"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

As Mártires de Madre Teresa de Calcutá

No último domingo, 04 de setembro de 2016, foi canonizada Madre Teresa de Calcutá. Por conta da importância de tal evento, a santa fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade teve sua história reproduzida e recontada por diversos meios de comunicação.
 
Ao contrário do que se esperaria, o blog Morro por Cristo neste post não irá tratar da canonização de Madre Teresa ou mesmo de sua história, mas sim de um acontecimento pouco divulgado em nossa mídia ocidental, envolvendo algumas das filhas espirituais de Madre Teresa: O martírio de 4 Irmãs Missionárias da Caridade ocorrido no Iêmen, em 04 de março de 2016.
Primeiro, vejamos a notícia tal qual foi publicada - na data do martírio - no site da Rádio Vaticana:
"Igreja \ Igreja no mundo
Iêmen: 4 missionárias de Madre Teresa mortas em ataque terrorista
Áden (RV) – Extremistas armados do autoproclamado Estado Islâmico teriam atacado o convento da Congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá na cidade de Áden, no sul do Iêmen, na manhã desta sexta-feira (4). Quatro irmãs Missionárias da Caridade e outros 10 colaboradores locais da comunidade foram mortos.
Duas das missionárias mortas eram de Ruanda, outra da Índia e a quarta do Quênia. A superiora do convento conseguiu escapar com vida, como também todos os idosos e deficientes que eram hospedados e atendidos na comunidade.
No entanto, os extremistas teriam sequestrado o Padre Tom Uzhunnalil, sacerdote salesiano indiano que vivia na estrutura e que, durante o ataque, estaria rezando na capela. Padre Tom estava no convento desde que sua igreja da Sagrada Família em Áden foi roubada e queimada por homens armados não-identificados no mês de setembro.
Para o vigário apostólico da Árabia Meridional, Dom Paul Hinder, que foi quem deu a notícia, o “sinal é claro: se trata de alguma coisa ligada com a religião”. “A gente sabia que a situação estava difícil e que as irmãs, que no passado foram objeto de ataques mirados, corriam um certo risco”, comentou o vigário.
 
Todavia, acrescentou Dom Paul, “elas tinham decidido de ficar independente de qualquer coisa que acontecesse, porque faz parte da espiritualidade delas. De resto, estava claro que ‘a região não estava segura’”, finalizou o vigário.
(AC)"
Traduzimos abaixo o relato da Irmã Sally, superiora do convento de Aden e única sobrevivente do massacre perpetrado por integrantes do "Estado Islâmico".
Assim foi o martírio das Missionárias da Caridade assassinadas no Iêmen
No último dia 4 de março, um grupo de "jihadistas" invadiram o asilo de Aden, no Iêmen, mantido pelas Irmãs Missionárias da Caridade. A sangue frio, assassinaram a quatro das religiosas responsáveis por atender aos idosos e incapazes e a outras doze pessoas que trabalhavam com elas, juntamente com alguns dos residentes que tentaram impedir o massacre. 
 
