"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

SÃO DAVID GALVÁN BERMÚDEZ, rogai por nós!

Hoje é dia de São David Galván Bermúdez!

Filho do senhor. J. Trinidad Galván Trejo e da senhora Mariana Bermúdez Rodríguez, nasceu no dia 29 de janeiro de 1881 em Guadalajara e recebeu o batismo em 2 de fevereiro na Igreja de Nossa Senhora do Pilar.

Quando tinha apenas 3 anos de idade, sua mãe faleceu e David ficou aos cuidados de seu pai e seus irmãos. Mais tarde tendo seu pai casado novamente, passou a ser cuidado também por sua madrasta Victoriana Medina. Recebeu o sacramento da Crisma em 19 de setembro de 1886 na Igreja chamada "da Universidade", ou seja, na Igreja de São Tomás, que pertencia em sua época ao Colégio dos Jesuítas; anos depois o Colégio foi transformado em escritório de Telégrafos e atualmente funciona como Biblioteca-Museu. Ainda criança David Galván participou como coroinha e também no coral de Infantes da Catedral de Guadalajara.

Logo manifestou a seu pai o desejo de ingressar no Seminário, tendo ele aceitado levá-lo para matricular-se em outubro de 1895. Alí cursou como aluno aplicado e sempre obtendo boas notas os cinco anos de latín e humanidades. Terminados os estudos, saiu do Seminário.

Os três años em que esteve fora do Seminário, trabalhou numa sapataria, além de dar aulas como professor de escola primária. Teve uma conduta um tanto desregrada nesse tempo, ao ponto de ter sido detido numa briga com sua namorada.
Passada essa experiência, o jovem David, contando vinte e um anos de idade, sentiu novamente o intenso desejo de voltar ao Seminário, porque ouvia em seu interior o chamado de Deus; tornou-se muito devoto, piedoso e assíduo à oração e aos atos de culto; visitava o Santíssimo Sacramento e a Virgem de Zapopan e a invocava dizendo-lhe:
 
"Minha Mãe, dai-me um norte para que eu conheça minha vocação"
Antes de admití-lo, o Reitor do Seminário, Miguel de la Mora (São Miguel de la Mora, também mártir cristero), o submeteu durante um ano a provas rigorosas que ele superou de maneira admirável, demonstrando vivo desejo em ser admitido. Já novamente seminarista, apresentou excelente conduta como aluno exemplar, piedoso e aplicado, ocupando quase sempre o primeiro lugar nas aulas.

No sábado, 7 de novembro de 1903 o senhor Arcebispo José de Jesús Ortiz lhe conferiu a Primeira tonsura Clerical e no dia 23 de dezembro de 1905 as Ordens Menores.
Em outubre de 1907, no ínicio do ano escolar, foi nomeado professor do 2º. Curso de Latín no Seminário de Guadalajara; nesse curso e nos seis anos em que foi professor do Seminário desempenhou tais funções com grande estima por parte de seus superiores pelos bons resultados de suas aulas e o aproveitamento dos alunos, que muito o admiravam por sua sabedoria.

No ano de 1909 pelo ministério do senhor Arcebispo José de Jesús Ortiz, na Igreja da Soledad, o jovem David Galván foi ordenado diácono e em 20 de maio, festa da Ascensão, recebeu a Ordenação Sacerdotal.

Em setembro de 1910, toda a República Mexicana celebrava o primeiro centenário da proclamação de sua independência.
Juan Robles Hurtado, prefeito municipal de Mascota - Jalisco, assistiu às festas centenárias na capital do México, e quis levar consigo seu irmão José Maria Robles (São José Maria Robles, também mártir de Cristo), que por sua vez convidou ao Padre David Galván, então seu professor de Lógica.
O Padre Ramiro Camacho assim descreve a São David Galván Bermúdez:

"Índio de musculatura forte e robusta, um de seus olhos enxerga com dificuldade, puro de alma e corpo, admirado por seus discípulos por sua coragem e bravura".
No diário deixado por São José María Robles, dentre os diversos relatos interesantes sobre a viagem que fez acompanhado de São David Galván Bermúdez, encontramos a seguinte informação que nos dá uma idéia do anticlericalismo vigente na época:

Día 27: "Comemos e em seguida visitamos Veracruz... O Padre Galván e eu, temos andado "à paisana" como laicos, porque aqui há muito anticlericalismo; quase não há piedade... A tonsura tivemos de deixar crescer (refere-se ao cabelo da região superior-traseira da cabeça que é raspada nos clerigos quando são tonsurados); sendo notada somente se observada com atenção; é certo que nem por mal pensamento se deve supor que somos eclesiásticos"....
No Informe do Seminário de 1911 o Reitor, presbítero Dr. José Mercedes Esparza, fez um público reconhecimento do Padre Galván por seu meritório trabalho como diretor da revista do Seminário, "Voz que dá Fôlego", que publicou dezesete números de dezembro de 1910 a março de 1912 com vinte páginas cada exemplar.

