"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mas afinal, O QUE É A MISSA?

Caros leitores, ¡Que viva Cristo Rey!

Dando continuidade ao tema abordado no artigo anterior (abusos litúrgicos), trago para apreciação de todos o excelente artigo do Padre Marcelo Tenório que fala sobre "O QUE É A MISSA".

Confesso que dentre as diversas descobertas que fiz acerca da Fé Católica, Fé essa que acreditava conhecer, uma das que mais me surpreenderam foi descobrir qual a natureza da Santa Missa. Pude compreender o quão deturpada era a idéia que eu tinha - e que talvez a maioria dos católicos tenha - do que seja a Santa Missa.

Vivemos em tempos de verdadeiras disputas por clientes/fiéis empreendidas por diversas religiões, sobretudo pelas autodenominadas "evangélicas". É culto disso, culto daquilo, "campanha do enriquecimento", "culto da vitória financeira", "culto da cura das 1000 enfermidades", etc. Vale tudo para atrair os espiritualmente menos preparados ou aqueles ávidos por satisfazer seus desejos e aspirações.

Além dos cultos adaptados para atender às necessidades materiais, físicas e emocionais, surgiram também os adaptados às necessidades de grupos específicos. Exemplo disso são as "igrejas" e cultos dos jovens, do surf, do reggae, da balada, rock golpel, samba gospel, funk de "cristo", etc.

Nesse contexto nos encontramos nós, os católicos e, influenciados por esse tipo de comportamento, acabamos acreditando também ser possível aplicar essa noção ao catolicismo e então pensamos:

"vamos atrair o jovem, o funkeiro, o umbandista, o sertanejo, enfim, vamos tornar as celebrações mais alegres e atraentes... se há culto dos jovens, balada de "jesus", rock católico, etc... por que não também na missa?"

E pela noção errônea que temos do que seja a Santa Missa acabamos trazendo também esse erro para o que deveria ser o momento máximo do respeito e da solenidade e é justamente deste grave erro que surgem aberrações tais como "missa afro", "missa do jovem", danças, luzes e algazarras em meio ao Culto Divino.

O artigo abaixo mostra aquilo que muitos provavelmente desconheçam. Certamente alguns ficarão surpresos ou mesmo chocados com a dureza da Verdade ao apresentar o real significado da Santa Missa em confronto com tudo aquilo que mantinham de opinião e concepção própria sobre a Mesma.

Mas desde já posso adiantar que, assim como aconteceu comigo, o conhecimento do verdadeiro significado da Santa Missa, num primeiro momento impactante, trará para os corações daqueles que buscam a verdade o verdadeiro amor a este santo e augusto Sacrifício, assim como ao Santo Mistério que nele se realiza: O Santíssimo Sacramento que é o Próprio Cristo!

LEIAM ATENTAMENTE!!

(Os destaques são nossos)
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Homilia da Missa do 6º Domingo Após Pentecostes

Pe. Marcelo Tenório

Na Epístola de São Paulo aos Romanos fala-se que o centro teológico é justamente a vida nova em Cristo pelo Batismo. Participamos da morte de Cristo através das águas sagradas do nosso Batismo. E dizem as Santas Escrituras que “se com Ele morremos, com Ele iremos ressuscitar”. Participamos da Sua Paixão, somos mergulhados e lavados no Seu sangue.

No Livro do Apocalipse, quando São João vê aquela grande multidão de branco e indaga: “Quem são estes diante do trono do Cordeiro?”, vem a resposta: “Estes são aqueles que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes no Sangue do Cordeiro.” Lavamos as nossas vestes, podres pelo pecado original, já na pia de nosso Batismo, no Sangue do Senhor, na Sua redenção. Por isso, nos tornamos homens novos; o homem velho morre, é deixado de lado. Ora, se nos tornamos novos, devemos viver vida nova. E, noutra passagem, encontramos: “Vós estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” E é verdade. Morremos no Batismo: morremos para o mundo, morremos para o pecado. O pecado não pode ter em nós a última palavra. Não vivemos para ele; não pertencemos a ele; morremos para ele e nascemos para Deus.

A nossa grande luta enquanto aqui estivermos é justamente correspondermos à graça de Deus. São Paulo, reconhecendo suas falhas, reconhecendo seus limites, suas fraquezas, pede a Deus três vezes para que retire o espinho de sua carne, e Deus lhe responde: “Basta-te a Minha graça.” O que basta para nós é a graça de Deus no Sacramento do Batismo, e em nenhum momento, e por nada, devemos nos afastar desta vida nova, desta graça santificante.

(Nele vemos) Jesus que tem compaixão, que se compadece; o texto original fala que “as Suas entranhas se contorceram”, “compadeceram-se”, “as entranhas se compadecem”. Deus que se compadece da fome do Seu povo – que não era aquela fome material – multiplica os pães não tendo em vista o bem material, mas para alertá-los, ensiná-los ou atraí-los para algo mais importante. Depois, quando a multidão se volta para Ele, vai lhe dizer:Vocês vieram aqui não pela Minha palavra, mas porque comeram e ficaram saciados. Trabalhai, buscai o Pão que, se vocês comerem dele, terão a vida eterna; Minha carne trará vida ao mundo.

