"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

terça-feira, 30 de abril de 2013

1º ANIVERSÁRIO DO BLOG! (30 de abril de 2012 - 30 de abril de 2013)



Caros leitores, comemoramos hoje o 1º aniversário de nosso pequeno apostolado virtual "Morro por Cristo".
Nesse primeiro ano de apostolado, muita coisa aconteceu e gostaríamos de agradecer a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para que ele continuasse, seja por meio de orações, seja por alguma mensagem de agradecimento, seja por uma palavra de incentivo.
Em 1 ano de apostolado recebemos cerca de 10 mil visitas. É certo que muitos blogs recebem mais de 10 mil visitas por dia enquanto que as recebemos no período de 1 ano. Não importa!
Não nos importa a quantidade de visitas recebidas, na verdade se das 10 mil visitas ao blog ao menos uma delas tiver servido para contribuir com a fé, sanar alguma dúvida ou ter auxiliado algum dos leitores do blog, nosso pequeno trabalho já não terá sido em vão.
Seguem abaixo alguns dados referentes ao 1º ano de apostolado Morro por Cristo:

10.140 visitas ao blog.
 
905 acessos teve a postagem mais vista no blog (sobre São Pio de Pietrelcina)
 
6.950 acessos de leitores do Brasil.
 
Os demais acessos foram dos Estados Unidos (1.372), Rússia (340), Portugal (251), México (243), Alemanha (234), Reino Unido (66), Itália (37), Polônia (26) e Japão (25).
 
Agradecemos aos leitores que nos vem acompanhando ao longo deste 1º ano, aproveitamos para pedir que não apenas nos leiam como também que deixem comentários e - sobretudo - que tenham esta pequena iniciativa católica em vossas orações!

¡Viva Cristo Rey!

domingo, 28 de abril de 2013

A INTOLERÂNCIA dos "tolerantes" ... Arcebispo de Bruxelas atacado por feministas

Vivemos na era da contradição. A inversão de valores é tamanha que o que sempre foi visto como certo hoje é tido como crime, ao passo que os vícios e erros hoje são exaltados como virtudes e qualidades.
 
Curioso também é ver aqueles que dizem lutar por "direitos, liberdade, igualdade e respeito" atacarem verbalmente e mesmo fisicamente todos os que pensam e defendem idéias diferente às suas.
 
Na foto abaixo vemos o Arcebispo de Bruxelas, Dom André Joseph Léonard, sendo atacado por feministas do grupo "Femen" enquanto este palestrava para católicos e estudantes. Dom Léonard é o mesmo arcebispo que há três anos atrás foi atacado por outro grupo de tolerantes" com uma tortada na cara, ambos ataques sofridos por conta de seu claro posicionamento em defesa da moral católica.


No triste episódio, Dom Léonard sequer olhou para as "tolerantes" agressoras. Após o ataque, levantou-se, beijou a imagem de Nossa Senhora e se retirou.

bispo1

Agora imagine o leitor se invertêssemos os papéis: cidadãos que se identificassem como católicos invadissem, parcialmente nus, um evento feminista e atacassem da mesma forma a palestrante? Qual seria a repercussão que tal atitude tomaria na mídia e sociedade em geral?

Preparemo-nos, fortaleça-mos a fé, nos organizemos e nos mantenhamos firmes pois está chegando o momento em que sofreremos perseguições caso queiramos continuar sendo cristãos.

¡ Viva Cristo Rey!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Hilaire Belloc e o CRISTIANISMO

*Recomendo aos leitores do Blog que conheçam as obras do grande pensador católico HILAIRE BELLOC. Logo estaremos indicando obras que devem ser lidas pelos católicos que buscam fortalecer a fé, dentre elas, muitas deste grande escritor. Por hora, reproduzimos abaixo um excerto de uma de suas obras:
 
*          *         *         *        *
 
“Não existe essa religião chamada “Cristianismo” – jamais existiu tal religião.
 

Existe e sempre existiu a Igreja, e as várias heresias procedentes da rejeição de algumas das doutrinas da Igreja por homens que desejam ainda manter o restante de Seu ensinamento e moral. Mas jamais existiu e jamais poderá existir ou existirá uma religião cristã genérica professada por homens que aceitam algumas doutrinas centrais importantes, enquanto concordam em diferir a respeito de outras.
 