Nos anos de 1909 a 1914 o Padre Galván também foi Capelão do Orfanato da Luz e do Hospital de São José, situados no bairro da Capilla de Jesús; com extrema caridade e atenção tratou aos enfermos, às meninas órfãs e às religiosas encarregadas destas casas.
O Sacerdote Mártir de Cristo, David Galván Bermúdez
Os testemunhos declaram que o Padre Galván celebrava com grande devoção a Santa Missa, para a qual se preparava com uma hora de oração, e depois dava graças com grande fervor. Passava longos momentos em oração diante do Santíssimo, todos os dias, pela manhã e pela noite, na Igreja de Santa Mônica, anexa ao Seminário. Em sua vida sacerdotal deu exemplo de muitas virtudes porque foi sensível, humilde, obediente e serviçal; nutria grande devoção pela Santíssima Virgem Maria, honrando-a diariamente com a reza do Santo Rosário e transmitia essa devoção às crianças.

Esforçava-se por mortificar seus sentidos para evitar as ocasiões de pecado e ter pureza em todos seus atos.

Procurou sempre ajudar aos necessitados proporcionando instrução aos ignorantes, remédios aos enfermos e auxílios espirituais aos moribundos, sem que o impedisse a chuva, o frio, o sol, os barrancos ou quaisquer outras dificuldades.

No mês de julho de 1914 entrou em Guadalajara tropas do exército do general Venustiano Carranza, dissolvendo templos, conventos, seminaristas, religiosos e sacerdotes. Por esses dias os alunos e os professores do Seminário foram dispersados pelas forças do exército.
Por essa razão o Padre Galván foi designado nesse ano, como vigário, a Amatitlán - Jalisco. Neste lugar uma jovem lhe pediu um conselho, já que Enrique Vera, militar carrancista, queria seduzí-la, sendo que era casado. O Padre Galván lhe aconselhou que se escondesse e que seus pais fizessem o mesmo. A jovem cometeu a imprudência de dizê-lo a Vera, despertando neste militar um verdadeiro ódio ao sacerdote, fazendo-o desejar uma vingança contra o Padre.
No fim do ano de 1914 chegaram para prendê-lo duas escoltas militares do tenente Enrique Vera, alegando ouvir rumores de que o Padre planejava levantar-se em armas. Ao detê-lo, São David pediu aos soldados permissão para consumir o Sagrado Depósito do Sacrário, pedido este concedido; no entanto, os soldados adentraram a Igreja, aproximándo-se do altar, com os chapéus nas cabeças e fumando, postura que para o Padre Galván causou grande indignação.

Os soldados o levaram preso a Tequila - Jalisco.
Também o mantiveram preso em Ameca - Jalisco, e depois em Guadalajara, na prisão de Escobedo. No mês de dezembro o deixaram em liberdade e os superiores da cúria Diocesana tiveram a idéia de enviá-lo a El Salvador e Atemanica - Jalisco, inclusive ele estava disposto a ir, porém nunca lhe entregaram a nomeação.

Em 18 de janeiro de 1915, doze dias antes de sua morte, passou mas de seis horas auxiliando os feridos na linha de fuego em um terrível combate entre "villistas" e "carrancistas" em Las Juntas - Jalisco.


Na madrugada do sábado - 30 de janeiro - os soldados villistas de Julián Medina atacaram os carrancistas que mantinham dominada a cidade de Guadalajara e muitos caíram mortalmente feridos. O Padre Galván estava hospedado em uma casa do bairro do Santuário, na Rua Pedro Loza, onde, ao ouvir os ruídos do confronto, levantou pronto para ir auxiliar os feridos. Enquanto lhe pediam que não saísse porque o matariam, Padre Galván lhes respondeu:
"Não haverá maior glória do que morrer salvando uma alma que eu consiga absolver!"



