"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Viva San Juan Diego y La VIRGEN DE GUADALUPE!!!!!!

Caros leitores, com alguns dias de atraso posto a 1º de uma série de postagens que farei sobre Nossa Senhora de Guadalupe, assim como sobre o escolhido por Deus para receber a visita da Santíssima Virgem, San Juan Diego. Segue abaixo um resumo do filme GUADALUPE que conta a história da extraordinária aparição de Nuestra Señora de Guadalupe. Está em espanhol porém creio que o leitor não terá grandes dificuldades para compreendê-lo, até porque só as imagens já seriam suficientes.

¡Viva Cristo Rey!
 
 Parte 1

 
Parte 2
 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Morre Oscar Niemeyer, o arquiteto das "belas" catedrais...

Caros leitores, embora planejasse postar outro texto, acabei mudando a ordem das postagens devido à enxurrada de referências ao falecimento de Oscar Niemeyer, o grande arquiteto brasileiro, em todos os veículos de mídia.
 
Por mais que conhecesse a admiração da sociedade brasileira por este senhor, confesso que me surpreendi com a mídia praticamente "endeusando" a Niemeyer que, por ironia, não acreditava na  existência de Deus.
 
Abaixo reproduzo o excelente artigo do site Ecclesia Una sobre o falecimento deste grande arquiteto que, desgraçadamente, projetou algumas catedrais católicas.

¡Viva Cristo Rey!
 
*      *      *      *      *      *
 
De mortuis nihil nisi bonum… Não desta vez.
 
 
Não se pode dizer com certeza onde alguém que acaba de morrer foi passar a eternidade. É certo que, imediatamente após a sua morte, vem o julgamento particular, e ali é decidido o destino da pessoa: se a glória no Céu, ou a infâmia, no inferno. Mas da sentença, dada em um plano que ainda não nos é acessível, só Deus e o julgado têm plena consciência.
 
Por isso, é um erro afirmar categoricamente que o arquiteto Oscar Niemeyer, que faleceu no último dia 5, foi para o inferno. É possível dizer que, por sua obstinação ateísta e sua militância no comunismo, o seu destino bastante provável seria este, a perdição eterna. Mas a certeza absoluta deste fato só Deus possui. Além disto, embora raros, arrependimentos e conversões em leito de morte acontecem. Resta confiar a alma de Niemeyer à justiça e à misericórdia de Deus, como recomenda o Catecismo:
“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.”

À parte isto, é preciso deplorar o grande mal feito por Niemeyer ao pensamento e à arquitetura sacra brasileira. Como “humanista” – que foi o adjetivo usado pela Unesco para homenagear Niemeyer -, foi entusiasta dos grandes regimes socialistas, repressores e genocidas. Em entrevista concedida, em 2007, ao Diário do Nordeste, declarou:

Stalin era fantástico. A Alemanha acabou por fazer dele uma imagem de que era um monstro, um bandido. Ele não mandou matar os militares soviéticos na guerra. Eles foram julgados, tinham lutado pelos alemães. Era preciso. Estava defendendo a revolução, que é mais importante. Os homens passam, a revolução está aí.”
“Em 1994, Michael Ignatieff – então jornalista político, mas depois presidente do Partido Liberal do Canadá – entrevistou Hobsbawm para a BBC. Segundo o historiador, o Grande Terror de Stalin teria valido a pena caso tivesse resultado na revolução mundial. Ignatieff replicou essa afirmação com a seguinte pergunta: ‘Então a morte de 15, 20 milhões de pessoas estaria justificada caso fizesse nascer o amanhã radiante?’ Hobsbawm respondeu com uma só palavra: ‘Sim’.”
Tanto para Hobsbawm quanto para Niemeyer, “a revolução (…) é mais importante”. Que a própria humanidade inclusive! Porque, em nome daquela, esta foi terrivelmente sacrificada, e não se ouviu da boca destes dois pensadores uma palavra de protesto sequer. Resta perguntar, com Reinaldo Azevedo, que humanismo é este, que descaracteriza a dignidade da vida humana e age com indiferença – ou mesmo com elogios – diante das imensas crueldades perpetradas pelos líderes comunistas para implantar suas fantasias tirânicas e virulentas. Definitivamente, não dá pra exaltar o adepto de uma ideologia dessas.
 
Quanto à obra arquitetônica de Niemeyer, limito-me a reproduzir os comentários de Dom Antônio Rossi Keller, bispo de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, em seu blog “Encontro com o bispo”:
“A meu ver, a intenção do marxista Niemeyer era clara: a ressignificação do sagrado… golpe do marxismo soviético, com seus imensos prédios cheios de… vazio. Expressão de uma alma sem fé: vazio, espaços vazios. Na verdade, a meu ver, era como que um grito de uma alma que teve na infância marcas católicas, mas que, infelizmente perdeu-se em uma ideologia falida. A arquitetura sagrada cristã tem alma, tem quem a habite: é casa de Deus e casa do homem. É lugar de encontro: vê-se, toca-se, sente-se o odor do eterno. Tem Presença, é habitada. Tudo aponta para a eternidade, de certa forma, já presente. A torre é como um dedo apontado para cima, para lembrar o homem que há um Deus e um céu. A abóbada é representativa do céu definitivo. O Átrio representa as portas da eternidade, acolhedoras, abertas. A nave mostra a necessidade do caminho, do estar no mundo, etc. Niemeyer nunca poderia expressar isto em sua arquitetura, não porque não fosse capaz. Mas porque não tinha o dom da fé. Portanto sua arquitetura, a meu ver é cheia de… vazio: bonita, elegante, até digna. Mas, infelizmente, vazia.
 
É isto o que produziu Niemeyer: uma arquitetura sacra “vazia”, porque produzida sem “o dom da fé” e contaminada por “uma ideologia falida”.

E a você caro leitor, qual das duas lhe parece uma CATEDRAL CATÓLICA?

Igitur ex fructibus eorum cognoscetis eos – “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7, 20), diz Jesus. Os frutos, aqui, não são dos melhores… Que Deus tenha misericórdia de sua alma. Requiescat in pace.

 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O PURGATÓRIO: o quarto Novíssimo - parte 2


O PURGATÓRIO NAS SAGRADAS ESCRITURAS

A Palavra de Deus nos ensina que somente aqueles que estão puros, ou seja justificados, podem herdar a vida eterna e consequentemente terem acesso à visão beatífica de Deus (Sl 14; Hb 12,22-23; Mt 5,8). Infelizmente, também é verdade, pouquíssimos cristãos partem desta vida totalmente reconciliados com Deus e com os irmãos. O Senhor vem então, em socorro de nossas fraquezas, com sua misericórdia, permitindo que aqueles que estão destinados ao céu, ou seja que procuraram pautar suas vidas pela mensagem e vivência evangélica, mas que ainda carregam em si algumas imperfeições e pecados, possam ser purificados, de algum modo, após a morte. O purgatório é portanto, uma exigência da razão e mesmo de caridade de Deus por nós. Hoje, infelizmente, muitos negam a realidade do purgatório, afirmando que o mesmo não se encontra na Bíblia. O termo "purgatório" não existe na Bíblia, mas a realidade, o conceito doutrinário deste lugar de purificação existe. Examinemos:
 
"Todo o que tiver falado contra o Filho do homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste mundo, nem no mundo vindouro." (Mt 12,32). O pecado contra o Espírito Santo, ou seja a pessoa que recusa de todas as maneiras os caminhos da salvação, não será perdoado nem neste mundo, nem no mundo futuro. Acena o Senhor Jesus neste trecho implicitamente, que há pecados que serão perdoados no mundo futuro, i.é, após a morte. Ver também Mc 3,29.
 