Sempre existiu desde o início e sempre existirá a Igreja, e diversas heresias fadadas à decadência, ou, como o Maometanismo, a transformar-se em uma religião separada. De um Cristianismo comum jamais houve nem poderá haver uma definição, pois nunca existiu.

 Não há nenhuma doutrina essencial, de modo que, se concordarmos com ela, possamos diferir acerca do restante, por exemplo, aceitar a imortalidade, mas negar a Trindade; um homem dizer-se cristão, embora negue a unidade da Igreja Cristã; dizer-se cristão, embora negue a presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento; dizer-se alegremente cristão, embora negue a Encarnação.”

(Hilaire Belloc, The Great Heresies)
 
Crédito: Spem in Alium

terça-feira, 23 de abril de 2013

SÃO JORGE, rogai por nós!

HOJE É DIA DE SÃO JORGE!
 

 
O Império Romano começava a dar sinais da sua decadência que o levaria a sua ruína completa em 476 Anno Domini. No período do Império de Diocleciano, no ano 284, este promulgou seu Edito, onde determinava que todos do Império deveriam honrar aos deuses romanos, e que os cristãos seriam tratados como foras da lei caso não se curvassem aos deuses pátrios. Foi nessa época que apareceu, Jorge da Capadócia. As origens deste mártir tão enobrecido pelo hagiológio da Igreja são algo confusas. O Breviário romano não contém a biografia do santo, uma vez que o Papa Gelásio (492 a 496) proibiu que se lessem suas atas por considerá-las apócrifas e imbuídas de erros. Sabe-se que, nascido de uma família abastada na Capadócia, por volta de 280, recebera da parte paterna uma herança de grande fortuna, Jorge educou-se nos princípios da tradição militar romana, na qual foi distinguido com notável posição junto a Diocleciano. Entretanto, estes tempos de decadência eram evidentes, e nas catacumbas, perseguidos e alientados pelo fulgor da fé, os cristãos fortaleciam-se e multiplicavam-se. Jorge, um espírito ardente e justo, tornava-se também um cristão.

Neste tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Jorge que assistia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.





Nesta época, o Imperador romano era Diocleciano. Filho de um escravo liberto, e sendo analfabeto, Diocleciano seguiu carreira militar, e foi notável General onde comandou bem suas legiões, e posteriormente, se tornou Cônsul. Vindo da planície de Calcedônia, chegou a Roma por volta do ano 283 d.C, juntamente com um jovem oficial de sua corte que era seu genro, que outrora, tinha sido um pastor de ovelhas da Dácia: Galério. Diocleciano, grande devoto de Júpiter, se detivera diante da estátua de Hércules, de buril grego, entre as estátuas de Flora e o do Touro, e fez as primeiras oferendas.Inicialmente dividiu o império em dois em 285 D.C, do Ocidente e do Oriente, com dois augustos e dois césares, com seu homem de confiança, Maximiano, a quem entregou a metade ocidental do império, enquanto ficava com a parte oriental. Em seguida, repartiu mais ainda o poder num sistema chamado tetrarquia (governo de quatro), implantado para acabar com as agitações nas sucessões imperiais em 293, porém com indiscutível predomínio de sua autoridade e uma progressiva centralização de poder.O governo do Ocidente ficou, assim, dividido entre Maximiano, a quem coube a Itália e a África, e Constâncio Cloro, que recebeu a Bretanha, a Gália e a Espanha. Enquanto no Oriente, a maior parte, inclusive o Egito, ficava com o próprio Diocleciano, e as regiões do Danúbio e da Ilíria eram confiadas a Galério, seu genro. No campo executivo limitou os poderes do Senado, fortaleceu e ampliou o exército imperial e promoveu reformas tributárias e legislativas. No campo judiciário, determinou que se realizassem duas compilações de leis imperiais, os códigos gregorianos e hermogeniano. No campo religioso, tornou obrigatório o culto a Júpiter, com quem se identificou, e ordenou uma violenta perseguição aos cristãos em 303, que se estenderia por mais de dez anos, na Itália, África e no Oriente.
Foi neste mar de acontecimentos que viveu São Jorge da Capadócia.





