"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Devemos viver a Quaresma ou a "Campanha da Fraternidade"?

Caros  leitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Ontem, Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a santa Quaresma de 2017, período de 40 dias em que  - a exemplo de Nosso Senhor que ficou 40 dias no deserto - os cristãos buscam por meio da oração, do jejum e da caridade,  a conversão e a santificação pessoal em preparação para a Grande Páscoa da Ressurreição do Senhor. 


Na igreja do Brasil este período também é marcado pelo início da "Campanha da Fraternidade". Mas afinal, o católico é realmente obrigado a "aderir" a essa Campanha em plena Quaresma? Será mesmo tal Campanha necessária ou ao menos útil para vivermos bem a Quaresma?


Abaixo um texto publicado no ano passado onde o Reverendo Padre Cleber Dias nos apresenta algumas reflexões sobre a Campanha da Fraternidade e a Quaresma. Embora escrito em 2016, essas reflexões são plenamente válidas para o ano em que estamos (e para os anos futuros, enquanto houver "Campanhas da Fraternidade" em tempo quaresmal). Boa leitura!


José Santiago Lima  



Campanha da Fraternidade, um desabafo sacerdotal.

Um texto longo, mas necessário. Peço que ninguém o mutile, nem o altere:Algumas notas sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: “Casa comum nossa responsabilidade”.
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Este texto está assegurado pela a Constituição Federal, Artigo 5º ” IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; ” e também pelo Código de Direito Canônico, cânon 212 § 2: “Os fiéis têm o direito de manifestar aos Pastores da Igreja as próprias necessidades, principalmente espirituais, e os próprios anseios.” e § 3: “De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, tem o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos Pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os Pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, dêem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis.”
Portanto, escrevo aos leitores, certo de que entre eles, alguns de nossos bispos também o lerão. Já aviso de antemão que qualquer comentário pejorativo aos Senhores Bispos será sumariamente apagado, não porque alguns não o mereçam, mas porque o meu perfil não é um lugar para bate-bocas de comadres de vila. Uma coisa é discordar, outra fazer estrepolias de moleques. Quem discorda do que escrevo ou vê de forma diferente tenha a hombridade de o fazê-lo dentro da educação e polidez de gente civilizada e de usar seu nome próprio. Se discorda, coloque seus argumentos e iniciemos um debate.
Centenas de católicos escrevem-me diariamente sobre sua inquietação e perplexidade com mais uma Campanha da Fraternidade (CF). Discutir saneamento básico, esgoto e políticas da água dentro das igrejas parece-lhes – e parece-me – totalmente fora da realidade. Dentre as dezenas de razões para o rechaço a mais ouvida é que a CF tem o intuito de desviar o espírito da Quaresma para ocupar cátedras e púlpitos para uma pregação meramente social e política, quase sempre alinhada ao bom-mocismo do politicamente correto transformando a Igreja Católica em mais um ONG “engajada”. Atitude esta condenada pelo Papa Francisco….
Dizem os perplexos e inquietos que, para os promotores da CF 2016, é mais importante discutir sobre esgoto e água que tratar sobre a proteção da vida nascente e o pecado hediondo do aborto, mais importante cuidar do córrego sujo que do manancial de sangue dos milhares de cristãos, católicos ou não, perseguidos não só na Síria pelos muçulmanos, mais importante que banir e entregar à justiça canônica e civil sacerdotes pedófilos, mais importante que cuidar dos inúmeros casos e denúncias sobre a péssima formação sacerdotal e a corrompida doutrina instilada nalguns seminários e servida à mão-cheia nos púlpitos, mais importante que suspender sacerdotes que não temem desfilar com bandeiras partidárias e bonezinhos de sindicatos, partidos políticos e do MST, mais importante que se levantar contra a eugenia que se instala contra os prováveis e futuros microcéfalos, mais importante que limpar e sanear a PJ de todo a doutrina marxista que está às claras.