Em todo o Capítulo 6 do Evangelho de São João, Nosso Senhor nos dá a belíssima catequese sobre a Santíssima Eucaristia. Então, o Batismo está ligado perfeitamente à Santíssima Eucaristia. Os pães que servem aqui para alimentar a vida material do povo, saciar sua fome, é a prefiguração do Pão do Céu:Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.Os sete cestos que sobraram significam a perfeição deste alimento.Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram; mas aquele que comer deste pão viverá eternamente, porque o pão que darei é a Minha carne para a vida do mundo.

E aí está a Missa. O que é a Missa? A Missa é a renovação do mistério da cruz. E o que aconteceu na cruz, o que aconteceu no Calvário? Morte, paixão [=sofrimento, n.d.r.], dor... E, se participamos desta morte, também participaremos da Sua ressurreição.

Padre Pio dizia:A Missa é uma eterna agonia, e a minha responsabilidade é única no mundo.A Missa é isto: uma eterna agonia. É o sofrimento de Deus que se humilhou por nós e que foi elevado na cruz, no martírio, na ignomínia, pois a cruz era sinal de maldição para os romanos.

A Missa não é um palco para apresentações, onde há“fãs e ídolos”. Isso não é Missa! A Missa é o Calvário; nela não há palcos, há o altar da cruz. A Igreja não vive de fãs, a Igreja vive de fiéis, fiéis que esperam aos pés do Calvário o sangue redentor que se renova neste mistério da Paixão e do sacrifício da cruz. Aqui não há ídolos, aqui não há fãs, aqui não há animação!

O grande sinal de que não se entende a Missa é a busca por Missas“animadas”. “Missas animadas” não existem, porque não existe um Calvário animado! Você ficaria tão animado assim na morte do seu pai, ou do seu irmão de forma tão trágica? Você pularia de alegria? Você dançaria rodopiando ao redor do caixão? Não existe Missa animada, porque a Missa é o sacrifício da cruz: Cristo que padece, Cristo que sofre, Cristo que está só, Cristo que morre para a salvação da humanidade inteira.

“Mas Ele ressuscitou!”, dizem. Sim! Ressuscitou... Mas o que se espera de Deus, que é a vida? Que esteja vivo! A Teologia Católica não se fundamenta na Ressurreição. São os protestantes que nela se fundamentam e por isso suas cantigas cantaroladas falam muito de que Cristo está vivo, de que Cristo vive... Mas a Teologia Católica é da cruz. Diz São Paulo: Eu vos prego Cristo, Cristo crucificado.Por quê? Porque o grande mistério não é o de Deus vivo. É óbvio que se esperaria isso Deus! O grande mistério, na verdade, é um Deus que é vivo, que é a própria vida, que é essencialmente vida, que não pode morrer e que não pode sofrer, mas que sofreu verdadeiramente e morreu por nós, assumindo as nossas dores, assumindo a nossa humanidade. Este é o grande mistério! E é este mistério que renovamos na Missa, onde é dada para nós a Eucaristia: o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Eucaristia que permanece para nossa adoração escondida no silêncio do sacrário.

Então, isto é a Missa... A Missa nada mais é do que o sacrifício da cruz. Por isso não nos cabe dizer: “Vou àquela Missa porque gosto disso”, ou “Gosto de Missa assim e assado...”. Ora, a Missa não é para ti! A Missa é o culto supremo que a Igreja, por mandato de Jesus, presta a Deus. A Missa não é para ti, nem para os outros; a Missa é para Deus. E nesta Missa, o que acontece? Nesta Missa, Cristo Se oferece ao Pai destruído, partido, por nós homens, e pela nossa salvação. Isto é Missa.

Logo, não existe Missa animada ou Missa alegre, assim como não deve existir um velório alegre. Existe, sim, uma alegria cristã profunda. Podemos afirmar que Nossa Senhora estava no Calvário profundamente alegre, por quê? Porque Ela sabia que ali acontecia a redenção da humanidade. Mas a alegria dEla não era eufórica. Há uma alegria extrema, interior, profunda, que se sente mesmo na dor. O resto é periférico; são euforias passageiras; sentimentalismos etéreos que mais atrapalham do que ajudam a compreender o que realmente é a Missa. E como devemos estar na cruz? Como os outros estavam, diz Padre Pio: 

Como estava a Virgem Maria, como estava São João, como estavam os Apóstolos, como estavam as Santas mulheres”: aos pés da cruz olhando para o Crucificado. Ele mesmo falou: “Quando Eu for elevado, atrairei todos a Mim.” Isto é a Missa, nada mais que isto.

FONTE

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