Pediu ao Padre Rafael Zepeda Monraz que o acompanhasse para confessar os feridos, porém este sacerdote não quis acompanhá-lo devido ao grande perigo e lhe disse que não estavam obrigados a ir porque não eram os párocos ou ministros dequela região, ao que o Padre Galván lhe respondeu:
"Não por obrigação, mas sim por caridade".
Pediu a ampola dos Santos Óleos e foi ao templo da Soledad, próximo à Catedral, chamando o Padre José María Araiza para auxiliar aos que seriam fusilados, porque tinha permissão do general. Em seguida os dois caminharam em direção ao Jardim Botânico quando ao passar em frente ao quartel, os soldados lhes perguntaram se eles eram religiosos e eles responderam que sim, eram sacerdotes, pelo que os soldados os detiveram.

O tenente coronel Enrique Vera odiava o Padre Galván porque antes este mesmo padre lhe havia impedido de seduzir e raptar a uma senhorita. Neste mesmo dia Vera ordenou que os sacerdotes fossem encarcerados em um quarto do quartel. Assim o fez por seu ódio à Fé e para se vingar do sacerdote.

Estando presos há duas horas, os dois sacerdotes fizeram sua confissão sacramental e se deram mutuamente a absolvissão. Às palavras do Padre Araiza, que lamentava por não ter sequer tomado o café da manhã, o Padre Galván lhe respondeu:



"Não importa, nós vamos comer com Deus".


Rosalío Lozano, uma das testemunhas do martírio de São David, perguntou aos villistas a razão de tal aglomeração de soldados e lhe responderam que haviam levado presos a dois sacerdotes, o Padre Galván e o Padre Araiza.


Com autorização do general Manuel M. Diéguez, governador do Estado, o militar carrancista Enrique Vera ordenou ao pelotão de soldados que levassem os dois sacerdotes para a Rua Coronel Calderón junto à parede oriente do Hospital Civil e que alí os fuzilassem.

Quando os retiraram, Petra - filha de Rosalío Lozano - e seu irmão menor se puseram a observar pelas "frestas" das portas de sua casa: o Padre David - recorda Petra - trazia as mãos atadas às costas e mantinha sua cabeça baixa; de seu pescoço pendia um longo cachecol branco.


Eram doze horas do dia 30 de janeiro de 1915; o Padre Galván, percebendo que sua morte era iminente, entregou aos soldados as moedas e outros objetos pessoais e a ampola com os Santos Óleos.

Em seguida, retirou seu chapéu, e sem permitir que le cubrissem os olhos, apontando para o próprio peito, disse aos algozes:


"Atirem aqui".

O subtenente Martín Ocampo ordenou a execução, os soldados dispararam as armas e o Padre caiu fusilado, vítima do ódio à religião de Jesus Cristo.

Petra nos conta que, depois destes acontecimentos, ela e muitas outras pessoas começaram a venerá-lo e a levar ao local de sua morte, pedrinhas e velas que com o tempo acabou formando uma espécie de altar, até que "tal gesto passou a desagradar o governo que por fim acabou com essa devoção".

Os familiares e amigos pediram às autoridades civís e militares a liberdade para os dois sacerdotes, mas quando chegaram com a ordem de indulto os soldados já haviam fuzilado o Padre Galván, servindo o indulto somente ao Padre José María Araiza, a quem mesmo assim mantiveram preso por mais cinco dias soltando-o somente quando lhes pagaram grande quantia em dinheiro.
Os restos mortais de Padre Galván, foram recolhidos pelas professoras María Dolores Alcaraz e María Soledad Dueñas que os colocaram num caixão e os conduziram em meio de uma silenciosa marcha e de uma grande multidão, até o colégio do Menino Jesus, localizado na Rua de Pedro Loza, onde foram velados por toda a noite por gente piedosa e por seus discípulos, amigos e companheiros.

O impressionante sepultamento ocorreu na tarde do domingo, 31 de janeiro de 1915. O cortejo fúnebre foi apoteótico, formado pela multidão de pessoas de todas as classes sociais, não obstante o temor que reinava nesse momento de perseguição.



Relíquias de São David Galván Bermúdez


Desde esse dia, os fiéis consideraram mártir o Padre David Galván; logo essa veneração se extendeu por todo o México.
Em junho de 1922 os restos do Padre David Galván foram depositados em um templo construído próximo ao lugar do martírio, a atual Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, no bairro de El Retiro, na cidade de Guadalajara - Jalisco.

O Padre David Galván foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II no dia 22 de novembro de 1992 em cerimônia celebrada na Basílica de São Pedro em Roma, junto com seus 24 Companheiros Mártires Mexicanos.
No grande Jubileu do ano 2000 da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Papa João Paulo II celebrou a Canonização deste Santo Mexicano.

SÃO DAVID GALVÁN BERMÚDEZ, rogai por nós!
Tradução e adaptação: Morro por Cristo

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