"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Para os leitores protestantes (e para muitos católicos também): "A palavra diz"

Amigos leitores, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
 
Após longo período sem qualquer publicação, retornamos para - com a graça de Deus - poder dar continuidade ao nosso pequeno apostolado virtual com a esperança de estar sendo útil a alguma alma que busca a Verdade.
 
Em nosso retorno trataremos de publicar um texto/resposta a princípio direcionado aos leitores protestantes que ultimamente têm nos feito diversas indagações, mas que, melhor dizendo, também será útil a muitos católicos que compartilham das mesmas premissas protestantes.
 
E quais seriam elas? Partirei do que me moveu a realizar a presente publicação: comentários de leitores protestantes, quase que todos eles fazendo uso de jargões protestantes do tipo "onde tá na Bíblia que...?", ou "a Bíblia diz que..." ou "A Palavra diz que...", etc. Por ignorância ou confusão, mesmo católicos pensam que essas premissas protestantes estão corretas e o objetivo da presente publicação é mostrar tanto ao protestante quanto ao católico que a Religião de Cristo Jesus NÃO é a religião do livro e, portanto, não APENAS as Sagradas Escrituras (Bíblia) lhe servem de base.
 
Como resposta, reproduzimos abaixo DOIS artigos: o primeiro é de minha autoria e já publicado em nosso blog há alguns anos. O segundo, trata-se de um trecho retirado de uma resposta do excelente site O Fiel Católico a um leitor, onde - dentre outros pontos - é esclarecido essa diferença da Religião de Cristo para o erro da "Sola Scriptura" do protestantismo.

Boa leitura!

José Santiago Lima
 
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"Onde tá escrito na Bíblia que...?"
Na última quarta-feira, estava eu bastante concentrado executando algumas atividades "extra classe" enquanto meus alunos realizavam um trabalho que lhes havia solicitado. Eis que percebo um aumento no tom de voz de alguns integrantes de certo grupo, o que me levou a averiguar sobre o porquê da  discussão.
Para minha surpresa (ou não) o assunto era religião: Um aluno protestante discutia com uma aluna católica enquanto os demais assistiam ao debate. Por vezes o rapaz protestante repetia certo questionamento utilizado com frequência por protestantes contra católicos:

Onde tá escito na Bíblia que...?

Por sorte a garota tinha boa argumentação e era bastante comunicativa, conseguindo sair-se bem da situação, mas nem sempre isso acontece... Diante dessa pergunta, na maioria das vezes os católicos não sabem respondê-la, transmitindo assim a idéia de ignorância e consequentemente dando a idéia de que o protestante tem razão. Ou pior ainda, muitos católicos por desconhecerem sua Fé acabam por concordar com o protestante, sendo essa a causa de muitas "conversões de católicos" para o protestantismo por acreditarem que não seguiam a Bíblia e que a partir de agora a seguirão. Para que isso não aconteça, o católico deve conhecer sua Fé para que possa professá-la de forma íntegra, evitando assim que caia mais neste tipo de armadilha.

Mas então como sair dessa situação? Afinal, e quando nos fizerem essa pergunta? Realmente há crenças ou costumes católicos que não estão descritos na Bíblia, então, o que fazer?

A resposta é simples: o protestante sempre pergunta "onde tá escrito na Bíblia" porque sua sua fé baseia-se na Sola Scriptura (as SOLAS do protestantismo) - invenção do século XVI que afirma ser a Bíblia a única fonte de doutrina e práticas do cristão. Portanto tudo o que deve ser crido ou praticado deve "tá escrito na Bíblia".

Já a Fé Divina e Católica fundamenta-se em 3 COLUNAS e não somente em 1 como a fé protestante. E quais são essas 3 colunas? Vejamos:

BÍBLIA: O conjunto de livros que compõe as Sagradas Escrituras, chamada Bíblia Sagrada, foi reconhecido pela Igreja como de inspiração Divina e portanto constitui UMA das TRÊS colunas que sustentam a Fé Católica.

