No último domingo, 04 de setembro de 2016, foi
canonizada Madre Teresa de Calcutá. Por conta da importância de tal
evento, a santa fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade teve sua
história reproduzida e recontada por diversos meios de comunicação.
Ao contrário do que se esperaria, o blog Morro
por Cristo neste post não irá tratar da canonização de Madre Teresa ou
mesmo de sua história, mas sim de um acontecimento pouco divulgado em
nossa mídia ocidental, envolvendo algumas das filhas espirituais de Madre
Teresa: O martírio de 4 Irmãs Missionárias da Caridade ocorrido no Iêmen, em 04
de março de 2016.
Primeiro, vejamos a notícia tal qual foi publicada
- na data do martírio - no site da Rádio Vaticana:
"Igreja \ Igreja no
mundo
Iêmen: 4
missionárias de Madre Teresa mortas em ataque terrorista
Áden (RV) – Extremistas armados do autoproclamado
Estado Islâmico teriam atacado o convento da Congregação fundada por Madre
Teresa de Calcutá na cidade de Áden, no sul do Iêmen, na manhã desta
sexta-feira (4). Quatro irmãs Missionárias da Caridade e outros 10
colaboradores locais da comunidade foram mortos.
Duas das missionárias mortas eram de Ruanda, outra
da Índia e a quarta do Quênia. A superiora do convento conseguiu escapar com
vida, como também todos os idosos e deficientes que eram hospedados e atendidos
na comunidade.
No entanto, os extremistas teriam sequestrado o
Padre Tom Uzhunnalil, sacerdote salesiano indiano que vivia na estrutura e que,
durante o ataque, estaria rezando na capela. Padre Tom estava no convento desde
que sua igreja da Sagrada Família em Áden foi roubada e queimada por homens
armados não-identificados no mês de setembro.
Para o vigário apostólico da Árabia Meridional, Dom
Paul Hinder, que foi quem deu a notícia, o “sinal é claro: se trata de
alguma coisa ligada com a religião”. “A gente sabia que a situação estava
difícil e que as irmãs, que no passado foram objeto de ataques mirados, corriam
um certo risco”, comentou o vigário.
Todavia, acrescentou Dom Paul, “elas tinham
decidido de ficar independente de qualquer coisa que acontecesse, porque faz
parte da espiritualidade delas. De resto, estava claro que ‘a região não estava
segura’”, finalizou o vigário.
(AC)"
Traduzimos
abaixo o relato da Irmã Sally, superiora do convento de Aden e única
sobrevivente do massacre perpetrado por integrantes do "Estado
Islâmico".
Assim foi o martírio das Missionárias da Caridade
assassinadas no Iêmen
No último dia 4 de março, um grupo
de "jihadistas" invadiram o asilo de Aden, no
Iêmen, mantido pelas Irmãs Missionárias da Caridade. A sangue
frio, assassinaram a quatro das religiosas responsáveis por
atender aos idosos e incapazes e a outras doze pessoas que
trabalhavam com elas, juntamente com alguns dos residentes que tentaram
impedir o massacre.
Apenas uma das religiosas presentes no
lugar sobreviveu: Irmã Sally, a superiora do convento de Aden.
Ela conseguiu escapar da morte escondendo-se numa câmara
frigorífica enquanto os assassinos de suas irmãs em vão tentavam
encontra-la. Após o massacre, a religiosa foi enviada para fora
do país e pôde contar o quê aconteceu naquele 4 de março em que
16 pessoas perderam a vida por causa do ódio religioso.
Dom Edward Rice, Bispo auxiliar da Arquidiocese
estadounidense de Saint Louis, leu durante seu sermão na Missa pelas
Missionárias da Caridade assassinadas, a narração de Irmã Río, uma
religiosa da Congregação para quem Irmã Sally relatou
os acontecimentos desse dia em que o martírio chegou ao
convento das Missionárias da Caridade. Por sua vez, Irmã Río
comunicou por fax à Irmã Adriana o estarrecedor relato da única
religiosa sobrevivente do massacre do Iêmen, fax ao qual teve
acesso o site National Catholic Register e que foi
difundido entre várias comunidades religiosas nos Estados Unidos.
Graças a este relato atribuído
originalmente à Irmã Sally, pode-se conhecer como foi o
martírio dessas religiosas, que já haviam sido advertidas da
necessidade de fugir do país diante das ameaças que recebiam por
parte dos radicais islâmicos. Segundo este testemunho, eles as ataram
a uma árvore, dispararam em suas cabeças, para depois as
esmagarem em um ato de ódio extremo.
Os acontecimentos começaram às 8.30 da manhã,
quando as freiras haviam acabado de assistir à Santa Missa e se
encontravam servindo o café da manhã aos anciãos e
incapacitados por elas atendidos. Segundo este relato, homens
do ISIS vestidos de azul invadiram o recinto e mataram o
guarda e o motorista, para depois partir em busca das irmãs.
Vários jóvens cristãos que se
encontravam na residência, ao presenciar os primeiros assassinatos,
correram para advertir as religiosas de que o ISIS estava ali para
mata-las. Os cinco jóvens foram assassinados um a um, da mesma
forma que as irmãs: foram atados, sofreram disparos na
cabeça que em seguida foi esmagada.
A mesma sorte tiveram quatro mulheres que
trabalhavam com as Missionárias da Caridade e às quais se ouviu
suplicar antes de morrer: "Não matem as irmãs!". Após
assassinarem a estas mulheres, os "jihadistas" foram atrás das
religiosas e acabaram cruelmente com suas vidas, ainda que
só conseguiram encontrar a quatro das irmãs que viviam na residência.