O EDITO DE DIOCLECIANO promulgou uma séria determinação deste de manter a tradição politeísta do Estado, pois segundo ele, se quisesse continuar mantendo o domínio do mundo, precisava adorar não somente os seus deuses, mas até os deuses dos povos conquistados. Entretanto, mesmo entre as próprias legiões do Império, havia Oficiais cristãos. E Diocleciano sabia disso, mas ele os precisava, pois entre eles, haviam Sebastianus de Narbone (São Sebastião) e Jorge da Capadócia, militares e cristãos com qualidades impecáveis em seus cargos. O primeiro, era seu Tribuno e comandante da Guarda Pretoriana, e o segundo, seu cônsul imperial.
Entretanto, Diocleciano, embora bom administrador, e embora também não fosse homem de cultura e nem soubesse ler, começou a ser pressionado, sobretudo pelo genro, o sanguinário Galério. Este, ambicioso e invejoso, sabendo que muitos dos componentes do Exército Imperial eram cristãos, resolveu jogar Diocleciano contra estes mesmos que, além de oferecer lealdade a Cristo em sua fé, também ofereceram sua lealdade e sua espada a César por uma questão de política e segurança para a manutenção e ordem no Império.

Os assessores de Diocleciano, para atingir seus fins palacianos, resolveram impor o “Dízimo” entre os legionários. Este consistia nos generais de suas tropas, quando havia casos considerados de indisciplina no Exército, de sortear de cada grupo de dez, um para morrer. Acreditava-se que, assim, este pavor fazia restabelecer a disciplina e a firmeza das tropas.

Enquanto Galério urdia o ataque contra os cristãos, nas catacumbas, São Jorge revia seus amigos de fé, e colaborava com eles, para lhes dar as novas dos acontecimentos ruins do Império, que ja decretava a perseguição contra os cristãos.

Acorrendo ao Palácio Imperial a fim de ouvir a nova política de Diocleciano, centenas de altos dignatários do Império encheram a sala do Conselho. Receoso de aplicar as medidas que pretendia, sem antes ouvir os chefes de províncias e prefeituras, Diocleciano resolver assegurar-se da realidade, não fazendo apenas o que lhe sugeria César Galério, seu genro. Entre estas medidas, estavam a destruição das igrejas dos cristãos, a apreensão e queima de seus livros, prisão e morte para seus ministros, e obrigação para os cristãos de renegarem sua fé e de adoração aos deuses do Império. Entretanto, na Assembléia, uma voz se fez presente contra todas estas medidas: a de Jorge.

"Oh! Imperador e nobres senadores, acostumados a fazer boas leis, que desatino é este tão grande, que não cessais de acrescentar vossa ira contra os cristãos, que tem a certa e verdadeira lei, para que a deixem e sigam a seita que vós mesmos não sabeis se é verdadeira, porque os ídolos que adorais, afirmo que não são deuses, havendo sido homens perdidos. Não vos enganeis: sabeis que Cristo só é Deus e Senhor na glória de Deus Padre, e por ele foram feitas todas as coisas, e pelo seu Espírito Santo todas as coisas são regidas e conservadas. Pois esta é a verdade ele não queirais perturbar os que a professam."

Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."


Ouvindo isto Diocleciano, cheio de ira mandou aos soldados que o deitassem fora da Assembléia com lançadas, e o metessem no cárcere. Fizeram logo os soldados o que lhes fora mandado, mas, a ponta da lança com que lhe tocou no corpo um soldado, dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessava de dizer divinos louvores. Sendo ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés e sobre o seu peito uma grande pedra. Tudo isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência, não cessou até o dia seguinte de dar graças a Deus.