"Mas, se o tal administrador imaginar consigo: 'Meu senhor tardará a vir'. E começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar (...) e o mandará ao destino dos infiéis. O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, mais se há de exigir." (Lc 12,45-48). Nesta parábola, o administrador é o ministro da Igreja (quatro versículos acima Pedro pergunta ao mestre: "Senhor é para nós que estás contando esta parábola?", ao que Jesus responde: "Qual é então Pedro, o administrador fiel que o Senhor constituirá sobre todo o seu pessoal?"). Pois bem, o ministro de Deus que for infiel, receberá a visita do seu Senhor "no dia em que não o esperar" (dia de sua morte). E o Senhor o "mandará ao destino dos infiéis" (Inferno). Porém a parábola acena que haverá outros tipos de administradores, e outros tipos de destino. Aquele que conhece a vontade de Deus mas não se preparou como convinha para a sua volta, será açoitado "com numerosos golpes". Aquele que ignora a vontade de seu Senhor e fizer coisas repreensíveis, será açoitado com "poucos golpes". Portanto após a morte dos administradores da casa de Deus, uns serão condenados ao inferno, outros serão punidos, uns mais, outros menos, conforme o merecimento de cada um, mas não compartilharão o "destino dos infiéis". Após a morte, portanto, haverá de haver algum lugar ou "estado" onde os administradores pouco fiéis haverão de ser purificados.
 
"Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo." (Lc 12,58-59). Nesta parábola, o Senhor Jesus ensina que, enquanto estivermos nesta vida, devemos ter sempre uma atitude de reconciliação com os nossos irmãos de caminhada. Devemos sempre entrar "em acordo" com o próximo, pois caso contrário, ao fim da vida seremos entregues ao juiz (Deus), que por sua vez nos entregará ao executor (seu anjo) e este nos colocará na prisão (purgatório); dali não sairemos até termos pago à justiça divina toda nossa dívida, "até o último centavo". Mas um dia haveremos de sair. A condenação neste caso não é eterna. Ver também Mt 5,21-26 e 18,23-35.
 
"Eu porém vos digo: todo aquele que se encolerizar contra o seu irmão terá de responder no tribunal. Aquele que chamar a seu irmão: 'cretino', estará sujeito ao julgamento do Sinédrio. Aquele que lhe chamar: 'louco', terá de responder na geena de fogo (...) Assume logo uma atitude reconciliadora com o teu adversário, enquanto estás a caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo" (Mt 5,22.25-26). Jesus nos ensina que a ira contra nossos irmãos e as ofensas que a eles fizermos, merecem toda a reprovação por parte do Pai celeste. Ao chamarmos nosso irmão de "louco" teremos de responder na geena de fogo. O fogo sempre foi, em todos os tempos, e também na Bíblia um símbolo de purificação. Evidente que ninguém é condenado ao inferno para todo o sempre, somente porque chamou o seu próximo de "louco" (senão todos estaríamos condenados). A chave deste ensinamento se encontra na conclusão deste discurso de Jesus: serás lançado na prisão (nesta "geena de fogo"), e dali não se sai "enquanto não pagar o último centavo".
 
"Quanto ao fundamento, ninguém, pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstra-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo" (1Cor 3,10-15). Paulo fala dos pregadores do Evangelho, que haveriam de edificar a Igreja sobre os alicerces lançados por ele durante suas viagens missionárias. Uns edificariam com muito zêlo (com ouro, prata e pedras preciosas), outros seriam porém, pouco zelosos (edificando com madeira), outros seriam negligentes (edificando a Igreja com feno ou palha). De qualquer forma o "dia do Julgamento" demonstraria o que "vale o trabalho de cada um". Se a construção resistir, isto é se o ministro edificou com amor, "o construtor receberá a recompensa". Se o ministro foi pouco zeloso pela Igreja, "arcará com os danos". Porém ele será salvo apesar de tudo. Como? Sendo purificado, ou seja, "passando de alguma maneira através do fogo", isto é, após o dia do julgamento particular, alguns ministros de Deus deverão ser purificados devido ao pouco zêlo para com as coisas da Igreja de Deus.

 
 
"Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados (...) padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos na prisão, aqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes (...) Por isto foi o Evangelho pregado também aos mortos; para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito." (1Ped 3,18-19; 4,6). Esta "prisão" ou "limbo dos antepassados", onde os espíritos dos antigos estavam presos, e onde Jesus Cristo foi pregar durante o Sábado Santo, é figura do purgatório. Com efeito, o texto menciona que Cristo foi pregar "àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes". Temos, portanto, um lugar onde as almas dos antepassados aguardavam a salvação. Não é um lugar de tormento eterno, portanto não é o inferno. Não é um lugar de alegria eterna na presença de Deus, portanto ainda não é o céu. Mas é um lugar onde os espíritos aguardavam a salvação. Salvação e purificação comunicada pelo próprio Cristo. Por isto, declara o apóstolo, foi o "Evangelho pregado também aos mortos(...) para que vivam segundo Deus quanto ao espírito".
 
"Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados [dos soldados mortos em batalha]: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis porque ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas" (2Mac 12,43-46). O general Judas Macabeu (160 aC), herói do povo judeu, faz uma grande coleta e a envia para Jerusalém, para que os sacerdotes ofereçam um sacrifício de expiação pelos pecados de alguns soldados mortos. Fica claro no texto que os judeus oravam pelos seus mortos e por eles ofereciam sacrifícios. Fica claro também que os sacerdotes hebreus já naquele tempo aceitavam e ofereciam sacrifícios em expiação dos pecados dos falecidos e que esta prática estava apoiada sobre a crença na ressurreição dos mortos. Subentende este texto que as almas dos soldados mortos estavam em algum local ou "estado" de purificação, pois se estivessem nos céus, as oração dos vivos eram desnecessárias, e se, por outro lado estivessem no inferno, toda oração seria inútil. E como o livro dos Macabeus pertence ao cânon dos livros inspirados, aqui também está uma base bíblica para a oração em favor dos falecidos.
 
"De outra maneira, que intentam aqueles que se batizam em favor dos mortos? Se os mortos realmente não ressuscitam, por que se batizam por eles?" (1Cor 15,29). Paulo cita aqui, uma prática cuja índole na verdade desconhecemos. Segundo alguns estudiosos, os primeiros cristãos preocupados com a sorte eterna de seus pais ou avós que não haviam conhecido o Evangelho e, consequentemente, não puderam ser batizados, praticavam algum rito ou oração para que seus parentes ganhassem de alguma forma a salvação, "batizando-se" no lugar deles. O apóstolo Paulo não condena este "batismo" pelos falecidos, antes, lança mão justamente dele como argumento precioso da fé dos cristãos na ressurreição geral dos mortos. De fato, esta prática demonstra a preocupação dos primeiros cristãos com relação à salvação de seus pais, antepassados e amigos, traduzida em algum rito ou oração pelos mortos, por nós hoje desconhecida.
 