TRADIÇÃO: A Tradição Apostólica, que é todo o conjunto de crenças ou costumes não escritos na Bíblia mas que, por ter sido transmitido desde o Apóstolos e por seus sucessores ao longo dos 2 milenios da Igreja, é reconhecido como de igual importância e por isso também constitui UMA das três colunas que sustentam a Fé Católica.

MAGISTÉRIO: Por fim temos o Magistério da Igreja que é representado pelo Sumo Pontífice, Bispo de Roma, o Papa, sucessor de Pedro assim como os sucessores dos Apóstolos (Bispos) em comunhão com ele. O Magistério é justamente aquele que guarda a Fé transmitida desde os Apóstolos,  define o que é da Tradição Apostólica e de inspiração divina e que interpreta tanto a Tradição Apostólica como as Sagradas Escrituras. Vale observar que é o Magistério que detem a autoridade para interpretar a Bíblia, inclusive tendo sido ele quem definiu quais livros são de inspiração divina e que portanto deveriam compor a Bíblia. Sendo assim, o Magistério é UMA das TRÊS colunas que sustentam a Fé Católica.

Portanto caros leitores, como católicos devemos ter em mente que nossa Fé não se baseia somente na Bíblia (Sola Scriptura) mas em 3 COLUNAS:

BÍBLIA (os livros sagrados inspirados por Deus, portanto Palavra de Deus).
TRADIÇÃO (a Tradição Apostólica transmitida desde os Apóstolos e portanto também Palavra de Deus).
MAGISTÈRIO (a autoridade dada por Deus à Igreja para interpretar as duas anteriores).

Essa é a diferença entre Nossa Fé Católica e a fé dos protestantes. Ponto! Não devemos provar tudo o que cremos através da Bíblia.

Para um católico que desconhecia essa Verdade, pode parecer algo estranho e difícil de compreender.
Para um protestante pode parecer que estamos mostrando algo ilógico ou dando razão a eles com sua Sola Scriptura.

No entanto, logo postaremos um excelente artigo do site Montfort que mostra de maneira clara e precisa tanto como são falsas e perigosas as crenças protestantes - Sola Scriptura e Livre Exame da Bíblia - quanto como é seguro manter-se na Barca de Pedro, a Igreja de Cristo - sustentada por 3 COLUNAS - colunas estas colocadas pelo próprio DEUS para sustentar aquela que é a "Igreja de Deus Vivo, Coluna e sustentáculo da Verdade" (1 Timóteo, cap 3 vers. 15).

¡Viva Cristo Rey!

Obs: A charge abaixo ilustra de maneira excelente a realidade:
 
 
Fonte: morroporcristo.blogspot.com.br
 

"Onde estiverem dois ou três reunidos em meu Nome"...

O LEITOR BRUNO Queiroz enviou-nos a seguinte pergunta:
Henrique poderia me esclarecer um duvida, a palavra diz que .Jesus disse onde houver dois ou tres reunidos em meu nome ali eu estarei presente, é possível afirmar que jesus esta presente também nos cultos protestantes ou não?


Olá, Bruno Queiroz, Salve Maria!

Em primeiro lugar, eu gostaria de alertá-lo para que tome cuidado com as premissas protestantizadas. Observe bem que você já inicia o seu comentário dizendo "...a palavra diz que...". Vejo aí a insinuação de uma premissa 100% protestante/"evangélica". Não que esteja errado o que você disse; – o problema está no fato de que muitas vezes, querendo encontrar a solução para alguma questão, alguns católicos de hoje dizem: "A palavra diz isso e aquilo", usando a expressão "a palavra" assim, de modo absoluto, no singular, referindo-se à Bíblia Sagrada. – Quando o fazem, estão, inconscientemente, elevando as Escrituras à sua "única regra de fé e prática". E assim, sem perceber, caem na heresia da sola scriptura, possivelmente o mais mortal dos erros trazidos por Lutero, Calvino e companhia.

É fundamental que nós, católicos, compreendamos que a Palavra de Deus, em sentido pleno, é Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo Encarnado.