Sendo manhã, o imperador mandou-o vir perante si, e estando Jorge muito atormentado com o peso da pedra, disse-lhe o imperador: ."Tornaste já sobre ti, Jorge?". Respondeu o jovem: "Por tão fraco me tens imperador, que cuidas que um tormento de meninos e tão pequeno, havia de me afastar de Cristo e negar a verdade, primeiro cansarás tu em me atormentar, do que eu sendo atormentado". Disse Diocleciano: "Eu te darei tantos tormentos que te acabarão a vida". Mandou logo trazer uma roda grande e cheia de navalhas e meter o jovem nela para ser despedaçado. Estava esta roda pendurada, e por baixo tinha umas tábuas nas quais estavam pregadas muitas pontas agudas como canivetes de sapateiro. Puseram-no entre as tábuas e a roda, atado com loros e cordas, tão apertado que dentro da carne se escondiam as cordas; e voltando a roda, todo o corpo lhe ficava cruelmente ferido. Este espantoso gênero de tormento sofreu Jorge com grande ânimo; e fazia oração ao Senhor, e depois ficou como adormecido por um bom espaço de tempo.

Vendo isto, Diocleciano, e cuidando que já estava morto, ficou alegre e começou a louvar os seus deuses, e dizia: "Onde está o teu Deus, Jorge? Por que não te livrou deste tormento?" Mandou então tirá-lo do tormento. e partiu para ir sacrificar a Apolo; mas logo apareceu uma nuvem no ar, e viu um grande trovão, e soou uma voz que muitos ouviram, a qual disse: "Não temas, Jorge, porque estou contigo". Daí a pouco viu-se grande serenidade, e foi visto um homem vestido de branco estar em cima da roda, muito resplandecente no rosto, e deu a mão ao Santo Mártir, e abraçando-o mandou desatá-lo; e logo desapareceu aquele varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e são, dando graças a Deus.


Ainda como narra a LENDA ÁUREA, disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos fazes milagres". Mandou então o tirano trazer umas chinelas de ferro ardente, e mandou-lhas meter nos pés, e desta maneira, o fez levar ao cárcere. e indo açoitando e zombando dele, diziam: "Oh! Como Jorge corre, ligeiramente", mas o mártir sendo tão cruelmente levado e açoitado, ia muito alegre dizendo a si mesmo: "Corre Jorge, para que alcances o prêmio". Depois orando, dizia: "Senhor, olhai o meu trabalho e ouvi os gemidos de vosso preso, porque os meus inimigos se multiplicaram e me tiveram grande ódio pelo vosso nome; mas vós Senhor, me sarai, porque todos os meus ossos estão atormentados, e dai-me paciência até o fim, para que não diga o meu inimigo: "Prevaleci contra ele". "Desta maneira passou Jorge até chegar ao cárcere, indo muito atormentado das chagas que lhe fizeram nos pés os pregos ardentes que as chinelas de ferro tinham para cima. Passando o Santo todo aquele dia e noite em dar graças a Deus, no dia seguinte foi levado diante do imperador, o qual estava sentado junto ao teatro público, estando presente todo o senado.

Vendo o imperador Jorge andar tão bem e sem sacrifícios como se não recebera algum mal, disse-lhe. "Jorge, as chinelas foram para ti refrigério?". Respondeu "Jorge: "Sim, foram". Disse o imperador: "Deixa já a tua ousadia e arte mágica, vem para nós e oferece sacrifício aos deuses, pois de outra maneira serás atormentado com diversos tormentos". Respondeu Jorge: "Quão ignorante te mostras, pois chamas feitiços ao poder do meu Deus e por outra parte dás honras, aos enganos dos diabos que adoras".

Os soldados que o guardavam ficaram fora de si, espantados de tal visão, e deram logo novas do que se passava ao imperador que se achava no templo. Vendo o imperador a Jorge, dizia que não podia ser aquele o mesmo Jorge, mas outro que se parecesse com ele.

A partir desse gesto, afirmou publicamente sua fé em Jesus Cristo, dizendo a quem quisesse ouvir que era seu servo e que a ele servia em nome da verdade. Fiel ao cristianismo, foi torturado e forçado a negar sua fé. Quanto mais torturado era, mais reafirmava sua crença, chamando a atenção de muitos romanos, inclusive da mulher do Imperador que se converteu ao cristianismo.