A oração pelos mortos aliás, era uma prática constante entre os primeiros cristãos, como atestam ainda hoje inscrições em numerosos túmulos e arcas funerárias cristãs daqueles primeiros tempos, bem como em textos dos primórdios que chegaram até nós. Eis alguns exemplos:
 
"Oferecei também a régia Eucaristia (...) oferecei-a orando pelos mortos" (Didascalía dos Apóstolos [meados do séc. III]).
 
"Caso (na Eucaristia) se faça a memória em favor daqueles que faleceram..." (Cânones de Hipólito [séc. III]).
 
"Por todos os defuntos dos quais fazemos comemoração, assim oramos: Santifica estas almas ..." (Serapião de Tmuis [meados do séc. IV]).
 
"Oremos pelo repouso de ... a fim de que Deus bom, recebendo a sua alma, lhe perdoe todas as suas faltas" (Constituições Apostólicas [séc. IV]).
 
"Os apóstolos instituíram a oração pelos mortos..." (S. João Crisóstomo [+407], In Philipp. III, 4).
 
"Desta afirmação (Mt 12,31), podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras no século futuro" (S. Gregório Magno [séc. V], Dial. 4,39).
 
"O irmão que as compreender, queira orar por Abércio" (inscrição funerária cristã [séc. II]).
 
"Este túmulo, Iperéquio preparou-o para a sua benemérita esposa Albínula. Deus alivie o teu espírito" (inscrição funerária cristã [ano 268]).
 
"Jejuai todos por mim, a fim de que Deus seja misericordioso para com minha alma" (inscrição funerária cristã [séc. IV]). etc... etc...
 
Conclusão: o cristão, que não ora pelos seus mortos, comete pecado contra a caridade que devemos ter para com os nossos irmãos falecidos, conforme o ensino bíblico: "Dá de boa vontade a todos os vivos, e não recuses este benefício a um morto" (Eclo 7,37).

FONTE: Veritatis Splendor

Leia também: O PURGATÓRIO: o quarto Novíssimo - parte 1
 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Leitor espírita "aconselha", blog responde.

No post que comentava sobre os altos índices de votos para que Chico Xavier fosse considerado "o maior brasileiro de todos os tempos", recebemos o seguinte comentário:
 
"Sigam o princípio Bíblico: Amor e respeito... Chico Xavier fez algum mal? pelo que eu sei foi ao contr´rio, doou toda sua vida em prol as pessoas, isso falta em muitos outros que se dizem "religiosos", Chico Xavier, Irmã Dulce, João Paulo II, etc... ícones da paz e humildade, a mesma que falta a muitos deste site!"
 
 
No comentário do leitor espírita - ao que tudo indica - podemos encontrar 3 idéias principais:
 
1ª Ele nos aconselha a seguirmos um princípio bíblico.
2ª Ele afirma que mal algum foi feito por Chico Xavier.
3º Ele coloca Chico Xavier, Irmã Dulce e João Paulo II no mesmo nível, como modelos equivalentes de caridade, ícones da paz e humildade.
 
Pois bem, brevemente demonstraremos ao leitor o porquê de disrcordarmos de tais idéias:
 
1º - Primeiramente agradecemos o "conselho" dado para que seguíssemos a Bíblia, no entanto, não podemos selecionar trechos que nos são agradáveis e descartar aqueles que nos são "indigestos" - tal qual fazem os protestantes e, atualmente, também os espíritas - uma vez que os textos bíblicos são palavra de Deus e Deus não pode se contradizer. Sendo assim, caro leitor espírita, a mesma Bíblia que você "aconselha" que sigamos também CONDENA as diversas práticas do espiritismo, práticas essas que tiveram em Chico Xavier seu grande difusor e propagador.
 
2º - Ao contrário do que se crê em nossos dias, o mal não pode ser reduzido apenas a incômodos e sofrimentos físicos, pois de fato, neste quesito, sabemos que Chico Xavier estaria isento de culpa. Mas se estamos tratando de um tema espiritual, o cerne da questão deve ser a análise da forma como vivemos aqui (em quê cremos, quais nossas ações) e suas consequências na vida futura, portanto não podemos reduzir nossa existência ao curto período que passamos neste mundo material.
Sendo assim, levando em consideração a Palavra de Deus presente nas Sagradas Escrituras, na Sagrada Tradição e no Magistério da Igreja que, como diz o Apóstolo São Paulo, é a "coluna e sustentáculo da verdade", concluímos que Chico Xavier não só fez (e continua a fazer) mal como este mal é incalculavelmente superior ao mal físico que poderia ter feito.
O mal de Chico Xavier poderia muito bem ser o de ter agredido fisicamente as pessoas ou simplesmente não as ter ajudado em suas necessidades físicas e fisiológicas, mas, ao contrário, o mal de Chico Xavier consiste em ter desviado (e continua a desviar) milhares de almas da salvação eterna para o abismo por meio de falsas doutrinas que se opoem à Verdade revelada por Deus.
 
3º - Chico Xavier não pode ser colocado como ícone de caridade pelo simples fato de sua grande ajuda aos necessitados não tratar-se exatamente de caridade, mas de filantropia. Como assim? Explico: Filantropia consiste no sentimento, na atitude de ajudar o próximo de diversas formas, dentre elas a ajuda por meio de donativos, alimentos, etc. O termo significa "amor à humanidade", amor ao próximo. Já a caridade consiste em ajudar o próximo por amor à Deus, amar ao próximo por ser criatura de Deus e portanto amando-o se está amando e obedecendo ao Próprio Deus, assim como a seu mandamento: "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como  a sí mesmo". Este novo mandamento anexo ao primeiro foi entregue pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
Chico Xavier não ajudava o próximo por amor à Deus mas, na melhor das hipóteses, por amor à humanidade, uma vez que como poderia estar amando a Deus e obedecendo o mandamento dEle ao mesmo tempo em que O desobedecia? Como dizer que ele estava seguindo um "princípio bíblico" (amando ao próximo por amor à Deus) se ao mesmo tempo ele ignorava diversos princípios bíblicos que condenam as práticas que ele adotou e difundiu em toda sua longa vida? Ou será que só vale seguir alguns princípios bíblicos, a outros se deve ignorar?
Vê-lo como ícone da Paz... discordo novamente, uma vez que de quê adianta transmitir a "paz" (pacifismo) ao mesmo tempo em que transmite o erro e a mentira?
Nosso Senhor Jesus Cristo, Caminho Verdade e Vida é o Príncipe da Paz e no entanto disse não ter vindo trazer a paz, mas a espada! Ora, nosso Senhor então seria contra a paz? Claro que não! Ele que É a Paz mostra que a "paz" dos homens não é a verdadeira paz, melhor do que estar com ela é estar com a verdade. A verdadeira Paz só pode ser encontrada quando se está com Nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo-O, aceitando, seguindo e vivendo sua verdade, sua doutrina! Toda a paz que não seja essa é uma falsa paz.
O Apóstolo São Tiago diz que "a fé sem obras é morta", no entanto as obras sem a Verdadeira Fé também são obras mortas pois se bastassem boas obras para a salvação até mesmo um ateu militante (ou mesmo um satanista) que promovesse obras que beneficiassem o próximo teria sua salvação garantida.
Caritas in Veritati, a caridade vem acompanhada da Verdade.
Por fim, quanto à humildade de Chico Xavier... sobre isso nada posso opinar. Como podemos ver no artigo postado aqui no blog (aqui) a vida de Chico Xavier - principalmente no início de sua "carreira" - esteve relacionada a uma série de acontecimentos, assim digamos, polêmicos. Pode ser que sofresse de transtornos pscológicos, pode ser que fosse atormentado ou conduzido por maus espíritos (demônios), pode ser que fosse realmente desonesto. Não sei. O que sei é que se Chico Xavier estando consciente de todo o desastroso legado que deixara ainda assim tenha morrido impenitente, sem arrepender-se, essa hora já deve estar dando contas ao Criador de todas as almas que encaminhou e continua a encaminhar para longe de Deus. E é certo que essas contas são pagas definitivamente, não em outras vidas, não em reencarnações, mas numa única e eterna vida, para todo o sempre...
 
