"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

domingo, 14 de setembro de 2014

30º PAPA: São Marcelo - ano 308 a 309

Papa São Marcelo (30º Papa)
Pontificado: do ano 308 ao ano 309





Papa Marcelo I (em latim: Marcellus) foi o trigésimo papa da Igreja, exercendo sua função de maio de 308 a 309, sucedendo o Papa Marcelino, após uma considerável lacuna de tempo (quatro anos de sede vacante).

O Império Romano estava em relativa paz desde 260 e, nesta situação, cerca de sete milhões de pessoas professam a religião cristã, em meio a cinquenta milhões que seguiam a religião oficial. Tudo andava bem, quando o partido da antiga religião conseguiu persuadir Galério que a política de restauração e centralização do imperador Diocleciano exigia a supressão do cristianismo. Por causa disso, o imperador proclamou a última perseguição. Diocleciano emitiu quatro editos que condenavam à destruição as igrejas e as Sagradas Escrituras, como também aprisionar os líderes das comunidades cristãs, torturando aqueles que não quisessem sacrificar aos antigos deuses, e matando aqueles que, a despeito das torturas, não tivessem renunciado à fé apostólica.

Tal perseguição teve consequências dramáticas sobre a disciplina interna da Igreja: foram inúmeros os mártires, mas também os apóstatas, isto é, aqueles que, para salvarem-se da morte, ofereciam sacrifícios aos ídolos ou fazendo-se inscrever nos registros daqueles que tinham obedecido aos editos.

A Sé romana permaneceu vacante por quase quatro anos, ainda que, já em 305, com a abdicação de Diocleciano e de Maximiano, a perseguição foi diminuindo gradativamente de intensidade e, depois de 307, com a proclamação de Maxêncio, na Itália e na África, praticamente acabou. Sob seu domínio, os cristãos de Roma foram retomando lentamente a posse de seus bens e puderam reunir-se novamente sem medo para as celebrações Eucarísticas. Iniciaram, assim, a reorganização da comunidade.

Segundo o "Catálogo Liberiano", Marcelo, um romano, foi eleito papa pelo clero romano por volta da última metade de 308. À sua ascensão, encontrou a Igreja numa situação desastrosa. Os locais de reunião e alguns cemitérios foram confiscados e as atividades ordinárias foram interrompidas. Além disso, ocorriam alguns desentendimentos internos causados pelo grande número de pessoas que tinham renunciado a fé durante o período de perseguição e que, sob a direção de um apóstata, pretendiam ser readmitidos à Eucaristia sem que tivessem feito um ato de arrependimento, porque, na opinião deles, a longa vacância da Cátedra de São Pedro, depois da abdicação do próprio pontífice, lhes permitiria retomar tais procedimentos na comunidade.

Uma vez eleito, Marcelo assumiu de imediato o compromisso de reorganizar a Igreja. Segundo o Liber Pontificalis, ele subdivide o território metropolitano em 25 distritos (tituli) assemelháveis às atuais paróquias, à chefia dos quais era posto um presbítero que presidia a preparação dos catecúmenos, o batismo, a administração das penitências, as celebrações litúrgicas e o cuidado dos locais de sepultura e de memória. Além disso, seu nome é ligado, sobretudo, à fundação do cemitério de Novella (Cœmeterium Novellœ), situado na Via Salária, em frente à Catacumba de Priscila. No início do VII século, provavelmente, Roma contava com 25 igrejas titulares, existindo uma tradição histórica que sustenta que a administração eclesiástica tenha sido reformada depois da perseguição de Diocleciano, portanto, o compilador do Liber Pontificalis a atribui a Marcelo.

O trabalho como papa foi, porém, rapidamente interrompido pela controvérsia dos apóstatas. Marcelo, forte defensor das antigas tradições, endureceu a sua posição e exigiu penitência daqueles que queriam ser readmitidos. Em testemunho dessa posição, existe uma epígrafe composta pelo Papa Dâmaso I para o seu túmulo:

“Pastor verdadeiro, porque manifestou aos lapsi as obrigações que tinham no sentido de expiarem os seus delitos com as lágrimas da penitência, foi considerado por aqueles miseráveis como terrível inimigo. Eis aqui o motivo pelo furor, ódio, discórdia, sedição, morte. Por causa do delito de um que também durante a paz renegou a Cristo, Marcelo foi deportado, vítima da crueldade de um tirano”.

Em virtude de tal situação, formou-se uma ala que se opunha ao papa e que criava disputas, sedições e massacres. Maxêncio, que deu crédito às acusações dos turbulentos, responsabiliza Marcelo pelas desordens e o exila em lugar até hoje ignorado. Tudo isso acontece no final de 308 ou no início de 309, com base no que se reporta no “Catálogo Liberiano”, que fala de um pontificado não maior que dois anos. Marcelo morreu exilado pouco depois de ter deixado Roma e foi rapidamente venerado como santo.

Com base no Depositio Episcoporum, na “Cronografia” de 354 e em outros documentos, a sua festa acontece em 16 de janeiro. Não obstante, ignora-se qual teria sido o local de seu exílio, bem como a data precisa de sua morte. É certo, porém, segundo o “Martirológio Jeronimiano”, que suas relíquias foram trasladadas a Roma e sepultadas na Catacumba de Priscila. OS seus restos mortais foram depositados na antiga urna de basalto verde no altar-mor da Igreja de São Marcelo, na Via del Corso, em Roma.

No Liber Pontificalis e no Breviário Romano, reporta-se a versão conhecida como Passio Marcelli (Paixão de Marcelo) e descrita nos Acta Sanctorum: Maxêncio, enfurecido pela reorganização da Igreja comandada por Marcelo, exigia ao papa que renunciasse à sua dignidade episcopal e que adorasse aos ídolos pagãos, como teria feito seu predecessor. À sua recusa, este foi condenado a trabalhar como escravo numa estação postal (catabulum) de Roma. Depois de nove meses, foi libertado pelo clero romano, mas foi novamente condenado por ter consagrado a casa da matrona romana Lucina, transformando-a em uma Igreja. A condenação consistia em cuidar dos cavalos recolhidos no mesmo catabulum, com o intuito de humilha-lo. São Marcelo I, o qual, tendo confessado a fé católica, por ordem do tirano Maxêncio, foi primeiro espancado com bastões, depois destinado ao serviço dos animais sob boa custódia, onde, vestido de cilício, poucos dias depois, morreu servindo. Por tal motivo, é considerado o padroeiro dos cocheiros e dos treinadores de cavalos.

A construção da atual Igreja de San Marcello al Corso remonta ao século XVI, e foi provavelmente edificada sobre as ruínas da igreja precedente que, por sua vez, se achava no lugar do catábulo, onde Marcelo teria sido morto.

Na imagem, ainda que conste ter o Papa Marcelo ido eleito em 304 e, portanto, governado a Igreja por 5 anos, a história mostra que a Sé de Pedro esteve vacante por quatro anos (304 - 308), tendo o pontificado do Santo Papa Marcelo durado menos de 2 anos
 
 

São Marcelo, Papa, rogai por nós! Rogai pela Igreja da qual fostes o Pastor!

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