Diz-se que a filha de Diocleciano, Prisca, e sua esposa, Valéria, se converteram a fé cristã. Prisca era casada com Galério, o instigador de Diocleciano, cujo este nada fazia sem os seus conselhos, e partiu desse os conselhos de “dizimar” o Exército Imperial. Foram uma das grandes “burrices” que Diocleciano iria lamentar.

Após suplícios terríveis, o Paladino da Capadócia foi levado a sua cela. Nem mesmo lá ele teve paz. Galério, que tinha Diocleciano em suas mãos, e chegou a tentar subornar Jorge, as vésperas de seu martírio. Certa noite o visitou em sua cela , e ofereceu posição de prestígio caso ele o ajudasse a derrubar seu sogro, Diocleciano, do Poder. De caráter íntegro e nobre, não se deixou levar por tão descarada proposta, ao que prontamente respondeu: “Se não visas uma traição minha, podeis-ir, Galério. Melhor seria se não viesses para tornar penosa tua presença, em minha última hora” – respondeu o santo militar.

Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus ( e também do próprio Império Romano que não soube reconhecer) no dia 23 de abril de 303. Sua sepultura está na Lídia, Cidade de São Jorge, perto de Jerusalém, na Palestina.

Do oriente, o culto a São Jorge passou a Grécia, onde é conhecido como “Tropeóforos”, isto é, vitorioso. Através dos países balcânicos, o seu culto chegou aos povos latinos, e já por essa época, numerosas igrejas já existiam, levantadas em sua honra, no Oriente.

Os maometanos falam de São Jorge como “o florescente e vigoroso”. O mártir que foi arrastado por uma parelha de cavalos selvagens pelas ruas de Roma, esta associada à lenda popular muçulmana como “O Cavaleiro Santo e o Santo dos Cavaleiros.

A tradição dos primeiros tempos obstinou-se em nos legar São Jorge de forma épica, montado em um fogoso cavalo de guerra, e de lança em riste, no ataque ao mitológico dragão. O simbolismo é claro. O dragão representa o espírito das trevas, que o Santo Mártir da Capadócia tão bem soube combater. A lenda de São Jorge matando o dragão não encontra sustentação nas primeiras atas do santo, levando a crer que foi um acréscimo proposto durante a Idade Média. Contudo, fica a simbologia, e temos também nossos próprios dragões para combater. Por isso, diga-nos: “Salve, Santo Guerreiro, interceda por todos nós, e nos ajude a livrar-nos de todas as forças obsessoras do mal, e que sejamos, como ti, vitoriosas, em nosso combate do dia a dia. Vencer e vencer”.

 
LENDAS:
 
Um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e se atirava contra os muros da cidade trazendo-lhe a morte com seu mortífero hálito. Para ter afastado tamanho flagelo, as populações do lugar lhe ofereciam jovens vítimas, pegas por sorteio. um dia coube a filha do Rei ser oferecida em comida ao monstro. O Monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago. A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz, quando de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era São Jorge.
O valente Guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo reduziu o terrível dragão num manso cordeirinho, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.

Datas Marcantes No século XII, a arte, literatura e religiosa popular representam São Jorge, como soldado das cruzadas com manto e armadura com cruz vermelha, nobre um cavalo branco, com lança em punho, vencendo um dragão. São Jorge é o cavaleiro da cruz que derrota o dragão do mal, da dominação e exclusão.

Desde o século VI, havia peregrinações ao túmulo de São Jorge em Lídia. Esse santuário foi destruído e reconstruído várias vezes durante a história.

Santo Estevão, rei da Hungria, reconstruiu esse santuário no século XI. Foram dedicadas numerosas igrejas a São Jorge na Grécia e na Síria.

A devoção a São Jorge chegou à Sicília na Itália no século VI. No séc. VII o siciliano Papa Leão II construiu em Roma uma igreja para S. Sebastião e S. Jorge. No séc. VIII, o Papa Zacarias transferiu para essa igreja de Roma a cabeça de S. Jorge.

A devoção a São Jorge chegou também a Inglaterra no século VIII. No ano de 1101, o exército inglês acampou na Lídia antes de atacar Jerusalém. A Inglaterra tornou-se o país que mais se distinguiu no culto ao mártir São Jorge.