Irmã Sally, superiora do convento, ao escutar os
gritos, correu para o convento e se deparou com os corpos de
suas irmãs. Como os "jihadistas" continuavam à sua procura, ela se escondeu
na câmara frigorífica. Por três vezes, afirmou a religiosa, os
assassinos entraram na câmara sem encontrá-la, enquanto
ela permanecia escondida atrás da porta.
A sobrevivente do massacre do Iêmen teve que
abandonar a residência e os enfermos que não haviam sido
assassinados, obrigada pela polícia. Os agentes que chegaram ao
lugar do atentado, não deixaram que ela permanecesse em Aden,
por medo de que os "jiihadistas" voltassem para
acabar com sua vida. Com grande pesar, Irmã Sally teve que deixar
para trás as pessoas que atendia, pessoas essas que lhe suplicavam para que
não os deixasse.
Menos sorte teve o Padre Tom, que foi
capturado pelos "jihadistas" e que até o
momento permanece em paradeiro desconhecido. O padre Tom, ao
escutar os gritos durante o ataque, correu para a capela do
convento para consumir as hóstias consagradas que havia no
Sacrário antes que pudessem ser profanadas pelos terroristas. Assim foi
capturado e levado à força até um carro, enquanto seus
sequestradores destruíam o interior da capela.
Abaixo, o conteúdo da carta
que registra o testemunho de Irmã Sally:
As irmãs tinham Missa e café da
manhã como de costume. Como de costume, o padre ficava na
capela para rezar, e em seguida, arrumava as cosas em todo o recinto.
08 a.m.: Fazem a oração do
Apostolado e em seguida as cinco se dirigem à casa.
8:30 am: Homens do ISIS vestidos de azul entram,
matan o guardia e o motorista.
Cinco jóvens da Etiópia (cristãos) começaram a
correr para contar às irmãs que o ISIS estava ali para
matá-los. Foram assassinados um por um. Os ataram às árvores, lhes atiraram na
cabeça e destroçaram suas cabeças.
As irmãs correram em diferentes direções,
porque haviam homens e mulheres na casa. Quatro mulheres que
trabalhavam na casa estavam gritando: "Não matem as
irmãs! Não matem as irmãs!". Uma delas era a cozinheira há
15 anos. Também foram mortas.
Pegaram a Irmã Judith e a Irmã
Reginette em primeiro lugar, as amarraram, lhes dispararam na
cabeça e lhes destroçaram a cabeça. Quando as irmãs correram em
diferentes direções, a superiora correu até o convento para avisar
ao padre Tom.
Pegaram a Irmã Anselm e a Irmã Margarita,
as ataram, lhes atiraram na cabeça e lhes destroçaram suas cabeças na
areia.
Enquanto isso, a superiora não pôde chegar ao
convento. Não está claro quantos homens do ISIS estavam ali.
Ela viu mortas a todas as irmãs e ajudantes.
Os homens do Estado Islâmico já estavam entrando no convento
assim que ela entrou na sala frigorífica, já que a porta estava
aberta. Esses homens do ISIS estavam por todas partes, procurando-a, já
que sabiam haver 5. Ao menos por três vezes entraram na
sala frigorífica. Ela não se ocultou, porém se manteve de pé
detrás da porta - e não a viram. Isso é milagroso.
Enquanto isso, no convento, o
padre havia ouvido os gritos e consumiu todas as Eucaristias.
Um vizinho viu como jogaram o padre
Tom em seu carro. Eles não encontraram nenhum rastro do padre.
Todos os artigos religiosos foram quebrados e destruídos - Nossa Senhora,
crucifixo, altar, Tabernáculo, suporte do lecionário - incluindo seus livros de
orações e Bíblias.
10:00 ou 10:15 horas: Os homens do ISIS
terminaram e se foram.
Irmã Sally foi buscar os corpos das
irmãs. Ela os tinha. Ela foi aos pacientes, a cada um deles individualmente
para ver se estavam bem. Todos estavam bem. Não houve feridos.
O filho da mulher que era a
cozinheira (que morreu) a estava chamando pelo celular. Como ela
não respondia, chamou a polícia, e foi com ela (polícia) até o
local, onde se deparou com essa grande matança. A polícia e
o filho da cozinheira chegaram por volta das 10:30 da
manhã.
A polícia imediatamente levou a
Irmã Sally dali - ela se negou a deixar as pessoas que estavam
chorando, "Não nos deixe; fique conosco!". No entanto,
a polícia a obrigou a ir com eles, porque o ISIS sabia que havia 5
freiras, e estavam convencidos de que não se deteriam até que a
matassem também. Então, finalmente teve que partir. Ela recolheu suas
roupas e os corpos das irmãs, e a polícia os levou a um hospital
internacional chamado "Médicos sem Fronteiras" para sua proteção. Por
não haver espaço suficiente no necrotério do hospital, a
polícia levou seus corpos para um necrotério de um hospital
maior.
Irmã Sally disse à Irmã Río que ela
está muito triste porque ela está só e não morreu com suas
irmãs. Irmã Rio lhe disse que Deus queria uma testemunha e
lhe disse: "Quem teria encontrado os corpos das irmãs e
nos teria contado o que aconteceu? Deus queria que
soubéssemos."
Irmã Sally disse à Irmã Río
que o padre Tom lhes dizia todos os dias: "Devemos
estar prontas para o martírio."
Irmã Judith - estavam
tratando de leva-la para dar um curso senior, mas não eram
capazes de retira-la.
Irmã Reginette - Também planejavam
envia-la para um curso junior, porém não conseguiram retira-la.
Deus as queria ali.
Fonte: La Gaceta
Tradução: Morro por Cristo
* * * * *
Na glória de Deus se encontraram, madre e filhas espirituais. Que as Irmãs mártires, juntamente com Madre Teresa, possam interceder por todos aqueles que sofrem perseguição por causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Viva Cristo Rey!
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