Me despeço pedindo a Deus que me conceda paz, humildade e todas as graças por ele dispensadas aos homens, pois, como bem disse o leitor, me fazem falta uma vez que também sou nada mais que um pobre pecador.
 
¡Viva Cristo Rey!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

SÃO PEDRO ESQUEDA RAMIREZ

Caros leitores, devido à compromissos pessoais que ocuparam grande parte de meu tempo nos últimos dias, não consegui postar a história de dois santos mártires cristeros nos próprios dias que lhes são dedicados, no entanto como nosso blog tem por compromisso divulgar a história e a devoção a estes mártires de Cristo, faremos as postagens com alguns dias de atraso.

*      *      *      *      *


Tradução: Morro por Cristo

 
SAN PEDRO ESQUEDA RAMÍREZ (22 de novembro)

Na cidade de San Juan de los Lagos, estado de Jalisco - Mexico, no dia 29 de abril de 1887, nasceu Pedro Esqueda Ramírez, filho de Margarito Esqueda e Nicanora Ramírez. No mesmo dia de seu nascimento recebeu o santo batismo e em menos de três meses, a confirmação, no dia 10 de julho do mesmo ano. Seus pais eram muito pobres, mas pro­fundamente cristãos, de maneira que o criaram no santo temor de Deus, o que fez com que toda sua vida fosse conservada na inocência e na simplicidade de costumes.
 
Aos quatro anos de idade iniciou seus estudos numa escola privada, dirigida pela professora Piedade; Nela aprendeu as primeiras letras, na cartilha, durante dois anos. Aos seis anos ingressou na chamada “Escola do Santuário”, dirigida pelo professor Pedro Márquez. Aí cursou os seis anos do ensino primário. Foi um aluno dedicado, apresentando boas notas e, as vezes, ganhando prêmios em algumas matérias. Era um menino comportado, pacífico; nunca foi visto brigando, nem incomodandor ninguem.
 
Nos anos em que esteve na escola fez parte do grupo de acólitos e do coro da Basílica, sendo que numa semana servia ao altar e na outra fazia parte do coro. Era um menino piedoso, diariamente rezava dois rosários, um sozinho e outro com sua família, em casa. A brincadeira que mais gostava quando criança era levantar pequenos altares, com todo o necessário para o culto, e junto com um amigo chamado Mardonio, imitava a celebração da Santa Missa. Muito “Alegre e contente”, aos oito anos de idade, aproximou-se para receber pela primeira vez a Sagrada Comunhão, na festa do Sagrado Coração de 1895.
 
Ao terminar o primário não deu continuidade aos estudos, indo trabalhar numa sapataria, até que certo dia externou a seu pai o desejo que tinha de ingressar no seminário para se tornar sacerdote. Matriculou-se no Seminário Auxiliar que funcionava na mesma cidade de San Juan de los Lagos. Alí frequentou os cursos de Humani­dades e dois de Filosofia. “Se sobresaiu no Seminá­rio; era muito estudioso”. Após seis anos no Seminário Auxiliar, por ordem de seus superiores, em 1908, passou a estudar no Seminário Diocesano de Guadalajara. Alí cursou o terceiro ano de Filosofia e os cursos de Teologia. Recebeu as órdens sagradas até o diaconato.

Em 1914, ao desencadear-se a perseguição carrancista, o Seminário foi fecha­do e o edificio confiscado. Os seminaristas tiveram que abandoná-lo. Pedro Esqueda teve que refugiar-se em San Juan de los Lagos. Alí prestou serviços ministeriais à paró­quia, colaborando com o pároco, até que certo dia o chamaram para Guadalajara. Nessa cidade, no oratório público do Hospital da Santíssima Trin­dade, recebeu a ordenação sacerdotal no dia 19 de novembre de 1916.

Seis dias después, por ordem da autoridade eclesiás­tica competente, foi nomeado vigário cooperador da paróquia onde havia nascido, com a responsabilidade de que, se fosse necessário, ministrasse aulas no Seminário Auxiliar do lugar. Com grande gozo e alegria de todos os fiéis, cantou sua Primeira Missa no Santuário de Nossa Senhora de San Juan de los Lagos, em primeiro de dezembro do mesmo ano.
 
Logo iniciou seu ministério sacerdotal, o qual exerceu por onze anos nessa paróquia de San Juan.  Os fiéis o recordam como um sacerdote exemplar, humilde e cheio de caridade, extremamente carinhoso e cuidadoso, especialmente com as crianças”. Era muito caridoso para com os pobres: jamais foi visto contrariado ou de mal humor. Era muito devoto da Santíssima Eucaristia, seu pároco recorda: “…o via fazendo devotamente orações diante do Santíssimo Sacramento”.
 
São Pedro Esqueda e as crianças
Organizou uma associação chamada “Cruzada Eucarística”, para impulsar às crianças ao amor e devoção a Jesus Sacramentado. Empenhava-se principalemente em preparar as crianças para a primeira comunhão. Amava profundamente a Santíssima Virgem Maria e incentivava especialmente as crianças para que também a amassem.

Em 1926 intensificou-se no México a perseguição contra a Igreja. O Presidente da República, em sua maneira de proceder, manifestava uma apaixonada decisão de acabar com a Igreja. Os Bispos mexi­canos, como última forma de protesto e defesa, decidiram fechar os templos e suspender o culto público. A administração dos sacramentos e o ministério sacerdotal eram realizados às escondidas, nos lares. Então as forças do Governo empreenderam uma terrível perseguição contra os sacer­dotes de todo o país. O Arcebispo de Guadalajara aprovou aos sacerdotes que precisassem, que se escondessem, mesmo que abandonando seus postos. Na ciudad de San Juan de los Lagos, o pároco e os sacerdotes se esconderam em diversos lugares.
 
O padre Esqueda, também se escondendo, ficou à frente da paróquia por encargo do senhor Cura. Em diversas casas, e algumas vezes fora da cidade, escondia-se neste locais e aí exercia seu ministério sacerdotal.

Nos primeiros dias de novembre de 1927, se refugiou em Jalostotitlán - Jalsico. Decidiu retornar à cidade de San Juan de los Lagos para cumprir seus deveres ministeriais. Se hospedou no Hospital do Sagrado Coração. Por vezes pediu asilo nessa ou naquela casa, o que muitas vezes lhe foi negado por medo das repressões do Governo; fazendo-o voltar para a casa da família Macías, onde havia ficado por algum tempo. As duas irmãs de sacerdote, Valeria e María del Refugio, lhe advertiram quanto ao perigo de voltar a uma casa onde já havia estado antes; que alí o buscariam novamente, suplicando-lhe que saísse da cidade, ao que respondeu:

 “Deus me trouxe, em Deus confio”.