Depois disto, num nível diferente (em grau de perfeição), podemos chamar também "Palavra de Deus" às Sagradas Escrituras (Bíblia), e à Tradição Apostólica, como atesta a própria Bíblia (2Ts 2,15; 3,6). Num outro sentido, a Palavra de Deus também se faz "ouvir" (por assim dizer) no Magistério da Igreja divinamente instituída (Mt 16,18). A Igreja, sendo Corpo de Cristo, é a continuação histórica do Cristo na Terra, e é por isso que aqueles que perseguem a Igreja perseguem o próprio Jesus Cristo, como revelou o Senhor mesmo a S. Paulo no caminho para Damasco (At 9,4ss). E como a Igreja se identifica assim tão intimamente com o seu Fundador, – Jesus, que é Deus, – também a palavra da Igreja, por meio do sagrado Magistério, é Palavra de Deus. 

Sendo assim, a Bíblia é Palavra de Deus por escrito. Logo, não está errado dizer que a Bíblia é Palavra de Deus, mas está errado dizer que a Bíblia é "A" Palavra de Deus, insinuando um sentido absoluto, como se o Livro sagrado só e isoladamente pudesse conter tudo o que Deus Todo-Poderoso tem a nos dizer e instruir. A Bíblia, ela mesma, diz que a Escritura é útil para instruir, mas não diz que somente a Escritura, isolada e exclusivamente, é a nossa única regra de fé e prática. Ao contrário, as Escrituras declaram categoricamente que é a Igreja "a coluna e o sustentáculo da Verdade" para o cristão (1Tm 3,15). – A Bíblia foi produzida pela Igreja, e não o contrário. Assim, devemos recorrer à Igreja para entender e interpretar a Bíblia, não o contrário. Dom José Francisco Falcão de Barros, Bispo Auxiliar do Ordinariado Militar do Brasil, falou longamente a esse respeito em suas vídeo-aulas, que você pode assistir aqui e aqui.

Dito isto, passo à sua questão, que, creio, já começa a se aclarar. A Palavra de Deus escrita precisa ser interpretada à luz da Igreja. Se não fosse assim, cairíamos no caos completo, como aconteceu com o protestantismo: hoje existem dezenas de milhares de denominações ditas protestantes/"evangélicas", e cada uma delas prega "uma verdade" diferente da outra, porque cada "pastor", "ancião" ou "reverendo" interpreta a Bíblia "do seu jeito" particular, – algo que está proibido na própria Bíblia (2Pd 1,20).

De modo muito semelhante, eu posso lhe dizer que já vi, pessoalmente, grupos de espíritas reunidos em nome de Jesus. Eles se reúnem, rezam o Pai-Nosso (às vezes até a Ave-Maria e/ou alguma outra oração católica) e invocam o Nome de Jesus. Falam em Nome dEle, citam o Nome dEle a todo instante, recitam passagens dos Evangelhos... Isso quer dizer que Jesus está presente nas seitas espíritas?

Também os membros da seita "santo daime" ou ayahuasca (isto não presenciei in loco, mas vi em diversos documentários e reportagens) invocam o Nome de Jesus, falam em seu Nome, citam passagens dos Evangelhos... Já vi (isto sim, pessoalmente) um membro destas seitas comparando a Eucaristia com o chá alucinógeno que eles consomem! E essa pessoa pronunciou esta blasfêmia "em Nome de Jesus". Será, então, que por se reunirem em Nome do Cristo eles estão em Comunhão com Nosso Senhor?

Poderíamos avançar nessa linha de raciocínio, porque existem inúmeras seitas esotéricas/ocultistas que reúnem pessoas em Nome do Senhor Jesus, e algumas até o reconhecem como Filho de Deus. Seria este um atestado de autenticidade das suas práticas?

Deixo as respostas ao seu encargo. Finalizo dizendo o que sempre digo: a Sagrada Bíblia precisa ser lida à luz da fé da Igreja de Cristo, e entendida como um conjunto coeso e coerente de textos, em que uma passagem não pode contradizer outra. Todos os livros do Novo Testamento são unânimes e insistentes em afirmar a importância de se manter a ortodoxia da fé. Poderia uma passagem isolada afirmar que basta um grupo se reunir "em Nome de Jesus" para que Jesus estivesse com eles, no sentido de que sua doutrina fosse autêntica?

Mais uma vez, você é quem responde...
 

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