Em 1340, o rei inglês Eduardo III instituiu a Ordem dos cavaleiros de São Jorge.
Foi o Papa Bento XIV (1740-1758) que fez São Jorge, padroeiro da Inglaterra até hoje. Em 1420, o rei húngaro, Frederico III (1534) evoca-o para lutar contra os turcos.

As Cruzadas Medievais tornaram popular no ocidente a devoção a São Jorge, como guerreiro, padroeiro dos cavaleiros da cruz e das ordens de cavalaria, para libertar todo país dominado e para converter o povo no cristianismo.

Seu dia foi colocado no Calendário particular da Igreja, isto é, celebrados nos lugares de sua devoção.



Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge Rogai por Nós.

Oração a São Jorge II

São Jorge,cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor; abre os meus caminhos, ajuda-me a conseguir um bom emprego; faze com que eu seja bem quisto por todos superiores, colegas, e subordinados; que a paz, o amor e a harmonia estejam sempre presentes no meu coração, no meu lar e no meu serviço; meus inimigos terão os olhos e não me verão, terão boca e não me falarão, terão pés e não me alcançarão, terão mãos e não e não me ofenderão. São Jorge vela por mim e pelos meus, protegendo-me com suas armas. O meu corpo não será preso nem ferido, nem meu sangue derramado; andarei tão livre como andou Jesus Cristo nove meses no ventre da Virgem Maria. Amém.

Oração a São Jorge III

Ó Deus onipotente, Que nos protegeis Pelos méritos e as bênçãos De São Jorge. Fazei que este grande mártir, Com sua couraça, Sua espada, E seu escudo, Que representam a fé, A esperança, E a inteligência, Ilumine os nossos caminhos... Fortaleça o nosso ânimo... Nas lutas da vida. Dê firmeza À nossa vontade, Contra as tramas do maligno, Para que, Vencendo na terra, Como São Jorge venceu, Possamos triunfar no céu Convosco, E participar Das eternas alegrias. Amém!
 

domingo, 21 de abril de 2013

CRISE, a IGREJA e a POBREZA - Importante relato da crise na Igreja e o tempo presente

Caros leitores, logo abaixo reproduzo o artigo publicado pelo Reverendo Padre João Batista de A. Prado Ferraz Costa. O artigo traz uma interessante reflexão sobre a mudança por ele presenciada, mudança essa que reflete a crise e confusão que se estabeleceu na Igreja de Cristo (crise entre os homens, membros da Igreja, leigos e clero). Quando falamos em crise na Igreja, muitos se arrepiam, alguns negam, outros apontam para as evidências do que pensam ser essa crise.
 
Há aqueles que dizem não haver crise alguma na Igreja, que tudo vai bem obrigado, que ela apenas mudou para se adequar ao tempo, que o mundo mudou, que afirmar a existência de uma crise seria não confiar na promessa de assistência de Nosso Senhor Jesus Cristo à Igreja. Para os que assim pensam, explicamos: a Igreja - instituída por Cristo - é composta por homens. A Igreja - enquanto detentora da Doutrina recebida diretamente de Cristo por meio das sagradas escrituras e sagrada tradição, transmitida pelos Apóstolos e aprofundada ao longo dos séculos pelo Magistério - é infalível. Por outro lado, os homens que compõem a Igreja por vezes podem corromper-se ou enganar-se, assim desviando-se ELES da Santa e Infalível Igreja. Isso é comprovado pelas diversas crises que se abateram à Ela no decorrer de seus 2 milênios.

 
Há também aqueles que nos censuram por apontarmos uma crise na Igreja, dizendo que assim estaríamos colaborando com seus inimigos, em particular, com os protestantes que poderão dizer: "vejam, como sempre dissemos, eles (católicos) reconhecem que há defeitos na igreja deles... isso não acontece em nossa igreja!"
Deve ficar claro que não nos referimos a uma crise em nossa Igreja e não nas deles, na realidade existe uma crise (como outras houveram) na única Igreja de Cristo, Católica, perpetrada pelos homens que dela fazem parte e dela se afastam quando causam tais crises, ao passo que as outras auto denominadas "igrejas" protestantes são apenas comunidades sectárias. Não existem crises nelas justamente porque quando isso acontece ou deixam de existir ou se dividem em outras comunidades sectárias "ad infinitum"...