Apenas uma das religiosas presentes no lugar sobreviveu: Irmã Sally, a superiora do convento de Aden. Ela conseguiu escapar da morte escondendo-se numa câmara frigorífica enquanto os assassinos de suas irmãs em vão tentavam encontra-la. Após o massacre, a religiosa foi enviada para fora do país e pôde contar o quê aconteceu naquele 4 de março em que 16 pessoas perderam a vida por causa do ódio religioso.
Dom Edward Rice, Bispo auxiliar da Arquidiocese estadounidense de Saint Louis, leu durante seu sermão na Missa pelas Missionárias da Caridade assassinadas, a narração de Irmã Río, uma religiosa da Congregação para quem Irmã Sally relatou os acontecimentos desse dia em que o martírio chegou ao convento das Missionárias da Caridade. Por sua vez, Irmã Río comunicou por fax à Irmã Adriana o estarrecedor relato da única religiosa sobrevivente do massacre do Iêmen, fax ao qual teve acesso o site National Catholic Register e que foi difundido entre várias comunidades religiosas nos Estados Unidos.
Graças a este relato atribuído originalmente à Irmã Sally, pode-se conhecer como foi o martírio dessas religiosas, que já haviam sido advertidas da necessidade de fugir do país diante das ameaças que recebiam por parte dos radicais islâmicos. Segundo este testemunho, eles as ataram a uma árvore, dispararam em suas cabeças, para depois as esmagarem em um ato de ódio extremo. 
Os acontecimentos começaram às 8.30 da manhã, quando as freiras haviam acabado de assistir à Santa Missa e se encontravam servindo o café da manhã aos anciãos e incapacitados por elas atendidos. Segundo este relato, homens do ISIS vestidos de azul invadiram o recinto e mataram o guarda e o motorista, para depois partir em busca das irmãs.
Vários jóvens cristãos que se encontravam na residência, ao presenciar os primeiros assassinatos, correram para advertir as religiosas de que o ISIS estava ali para mata-las. Os cinco jóvens foram assassinados um a um, da mesma forma que as irmãs: foram atados, sofreram disparos na cabeça que em seguida foi esmagada.
A mesma sorte tiveram quatro mulheres que trabalhavam com as Missionárias da Caridade e às quais se ouviu suplicar antes de morrer: "Não matem as irmãs!". Após assassinarem a estas mulheres, os "jihadistas" foram atrás das religiosas e acabaram cruelmente com suas vidas, ainda que só conseguiram encontrar a quatro das irmãs que viviam na residência.
Irmã Sally, superiora do convento, ao escutar os gritos, correu para o convento e se deparou com os corpos de suas irmãs. Como os "jihadistas" continuavam à sua procura, ela se escondeu na câmara frigorífica. Por três vezes, afirmou a religiosa, os assassinos entraram na câmara sem encontrá-la, enquanto ela permanecia escondida atrás da porta. 
A sobrevivente do massacre do Iêmen teve que abandonar a residência e os enfermos que não haviam sido assassinados, obrigada pela polícia. Os agentes que chegaram ao lugar do atentado, não deixaram que ela permanecesse em Aden, por medo de que os "jiihadistas" voltassem para acabar com sua vida. Com grande pesar, Irmã Sally teve que deixar para trás as pessoas que atendia, pessoas essas que lhe suplicavam para que não os deixasse.
Menos sorte teve o Padre Tom, que foi capturado pelos "jihadistas" e que até o momento permanece em paradeiro desconhecido. O padre Tom, ao escutar os gritos durante o ataque, correu para a capela do convento para consumir as hóstias consagradas que havia no Sacrário antes que pudessem ser profanadas pelos terroristas. Assim foi capturado e levado à força até um carro, enquanto seus sequestradores destruíam o interior da capela. 
Abaixo, o conteúdo da carta que registra o testemunho de Irmã Sally: 
As irmãs tinham Missa e café da manhã como de costume. Como de costume, o padre ficava na capela para rezar, e em seguida, arrumava as cosas em todo o recinto.
08 a.m.: Fazem a oração do Apostolado e em seguida as cinco se dirigem à casa.
8:30 am: Homens do ISIS vestidos de azul entram, matan o guardia e o motorista.
Cinco jóvens da Etiópia (cristãos) começaram a correr para contar às irmãs que o ISIS estava ali para matá-los.  Foram assassinados um por um. Os ataram às árvores, lhes atiraram na cabeça e destroçaram suas cabeças.
As irmãs correram em diferentes direções, porque haviam homens e mulheres na casa. Quatro mulheres que trabalhavam na casa estavam gritando: "Não matem as irmãs! Não matem as irmãs!". Uma delas era a cozinheira há 15 anos. Também foram mortas.
Pegaram a Irmã Judith e a Irmã Reginette em primeiro lugar, as amarraram, lhes dispararam na cabeça e lhes destroçaram a cabeça. Quando as irmãs correram em diferentes direções, a superiora correu até o convento para avisar ao padre Tom.
Pegaram a Irmã Anselm e a Irmã Margarita, as ataram, lhes atiraram na cabeça e lhes destroçaram suas cabeças na areia.
Enquanto isso, a superiora não pôde chegar ao convento. Não está claro quantos homens do ISIS estavam ali.
Ela viu mortas a todas as irmãs e ajudantes. Os homens do Estado Islâmico já estavam entrando no convento assim que ela entrou na sala frigorífica, já que a porta estava aberta. Esses homens do ISIS estavam por todas partes, procurando-a, já que sabiam haver 5. Ao menos por três vezes entraram na sala frigorífica. Ela não se ocultou, porém se manteve de pé detrás da porta - e não a viram. Isso é milagroso.
Enquanto isso, no convento, o padre havia ouvido os gritos e consumiu todas as Eucaristias.  
Um vizinho viu como jogaram o padre Tom em seu carro. Eles não encontraram nenhum rastro do padre. Todos os artigos religiosos foram quebrados e destruídos - Nossa Senhora, crucifixo, altar, Tabernáculo, suporte do lecionário - incluindo seus livros de orações e Bíblias.
10:00 ou 10:15 horas: Os homens do ISIS terminaram e se foram.
Irmã Sally foi buscar os corpos das irmãs. Ela os tinha. Ela foi aos pacientes, a cada um deles individualmente para ver se estavam bem. Todos estavam bem. Não houve feridos.
O filho da mulher que era a cozinheira (que morreu) a estava chamando pelo celular. Como ela não respondia, chamou a polícia, e foi com ela (polícia) até o local, onde se deparou com essa grande matança. A polícia e o filho da cozinheira chegaram por volta das 10:30 da manhã.
A polícia imediatamente levou a Irmã Sally dali - ela se negou a deixar as pessoas que estavam chorando, "Não nos deixe; fique conosco!". No entanto, a polícia a obrigou a ir com eles, porque o ISIS sabia que havia 5 freiras, e estavam convencidos de que não se deteriam até que a matassem também. Então, finalmente teve que partir. Ela recolheu suas roupas e os corpos das irmãs, e a polícia os levou a um hospital internacional chamado "Médicos sem Fronteiras" para sua proteção. Por não haver espaço suficiente no necrotério do hospital, a polícia levou seus corpos para um necrotério de um hospital maior.
Irmã Sally disse à Irmã Río que ela está muito triste porque ela está só e não morreu com suas irmãs.  Irmã Rio lhe disse que Deus queria uma testemunha  e lhe disse: "Quem teria encontrado os corpos das irmãs e nos teria contado o que aconteceu? Deus queria que soubéssemos."
Irmã Sally disse à Irmã Río que o padre Tom lhes dizia todos os dias: "Devemos estar prontas para o martírio."
Irmã Judith - estavam tratando de leva-la para dar um curso senior, mas não eram capazes de retira-la.
Irmã Reginette - Também planejavam envia-la para um curso junior, porém não conseguiram retira-la.
 
Deus as queria ali.
Fonte: La Gaceta
Tradução: Morro por Cristo
 
*                       *                       *                       *                       *
 
Na glória de Deus se encontraram, madre e filhas espirituais. Que as Irmãs mártires, juntamente com Madre Teresa, possam interceder por todos aqueles que sofrem perseguição por causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
 
Viva Cristo Rey!

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