Tradição Litúrgica da Santa Igreja em seus diferentes Ritos mostram a incompatibilidade do moderno "pauperismo litúrgico" com a celebração dos Divinos Mistérios.
 
Como vimos, a pompa e o esplendor da liturgia católica estão mais do que justificados, simplesmente por um motivo, que, por si só, já deve ser suficiente:
 
O templo, seus ornamentos, os objetos sagrados, os paramentos do sacerdotes e - sobretudo - o Santo Sacrifício da Missa é oferecido para DEUS!
 
¡Viva Cristo Rey!
José Santiago Lima
 
 
Abaixo, um vídeo edificante: Trata-se de um vídeo de 9 minutos do Instituto Cristo Rei e Sumo Sacerdote (ICRSS), onde podemos ver trechos da Santa Missa assim como ordenações (diaconal e sacerdotal) de membros desse Instituto pelas mãos do Cardeal Raymond Leo Burke. É notável o esplendor, sacralidade, respeito e beleza das cerimônias do Tradicional Rito Romano.
Para assisti-lo, basta clicar no link embaixo da foto.
 
 

 

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