E alí ficou. Chegou a planejar sair de San Juan no dia 18 de novembro, justamente o dia em que o prenderam.
Tinham aberto no chão, no lugar onde se encontrava sua cama, um buraco. Era um pequeno esconderijo. Aí ocultaram os paramentos e todo o que necessário para a celebração da Santa Missa, como também algo do arquivo paroquial além de deixar um pequeno espaço para que o padre pudesse se esconder.
 
No dia 17 de novembro, um sobrinho de Padre Pedro e outras duas pessoas vieram, já ao anoitecer, comunicar-lhe o perigo em que se encontrava por estar na casa onde habitava; que deveria sair da cidade. Ele respondeu:

“Em Deus confio”.

Ao cair da noite, dirigiu-se ao quarto que servia de oratório e onde se guardava o Santíssimo Sacra­mento, convidou toda a familáa a participar e dirigiu uma meditação. Foi uma reflexão de preparação para a morte. Se notava, disse uma das pessoas presentes, "que estava disposto a morrer”.

Ao terminar agrade­ceu, de maneira muito atenta e sincera, a hospitalidade que lhe haviam prestado.
No dia seguinte, 18 de novembro, celebrou a Santa Missa com extremo fervor. Depois das últimas orações, tomou um crucifixo e o beijou com extrema devoção, e depois do café da manhã, entoou  cânti­cos a meia voz, ao Sagrado Coração de Jesus, com um semblante sereno e alegre.
 
A manhã avançava quando se ouviram fortes golpes na porta de entrada da casa. A senhorita Maria del Refugio, da família onde se hospedava o padre, foi a ver quem era. Era a irmã do padre Pedro, que desesperada avisava sobre a chegada dos soldados. Já era tarde. Haviam rodeado o quarteirão e outros já haviam subido sobre as lajes vizinhas. O padre Pedro apenas tueve tempo de entrar no pequeno esconderijo, tapá-lo com algumas táboas e colocar em cima um tapete.

Em seguida ouviram outros fortes golpes na porta. Era a senhorita Florentina a abri-la. Era o tenente Santoyo acompanhado de quatro soldados. Sem dizer nada, entraram violentamente na casa. Começaram a revisá-la e chegaram ao local da excavação. O tenente ordenou aos soldados que removessem o tapete e as táboas. Encontrando o padre, lhe ordenaram que saísse. “O retiraram debaixo de golpes e ofensas”, ameaçando-o fusila-lo por ser sacerdote.
 
Chegou então o coronel González Romero com outro bom número de soldados. Fez algumas perguntas ao Padre Esqueda e, com grande fúria, o golpeou na face, de tal sorte que lhe abriu uma ferida que minava sangue. Lhe deu vários golpes com um chicote, ferindo-lhe também a cabeça. Aos empurrões lhe ordenou que andasse. Foi tão forte um dos empurrões, que o fez cair no chão, no pequeno quintal da casa.
 
O levaram à Abadia, (casa do Abade, anexa à Colegiada de Nossa Senhora de San Juan) que o exército havia transformado em quartel. Alí encarceraram o Padre Esqueda em um quarto escuro, mantendo-o incomunicável. Durante sua prisão… o açoitavam diariamente. A responsável pelo Orfanato do Sagrado Coração, Gertrudis del Espíritu Santo, que corajosamente lhe foi levar alguns alimentos, afirma que “ouviu os golpes  com o qual lhe gastigavam e os tremendas chicotadas. Mesmo que não o tivessem matado já estava em vias de perder sua vida com tanto que o martirizavam”.
Alí o mantiveram prisioneiro até o dia 22 de novembro de 1927. Neste dia toda a tropa se deslocava ao povoado de São Miguel el Alto. Levaram ao Padre Esqueda com eles. O retiraram da casa-prisão aos empurrões e ponta-pés. Um dos empurrões, ao descerem as escadas da Abadia, foi tão forte que o atirou ao chão, quebrando-lhe o braço direito. São Pedro Esqueda suportava tudo calado.

“Sofreu os incômodos e tormentos que lhe proporcionaram antes de morrer, em silêncio, manifestando serenidade ao caminhar em direção ao lugar do tormento”.
A árvore onde se deu o martírio de São Pedro Esqueda Ramírez
 
O levaram a pé até a saída de São Juan de los Lagos. Algumas crianças o acompanharam, e com uma delas enviou um recado a suas irmãs. O montaram num cavalo, amarrando-lhe os braços com uma corda. O Padre Esqueda, a cavalo, vigiado pelos soldados, caminhou até chegar ao povoado de Teocaltitán, próximo a São Miguel el Alto. O desceram do cavalo e a pé cruzou o povoado até as margens dele. Já no campo, chegaram a um lugar onde estava um mezquite (árvore típica mexicana). O Coronel Santoyo ordenou ao prisioneiro que subisse no mezquite até certa altura. O Padre Esqueda, com profunda humildade, sem dizer uma palavra, tentou cumprir a ordem recebida. No entanto, não conseguiu cumprí-la pois seu braço direito quebrado o impedia de fazer grande esforço. Fez várias tentativas de subir na árvore, porém não conseguiu. O que pensava fazer o  Coronel Santoyo ao ordenar tamanha crueldade?
 
Quem esteve presenciando a ordem do Coronel e viu os esforços que Padre Esqueda fazia para cumprir a ordem, acredita que o coronel pensava matá-lo queimando-lhe vivo, incendiando a árvore quando o padre estivesse sobre ela. Essa versão foi aceita e difundida entre todos os fiéis da região.

O Coronel, irritado pelo fato do sacerdote não ter conseguido subir na árvore, sacou sua arma, disparando três tiros no padre Esqueda. Um dos tiros atingiu sua mandíbula, atravessando seu crâneo e dois outros tiros o acertaram do lado esquerdo. Caiu morto com “o braço direito extendido para cima e o esquerdo no peito”. “Eram entre uma e duas da tarde”, do dia 22 de novembro de 1927.

Igreja onde está sepultado o mártir de Cristo, SÃO PEDRO ESQUEDA RAMÍREZ

 
Os habitantes do povoado de Teocaltitán recolheram o corpo do santo mártir na tarde deste mesmo dia. O velaram no salão da escola do povoado e no dia seguinte na parte da tarde o enterraram no cemitério da Cidade. Foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 21 de maio do ano 2000.

Relíquias de São Pedro Esqueda Ramírez
 
Local onde está sepultado São Pedro Esqueda Ramírez, em seu santuário no estado de Jalisco



Urna de São Pedro Esqueda Ramírez, mártir Cristero

SÃO PEDRO ESQUEDA RODRÍGUEZ, rogai por nós!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O PURGATÓRIO: o quarto Novíssimo - parte 1

Trataremos aqui do Quarto Novíssimo, provavelmente o mais desconhecido e incompreendido: o PURGATÓRIO.
 
Devido à complexidade assim como à importância deste novíssimo, nosso blog reproduzirá uma série de excelentes artigos que ajudarão os leitores a compreender este tão esquecido e ignorado artigo de Fé, contribuindo assim para que possamos melhor refletir sobre a vida que levamos neste mundo e o destino que almejamos para nossa eternidade.

*      *      *       *       *
 
O PURGATÓRIO EXISTE? O QUE É?