Quando um padre se levanta contra estas questões candentes ele é tachado de “não está em comunhão com a Igreja” ou, “não está em comunhão com a Diocese” ou “não está em comunhão com o presbitério”. Conversa fiada de que detêm o poder, mas não detêm a razão. Senhores… o mal e o pecado continuam ser mal e pecado mesmo que todos digam que não.
Cartaz da Campanha de 2017
O que ocorre com tal padre, na melhor das hipóteses é ostracizado pelos colegas, na pior é suspenso do uso de ordens. VEREMOS o que lá vem para mim. Só não sei porque tantas pessoas falam dos padres e bispos bons que se calam… terão medo de quais represálias os assim chamados “bons” bispos? A não promoção à uma diocese “melhor”, à não promoção a algum arcebispado, um título cardinalício? Consultando minha consciência e os ditames da Santa Igreja a quem sirvo vejo-me na obrigação de esclarecer aos fiéis algumas coisas:
– Há uma dezena de anos atrás constatou-se que quem comandava as cordinhas da CNBB eram seus assessores, todos sem exceção alinhados ao socialismo- comuno-psolista-petista.
– Nos dias atuais já não se pode culpar os assessores uma vez que, com a clareza do sol do meio dia, até um cego vê o alinhamento majoritário dos bispos a todo esquerdismo militante. Basta recordar o episódio no ano de 2014 da morte do líder do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, pranteado na página da CNBB pelo então Secretário Geral da CNBB, Dom Leonardo U. Steiner, como “Exemplo de cristão na política”. Para quem acompanhou o desenrolar do caso nas redes sociais viu as milhares de mensagens condenando tal pranto por defunto tão vil. Era muita vela pra pouco defunto. Plínio de Arruda Sampaio era defensor aguerrido do Aborto, do coletivismo, do estatismo comunista e de todas as mazelas intrínsecas ao comunismo já condenado pela Igreja. Para Dom Steiner era um modelo de cristão. Para os demais bispos… ficaram todos caladinhos e acovardados ou compactuaram com o cristianíssimo Dom Steiner, cuja noção de cristão deve ser algo sui generis. Dom Steiner, como todo bom democrata socialista mandou apagar das redes sociais todos as centenas de comentários que o denunciavam….A título de exemplo, a nota pranteadora de Dom Steiner ainda está lá no site da CNBB, limpinha de comentários (http://www.cnbb.org.br/index.php…).
Em a grande maioria das paróquias os católicos ouvirão disparates na Oração dos Fiéis como: “Rezemos para que o poder público dê os devidos cuidados ao saneamento… etc… etc”. Ora, ora, ora…os dirigentes da CNBB sabem muito bem que os atuais mandatários e a mandatária maior do país só foi eleita com sua ajuda…. se não se recordam, refresco-lhes a memória… quando da necessidade da fundação do partido no poder usou-se o povo católico como massa de manobra para colher assinaturas, sabem muito bem que têm um canal privilegiado junto ao famoso Gilberto de Carvalho direto com a Presidência da República, vulgo “seminarista”. Bastaria agora, na questão do saneamento público, do acesso à agua, da situação calamitosa e indigna dos hospitais e da roubalheira generalizada, colher assinaturas citando e cobrando quais inicitivas e entregar aos poderes públicos. Não creio que um só católico que seja não aceitaria assinar. o próprio volume de assinaturas poderia ser levado ao Congresso para propor e agilizar pautas verdadeiramente sociais.
Quando foi pra conseguir assinaturas para a Reforma Política proposta por entidades de esquerda e ONGS esquerdistas patrocinadas com dinheiro público a CNBB não teve vergonha nenhuma de fazer correr nas paróquias as listas para as assinatura e em quantas missas os senhores párocos fizeram verdadeira campanha pela tal Reforma Política. Baste o gesto lacaio e subserviente da visita da presidência da CNBB à Presidente num sinal de “estamos juntos, companheira!”. Da mesma CNBB não se vê uma linha de apóio explícto ao Judiciário que tenta desmantelar a quadrilha que se instalou e só lá está por apoio implícito e explícito de tal entidade.