Antigamente e agora (em alguns lugares): será que a Santa Missa "mudou" tanto assim? Ao ver essa comparação, você leitor, percebe algo errado? *


Por fim existem aqueles, da mídia, do mundo, ateus, membros de outras religiões e mesmo os dito "católicos" (que não frequentam a Igreja, que desconhecem sua doutrina, que pouco caso fazem de seus ensinamentos ou mesmo lhe são hostis) que se arvoram à apontar quais seriam os erros e sinais de crise na Igreja: "a pedofilia, o vatileaks, a cúria romana, o banco do vaticano, o medievalismo, a não abertura ao mundo moderno, etc"... Dentre os pontos atacados por estes "católicos" e demais "juízes" e "analistas" da Igreja, sempre está incluído o que eles classificam como "apego ao passado" e a diferenciação entre o clero e o povo, como se o primeiro fosse superior ao segundo causando afastamento de ambos. Segundo eles, para atrair mais fiéis a Igreja deveria "acabar com essas diferenças" entre clero e povo, simplificar e empobrecer a Missa, os paramentos, os rituais, TUDO, em nome de uma tal "igualdade". Mas será essa a verdadeira pobreza? Seria este o remédio para atrair o povo para a Igreja?
 
 
Curioso (e trágico) é observar que 50 anos após iniciarem essa verdadeira revolução, a Igreja não se aproximou do povo, muito pelo contrário. Só no Brasil, há 50 anos atrás 91% da população brasileira se dizia católica e quase sua totalidade frequentava a Igreja e conhecia a Fé por ela professada. Hoje, 62% da população se diz católica e é bem provável nem um terço deste total frequente a Igreja ou conheça sua Fé. A grande maioria na verdade é "católico de IBGE".

Sacerdotes antes (esquerda) e agora (direita): Qual dos dois grupos é identificável como grupo de padres católicos? Qual dos dois inspira seriedade, piedade, sacralidade? * 


Portanto caros leitores, a atual crise na Santa Igreja Católica não é simplesmente uma crise política, de administração, mas antes é uma crise de Fé, de Doutrina... uma crise de Identidade! E o artigo abaixo, escrito por uma testemunha ocular deste processo, mostra como essa terrível crise - por muitos desconhecida - foi se instalando no seio da Igreja de Cristo.

Boa leitura.

*Embora nas imagens acima a intenção fosse demonstrar a diferença entre a Santa Missa e o Sacerdócio Católico de antes e de agora, também nos é possível constatar outro ponto importante: a foto da Santa Missa Tradicional é recente, assim como a dos jovens sacerdotes de batina. Enquanto que a deturpação da Santa Missa observada na 1ª foto (a direita) é, geralmente, realizada por sacerdotes como os da 2ª foto (a direita) ordenados em plena "revolução" ou nos anos seguintes a ela, portanto idosos) muitos dos jovens sacerdotes descobriram ou estão descobrindo a beleza do verdadeiro catolicismo, que é atemporal. Já aqueles que buscam "modernizar" a Igreja e adaptá-la ao mundo moderno, geralmente são os mesmos que iniciaram essa revolução há 50 anos atrás. Em suma, os "jovens" e "modernos" que querem modificar e "atualizar" a Igreja, em sua grande maioria são idosos frustrados por não terem atingido completamente seu objetivo. Já os que estão buscando a restauração da identidade católica, hoje em sua maioria são jovens que nasceram décadas depois da mencionada revolução.


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A IGREJA E A POBREZA


Padre João Batista distribuindo a Santíssima Eucaristia durante Santa Missa Tradicional
 

Nestes últimos dias voltou à baila um tema que esteve muito em voga nos anos sessenta e setenta: a Igreja e a pobreza. Era um assunto candente naquele clima de reformismo após o Vaticano II.