Alguns pensam da seguinte maneira: se alguma coisa não se encontra literalmente na Bíblia, não há nenhuma possibilidade de ser real. Eis a principal dificuldade para entender o Purgatório: a palavra não está na Bíblia. O Purgatório, porém, é ensinado nas Escrituras, e claramente. Mas antes de entrar neste particular, seria interessante analisar a questão de uma maneira menos simplória...

O Purgatório é uma exigência da razão e da inteligência humana, - dadas por Deus, - e é também uma prova do Amor de Deus por nós. Pare um pouco e pense: se nós, seres humanos falhos e imperfeitos, tentamos aplicar penas justas aos criminosos, proporcionais à gravidade dos crimes cometidos, quanto mais o Deus de misericórdia infinita (Lm 3,22), Deus que é Amor (I João 4, 8), não saberia lidar com os pecadores de acordo com as suas culpas?

Imagine um indivíduo que, por sentir fome, furtou um pacote de biscoitos no mercado. Logo depois, ele vem a falecer. Segundo a Lei de Deus, tal pessoa cometeu um pecado (roubar), e portanto está afastado da perfeita Comunhão com o Pai Celestial. Mas... Será que essa pessoa mereceria receber como pena, por ter furtado um pacote de biscoitos para saciar sua fome, uma pena eterna? Sofrer para todo o sempre num inferno de chamas? Esse castigo seria compatível com a perfeita Justiça Divina, proclamada no verso 137 do Salmo 119? E a Misericórdia infinita (Lm 3, 22) de Deus?

Sim, a palavra “Purgatório” não existe na Bíblia, literalmente. Esse termo foi definido pela Igreja. - A mesma Igreja que a própria Bíblia Sagrada declara ser "a Coluna e o Fundamento da Verdade" (em I Tm 3,15). É importante que nós, cristãos católicos, saibamos um fato bem interessante: a Igreja reconhece e ensina a realidade do Purgatório desde o primeiro século da Era Cristã, isto é, desde antes de o Novo Testamento da Bíblia existir. Mas o conceito do Purgatório, lugar ou estado de purificação das almas, é facilmente encontrado nas Escrituras. Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja, nos anos 600 já explicava o Purgatório nas palavras de Cristo:

“Aquele que é a Verdade, Jesus, afirma que existe antes do juízo um fogo purificador, pois Ele disse: ‘Se alguém blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro’ (Mt 12,32). Vemos então que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo, e outras, no mundo futuro. O pecado contra o Espírito não será perdoado neste mundo e nem no mundo futuro. Mostra o Senhor Jesus, então, que há pecados que serão perdoados após a morte.”

Não é tão difícil entender... Em 1Coríntios, Paulo também ensina a realidade do Purgatório. Ele fala dos que constroem suas casas sobre o Fundamento que é Cristo: alguns utilizam material resistente ao fogo, outros usam materiais que não resistem ao fogo. Paulo apresenta o Juízo de Deus como fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, seu autor “receberá uma recompensa”; se não resistir, seu autor sofrerá uma pena, mas essa pena não é a condenação eterna, pois o texto diz que aquele cuja obra for perdida ainda se salvará: “Ele perderá a recompensa. Ele mesmo, entretanto, será salvo, mas como que através do fogo” (1Cor 3,15).

Também em Mc 3,29, Jesus dá uma imagem nítida do Purgatório:

“O servo que, apesar de conhecer a Vontade de seu Senhor, lhe desobedeceu, será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a Vontade de seu Senhor, fizer coisas repreensíveis, será açoitado com poucos golpes.” (Lc 12,45-48). Aí está o que a Igreja chama de Purgatório: após a morte, Jesus ensina que há um estado onde os que foram pouco fiéis serão purificados por algum tempo, de acordo com seus atos, e não eternamente.

Outra passagem bíblica que confirma o Purgatório é Lucas 12, 58-59: “Faze o possível para entrar em acordo com o teu adversário no caminho até o magistrado, para que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali até pagares o último centavo”.

Ele não diz “nunca mais saírás dali”. O Senhor ensina: ao fim desta vida, seremos entregues ao Juiz (Deus), que poderá nos colocar numa prisão de onde não sairemos até saldarmos nossas dívidas, mas da qual um dia haveremos de sair: a condenação não é eterna neste caso, diferente do inferno. A mesma afirmação está em Mt 5, 22-26.

Mais: em 1Pedro 3,18-19; 4,6 vemos o Purgatório: “Cristo padeceu a morte em carne, mas foi vivificado quanto ao Espírito. Neste mesmo Espírito Ele foi pregar aos espíritos detidos na prisão: aqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes”.

Cristo não pregaria àquelas almas, se não tivessem possibilidade de salvação: os antigos estavam numa “prisão” temporária. Aí está o Purgatório: um estado onde as almas aguardam a Salvação. Não é o Céu, um lugar de alegria eterna na Presença de Deus, mas também não é um lugar de tormento eterno. É um lugar ou estado da alma onde os espíritos são purificados, um lugar ensinado claramente na Bíblia Sagrada, inclusive por Jesus Cristo.
 
Fonte: Voz da Igreja

CONTINUA...

Leia também: A MORTE: o primeiro Novíssimo

                       JUÍZO: o segundo Novíssimo

                       O INFERNO: o terceiro Novíssimo

                       O PARAÍSO CELESTE: o último Novíssimo


 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Nem tudo que reluz é ouro... e nem tudo o que traz o logo da CNBB é católico


"Porque háverá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fabulas" (II epístola de São Paulo à Timóteo, cap. 4, vers. 3 e 4)
 
Caros leitores, interrompo a série de postagens sobre os Novíssimos para trazer aqui uma denúncia publicada no site de notícias Fratres in Unum. A denúncia partiu de um sacerdote que a enviou ao Fratres e que nós aqui reproduzimos. Sei que o título deste post pode parecer provocativo e mesmo desrespeitoso, mas após acompanhar a notícia creio que os leitores o compreenderão.
 
Escolhi o versículo bíblico acima por expressar justamente uma das faces da crise de fé atual: Querer adaptar a Fé Católica aos caprichos individuais e ao Mundo.
 
"irmã Ione Buyst"
Trata-se de um livro com publicação autorizada pela CNBB (na pessoa do seu então secreário Dom Dimas Lara Barbosa) e que continua a ser vendido em qualquer livraria católica. Este livro traz verdadeiros erros, para não dizer heresias, escritos pela famosa "teóloga" Ione Buyst, uma das grandes colaboradoras da destruição da Sagrada Liturgia no Brasil, uma vez que a mesma tem diversos livros sobre liturgia publicados e vendidos em ambientes católicos.
 
No livro em questão a "liturgista e teóloga" Ione Buyst dentre outras coisas coisas afirma já não ser mais necessária a Confissão Sacramental, indo na contramão da Doutrina Católica, contrariando o ensino do Magistério da Igreja, os ensinamentos dos santos doutores, da Igreja em seus dois mil anos e, por que não, contra o ensinamento do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
 
Assim como fazem as seitas que adaptam suas doutrinas ao gosto e às necessidades do freguês, digo, fiel, Ione Buyst no referido livro apresenta uma "conciliação" sem penitência, sacrifício e compromissos, mas uma vida cor-de-rosa onde a culpa, o arrependimento e a penitência são desnecessários, onde não há inferno ou purgatório, onde Deus perdoa a todos mesmo que estes pouco se importem com o perdão Divino, pois Deus seria só misericórdia (esquecendo que Ele também é justiça).
 