Voltemos ao nosso… quais os limites da acção da CNBB e de aceitação da CF?
Recordo a todos que:
1) A CF é uma iniciativa anual da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB).
2) A CNBB como qualquer Conferência de Bispos no mundo inteiro não é orgão da Igreja Católica, não a dirige. Os dirigentes da Igreja Católica são respectivamente cada um dos Bispos diocesanos em suas dioceses. O Arcebispo Primaz do Brasil que é o Arcebispo de São Salvador da Bahia detêm o título honorífico e pode sim convocar um Concílio Plenário para sanar as mazelas, incluindo as da CNBB. Em cada Província Eclesiástica o arcebispo detêm o poder de convocar os bispos das dioceses sufragâneas e presidir o Concílio Regional para sanar as mazelas locais. Por os senhores Primazes e Arcebispos faltarem com seu papel é que a CNBB tomou para si suas funções.
3) A CF é uma proposta, não uma imposição. Para que algo que ela tenha decidido se torne obrigatório a todos os católicos é necessário que todos estes pontos sejam observados: a) Aconteça uma Assembléia Geral na qual a questão é decidida e não seja a decisão de uma comissão delegada, b) haja o consentimento de todos os bispos (não tem nenhum valor a decisão de uma comissão ou de um grupo restrito, c) sejaredigida uma Ata na qual conste o conteúdo e o consentimento de todos os bispos, d) Tal Ata seja enviada ao Papa que a aprova ou não, e) Somente então a decisão passa ter valor de lei.
4) Portanto nenhum presbítero (padre), diácono, leigo e até mesmo bispo, se não concorda, tem de dar seu assentimento e implantação em sua paróquia ou diocese da CF se antes ela não seguiu os trâmites para se tornar lei geral e comum. E isto não significa que não se está em comunhão com a Igreja, apenas que não se concorda com uma proposta da CNBB que é um orgão de reunião de bispos, não da Igreja.
5) Minha opinião particular, resguarda pela Constituição Federal e pelo Código de Direito canônico: Qualquer bispo com o mínimo de noção e conhecimento deveria dizer “aqui em minha diocese não haverá CF este ano”. Qualquer padre, com as mesmas condições, também. Os leigos já não suportam mais tal situação e dizem: “CNBB: Devolva-nos a nossa Quaresma”. Se os pastores não ouvem e não cuidam do rebanho vão acabar por perdê-lo… CNBB..Senhores Bispos, Senhores padres… não dá mais! Até quando irão tapar o sol com a peneira? Até quando iremos fazer de conta que a CF está aí e só afasta cada vez mais os fiéis? Vamos ficar ainda mais em cima do muro? Digamos as coisas às claras, sejamos homens não subservientes e rastejantes ao erro.
6) Os católicos deveriam também pedir uma auditoria de todas as entradas financeiras às coletas nacionais e, maximamente, do chamado Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) cujos próprios relatórios demonstram que o dinheiro dos fiéis, salvo honrosas e diminutas somas, é injetado em ONGs e sindicatos. Não se trata de algo interno, o FNS recebe uma contrapartida do BNDES… portanto passível de uma séria investigação do Ministério Público.
7) Por último, cuidar sim da nossa casa comum, cuidar do meio ambiente, sim, lutar por vida digna e qualidade de vida dos mais pobres, sim; mas não antepôr questões temporais àquelas que dizem respeito à salvação. A figura deste mundo passa (1Cor 7, 31) e o que vale ao homem ganhar o mundo e perder a sua vida? (Marcos 8, 36). Não devemos nos conformar com este mundo, mas renovarmo-nos pela conversão a Deus e não às criaturas (Romanos 12, 2), pois são os pagãos que se preocupam com as coisas deste mundo: ” Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso.” (Mateus 6, 31-32)
Padre Cléber

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