Abraçar a misericórdia de Deus também significa renunciar ao pecado e viver segundo os Seus ensinamentos. O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Santa Faustina:
 
Diz aos pecadores que ninguém escapará ao Meu braço. Se fogem do Meu misericordioso Coração, hão-de cair nas mãos da Minha justiça. (Diário, 1728)
 
O mais triste disso tudo é que um católico de boa vontade ao ler tal livro, por ser vendido em livrarias católicas e trazer em sua capa o símbolo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é levado a crer que este é o ensino da Igreja ou que a Fé da Igreja mudou, quando na verdade este NÃO É o ensino da Igreja, muito pelo contrário, trata-se de um verdadeiro erro contra a fé!
 
São Pio X alertou sobre muitos dos inimigos da Igreja encontrarem-se dentro da própria Igreja a fim de tentar destruí-la por dentro. O Santo Padre Bento XVI em seu discurso de início do pontificado pediu nossas orações para que não desistisse por medo dos lobos, mostrando que há diversos lobos infiltrados na Santa Igreja visando perder o rebanho.
 
O próprio Cardeal Dom Odilo Scherer em sua Carta Pastoral à Arquidiocese de São Paulo sobre o Ano da Fé, de 01 de outubro de 2012, diz:
 
"Muitos falam e escrevem, por iniciativa pessoal, sobre a fé e a religião católica; por vezes, até se fazem afirmações não corretas, ou se deixam dúvidas no ar... O Catecismo da Igreja Católica nos traz a explicação oficial da fé da Igreja.
 
Portanto caros leitores, sabemos que muitos - leigos ou mesmo membros da própria Igreja - trazem ensinamentos errôneos ou contrários à Fé, seja propositalmente (os lobos), seja inconscientemente por influências externas (como o livro em questão). Portanto busquenos estudar mais a Fé da Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo: lendo, como nos diz Dom Odilo, o Catecismo da Igreja Católica, além dos Catecismos anteriores como o Catecismo Romano e o Catecismo de São Pio X, as Encíclicas e os Documentos da Igreja - para que assim nos tornemos verdadeiros católicos, com uma Fé verdadeiramente madura, sólida e concorde com a Fé da Igreja, que como diz São Paulo, é a Coluna e Sustentáculo da Verdade (I epístola à Timóteo, cap. 3, vers. 15). 

*     *     *     *     *

Fonte: Fratres in Unum

Recebemos de um sacerdote:

Sugiro que “Fratres” faça comentários ao volume intitulado “Deixai-vos reconciliar”, da série “Estudos da CNBB, 96”, (a conhecida “série verde”, capa verde) editado em 2008, e apresentado por Dom Dimas Barbosa, então Secretário dela.

Especialmente acintoso é o estudo da “famosa” Ione Buyst, pp.57-75, intitulado “As celebrações penitenciais”.
 
Na p.60, ela escreve (e a CNBB deixa escrito…): “Será que continua predominando na mentalidade do povo (e do presbítero?) a necessidade da ‘confissão’ e ‘absolvição’ para ‘estar de bem’ com Deus, ser perdoado por ele e poder participar dos outros sacramentos da Igreja? ‘Pecado’ é algo errado que fazemos. É preciso reconhecer esse erro, confessando, e ‘pagar’ por ele, aceitando a penitência imposta. O padre, então, em nome de Deus me dá a absolvição, me deixa ‘quite’, com a ‘ficha limpa’.
 
Na p.61: “Ou até que ponto continua sofrendo debaixo da mentalidade “culpabilizadora”… da Idade Média e séculos seguintes, muito presente na prática penitencial?”
 
Página 63: “De fato, não tendo que se preocupar com confissão e absolvição, as pessoas estão mais dispostas a se concentrar na Palavra de Deus…”
 
Na p.64, como exemplo de prática de reconciliação, a ilustre Ione Buyst cita Nelson Mandela e Desmond Tutu…. (Nota minha: Por acaso ela citará alguma vez o Santo Cura d’Ars ou Padre Pio ou São Leopoldo Mandic?)
 
Página 66: “O ponto nevrálgico, a grande questão é, a meu ver, a seguinte: é somente pela absolvição sacramental que Deus perdoa os pecados?” (nota: grifos dela)
Página 68: “O perdão de Deus é uma realidade que vai muito além da “confissão” e “absolvição”. (Nota: grifos dela. Naturalmente, ao afirmar isso, a Ione Buyst não crê na graça sacramental.)
 
Página 69: “Portanto, as celebrações penitenciais, com ou sem a presença de um ministro ordenado, são celebrações eficazes do perdão de Deus, de penitência-reconciliação”. (Nota minha: grifos dela. Se isso não é heresia… então. Mais uma vez se vê que ela não crê na graça sacramental. É protestante de cima a baixo.)
 
A partir dessa página, ela propõe a “confissão a leigos” (p.71; grifos dela). E afirma: “A confissão a leigos/as é hoje ainda uma realidade” (p.74; grifos dela).

sábado, 17 de novembro de 2012

O PARAÍSO CELETE - o último Novíssimo

Embora tenhamos que refletir sobre outro Novíssimo que vem antes deste (o PURGATÓRIO), decidimos trazer a reflexão primeiramente do Reino dos Céus tanto por conta dos assuntos que envolvem o PURGATÓRIO demandarem mais tempo como pelo fato de o Paraíso Celeste tratar-se do destino e morada definitiva para o qual Deus criou e cria todas as almas, devendo portanto ser este o objetivo prioritário a ser alcançado por todos aqueles que queiram corresponder à Graça de ser filho de Deus.

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O Paraíso Celeste

 
 
Em seu livro Preparação para a Morte, Santo Afonso trata também do último dos Novíssimos, isto é, do Paraíso Celeste, para onde vão as almas dos justos após sua purificação no Purgatório, ou então diretamente, pelo martírio ou por uma grandíssima santidade. A existência do Céu é igualmente  Dogma de Fé. Dentre os vários aspectos com que o Santo analisa o Paraíso, escolhemos para a leitura de hoje o capítulo Felicidade do Céu, que, julgamos, será de proveito espiritual para nossos leitores.
 

Felicidade do Céu

 
Depois de entrar na felicidade de Deus, a alma não terá mais nada a sofrer. No paraíso não há doenças, nem pobreza, nem incômodos. Deixam de existir as vicissitudes dos dias e das noites, do frio e do calor; é um dia perpétuo, sempre sereno, primavera perpétua, sempre deliciosa. Não há perseguições nem ciúmes; neste reino de amor, todos os seus habitantes se amam mútua e ternamente, e cada qual é tão feliz da ventura dos outros como da própria. Não há receios, porque a alma, confirmada na graça, já não pode pecar nem perder a Deus. Tudo é novo, tudo consola, tudo satisfaz.
 
 
Os olhos deslumbrar-se-ão com a vista desta cidade cuja beleza é perfeita. Que maravilha não nos causaria a vista de uma cidade cujas ruas fossem calçadas de cristal, e cujas casas fossem palácios de prata ornados de cortinados de ouro e de grinaldas de flores de toda espécie. Oh, quanto mais bela ainda é a cidade celeste!
 
Que delicioso não será ver todos os seus habitantes vestidos com pompa real, porque todos efetivamente são reis, como lhes chama Santo Agostinho: Quot cives, tot reges.
Que delicioso não será ver Maria, que parecerá mais bela que todo o paraíso! Que delicioso não será ver o Cordeiro divino, Jesus, o Esposo das almas!
Um dia Santa Teresa viu apenas uma das mãos de Cristo e ficou cheia de admiração à vista de semelhante beleza.
 
Cheiros suavíssimos, perfumes incomparáveis regalarão o olfato. O ouvido ouvirá arrebatado as harmonias celestes. Um Anjo deixou um dia São Francisco ouvir um único som da música celeste, e o Santo julgou morrer de felicidade. O que não será ouvir todos os Santos e todos os Anjos cantarem em coro os louvores de Deus! O que não será ouvir Maria celebrar as glórias do Altíssimo! A voz de Maria é no Céu, diz São Francisco de Sales, o que é num bosque a do rouxinol, que vence a de todas as outras aves.
Numa palavra, o paraíso é a reunião de todos os gozos que se podem desejar.
 
 
 
Mas essas inefáveis delícias até aqui consideradas são apenas os menores bens do paraíso. O bem, que faz o paraíso, é o Bem supremo, que é Deus, diz Santo Agostinho. A recompensa que o Senhor nos promete não consiste unicamente nas belezas, nas harmonias, nos outros encantos da bem-aventurada cidade; a recompensa principal é Deus, isto é, consiste em ver Deus face a face a amá-Lo.
 
Assegura Santo Agostinho que, para os condenados, seria como estar no paraíso se chegassem a ver Deus. E acrescenta que se fosse dado a uma alma, ao sair desta vida, a escolha de ver a Deus ficando nas penas do inferno, ou ser livre das penas do inferno e ao mesmo tempo privada da vista de Deus, ela preferiria a primeira condição.
 
 
 
A felicidade de contemplar com amor a face de Deus, não a podemos conceber neste mundo, mas procuremos avaliá-la, ainda que não seja senão pela rama, segundo os efeitos que conhecemos.
 
CONTINUA...
 
 
 
                        O JUÍZO: o segundo Novíssimo
 
                        O INFERNO: o terceiro Novíssimo
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O INFERNO: o terceiro Novíssimo

Caríssimos, creio ser a leitura deste Novíssimo uma das mais importantes, pois embora não esteja em "moda" nos tempos atuais falar sobre Inferno, trata-se de um Dogma de Fé definido pela Igreja e portanto jamais negado ou "esquecido" por todo aquele que pretende ser católico.
Esquecê-lo, fingir ou mesmo negar que ele existe não irá alterar a realidade de sua existência, tampouco Deus Nosso Senhor deixará de permitir que almas que o mereçam não sejam nele lançadas porque não criam ou o negavam.
LEIAMOS COM ATENÇÃO:

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O Inferno

 
 
Trataremos hoje do terceiro dos Novíssimos, isto é, o Inferno. Há vários ângulos sob os quais se pode analisar o Inferno. Escolhemos uma penetrante análise desse lugar de tormento, para onde vão as almas daqueles que morreram na inimizade de Deus, extraída da renomada obra Preparação para a morte, de Santo Afonso Maria de Ligório.
 
Consideremos a pena dos sentidos. É de fé que existe o inferno. E no centro da Terra se acha esta horrível prisão destinada a punir os que se revoltaram contra Deus.

“O que é o inferno? Um lugar de tormentos (Lc 16, 28), como lhe chama o mau rico que a ele foi condenado: lugar de tormentos, onde todos os sentidos e todas as faculdades do condenado devem ter o seu tormento próprio, e quanto mais se tiver ofendido a Deus com algum dos sentidos, tanto mais terá a sofrer este mesmo sentido.
 
“A vista será atormentada pelas trevas. De quanta compaixão nos possuiríamos se soubéssemos que existia um infeliz encerrado em escuro cárcere por toda a vida, ou por quarenta ou cinqüenta anos! O inferno é um abismo fechado de toda a parte, onde nunca penetrará raio de sol ou de qualquer outra luz. Neste mundo o fogo ilumina; no inferno, deixará de ser luminoso.
 
“Segundo São Basílio, o Senhor separará do fogo a luz, de tal sorte que este fogo arderá sem iluminar, o que Alberto o Grande exprime mais brevemente nestes termos: “Dividet a calore splendorem” [separou do calor a luz]. O fumo que sair dessa fornalha formará o dilúvio de trevas de que fala São Judas [Tadeu], e que afligirá os olhos dos condenados. São Tomás diz que os condenados só terão a luz suficiente para serem mais atormentados; a esta sinistra claridade, verão o estado horrendo dos outros réprobos e dos demônios, que tomarão diversas formas para lhes causarem mais horror.
 
 
 
“O olfato terá também o seu suplício. Quanto não sofreríamos se nos metêssemos num quarto onde jazesse um cadáver em putrefação! O condenado deve ficar no meio de milhões e milhões de condenados, cheios de vida com relação às penas que sofrem, mas verdadeiros cadáveres enquanto ao mau cheiro que exalam.
 
“Diz São Boaventura que o corpo de um condenado, se acaso fosse atirado à Terra, bastaria com sua infecção para fazer morrer todos os homens. E ainda há insensatos que se atrevem a dizer: ‘Se for para o inferno, não me hei de achar só!’ Infelizes! Quantos mais lá encontrarem, tanto mais sofrerão, como assegura São Tomás. Tanto mais se sofrerá, digo eu, por causa da infecção, dos gritos e do aperto, porque os réprobos estarão no inferno tão juntos uns dos outros, como rebanho de ovelhas encerradas no curral durante a tempestade; ou, para melhor dizer, serão como uvas esmagadas no lagar da cólera de Deus.
 
“Daí nasce o suplício da imobilidade: Fiant immobiles quasi a lapis (Exod. 15, 16). Pela maneira como o condenado cair no inferno no último dia, dessa maneira viverá ali constrangidamente, sem nunca mudar de situação, e sem nunca poder mexer pés nem mãos enquanto Deus for Deus.
 
“O ouvido será continuamente atormentado pelos rugidos e queixas desses infelizes desesperados. A este barulho contínuo acrescentarão sem cessar os demônios ruídos pavorosos. Quando desejamos dormir, é com o maior desespero que ouvimos o lastimar contínuo de um doente, o ladrar de um cão ou o choro de uma criança. Qual não será o tormento dos condenados obrigados a ouvir incessantemente, durante toda a eternidade, esses ruídos e clamores insuportáveis!
 
“Pelo que diz respeito ao gosto, sofrer-se-á fome e sede. O condenado sentirá uma fome devoradora, mas nunca terá nem uma só migalha de pão. Além disso, será atormentado de tal sede que nem todas as águas do mundo bastariam para lha apagar. Apesar desta terrível sede, não terá uma só gota. O mau rico pediu-a, mas nunca a obteve e não a obterá nunca, nunca!”
 
(Preparação para a Morte, Parceria Antônio Maria Pereira, Livraria Editora, Lisboa, 5a. edição, 1922, pp. 207 e ss.). 
 
 

CONTINUA...

Fonte: http://www.lepanto.com.br/

Leia também: A MORTE: o primeiro Novíssimo
 
                       O JUÍZO: o segundo Novíssimo