Era adolescente, então, e presenciei a vulgarização da liturgia e o despojamento das antigas e belas igrejas a pretexto de prática da pobreza evangélica. Lembro-me de freiras  e padres dizendo que não queriam mais trabalhar para a burguesia e por isso tinham tomado a decisão de fechar seus tradicionais colégios. Dilapidaram o patrimônio da Igreja, os antigos prédios onde funcionavam os colégios e conventos, e foram os religiosos aggiornati viver em comunidades de base. Vi essa tragédia em Jahu, SP, cidade herdeira de gloriosas tradições católicas da fidelíssima Itú. Diga-se de passagem que aqueles bens eclesiásticos, que tinham, durante anos, estado a serviço de toda a sociedade e favorecido inclusive as classes mais pobres, foram adquiridos em grande medida graças à generosidade e piedade das classes mais abastadas e tradicionais da sociedade.  A Igreja de antigamente acolhia os ricos que viviam o espírito de pobreza e caridade evangélicas e, em conseqüência, a sociedade vivia em harmonia.
 
Mas nos anos sessenta e setenta as coisas mudaram para muito pior na Igreja. Não ocorreu a primavera esperada do Vaticano II. Ao contrário, as reformas de então produziram frutos amargos. Houve uma  demagogia revolucionária, e o resultado, todos o conhecemos: as congregações religiosas que fizeram essa “opção preferencial” (que pleonasmo repugnante!) simplesmente morreram. Não têm mais vocações e nenhuma expressão social e o serviço que pretendiam prestar à transformação das estruturas sociais redundou apenas na maior paganização da sociedade atual.
 
Conheço o caso de uma religiosa, membro de uma congregação que se autodestruiu, a qual só não foi parar na sarjeta porque seu pai, providencialmente, lhe legara os bens vinculados, de modo que ela não pôde dispor de seu patrimônio quando emitiu os votos religiosos!
 
Observei também, nos idos dos anos setenta, que muitos dos católicos  que apoiavam essa revolução na Igreja já não tinham a verdadeira fé, viviam uma confusão de idéias, e hoje, ainda que se digam católicos, de fato não o são. Conheço uma senhora do grupo das católicas ”avançadas” dos anos setenta que hoje defende abertamente o direito de decidir sobre o aborto, defende o direito de opção sexual etc. Observei, igualmente, que muitos dos partidários do discurso da pobreza da Igreja eram bons burgueses modernistas da esquerda festiva e viviam em flagrante contradição: por um lado, defendiam a Igreja despojada, mas por outro lado viviam ferrenhamente apegados às comodidades e ao conforto da tecnologia moderna  de que só os ricos podem gozar: carros de luxo, as melhores televisões, aparelhos eletrônicos sofisticados, a moda de grife, casas projetadas por arquitetos comunistas de vanguarda que tomavam dinheiro dos trouxas. Observei também que muitos católicos da esquerda festiva tinham desprezo pelas obras de caridade tradicionais da Igreja, faziam pouco, por exemplo, das conferências de São Vicente de Paulo.  Enfim, a lógica deles era: para as coisas de Deus austeridade, para a vida própria toda comodidade e luxo. É claro que disso só podia resultar a dissolução dos costumes e a perda total da fé em um Deus transcendente digno de toda honra e glória.
 
A    preservação da minha fé, a minha perseverança, em meio a tanta ruína, foi um milagre moral que nunca agradecerei a Deus devidamente. Foi então que caiu em minhas mãos O gênio do cristianismo, de Chateaubriand, que me mostrou a importância da beleza e do esplendor do culto católico para ajudar o homem a descortinar seu horizonte terreno e descobrir outra perspectiva da sua vida, para elevar o homem, para educá-lo e permitir-lhe saborear o mistério do sagrado sem o qual a sua própria vida se destrói pela banalização de tudo.
 
Outro livro que me fez bem então foi Dois amores e duas cidades, de Gustavo Corção, que explica assim problema que hoje volta a afligir-nos:
 
Muitos padres, vigários, abades, bispos, quiseram “levar a Igreja ao povo” ou  “aos jovens”. Mas como? Tornando vulgar, primária e imatura a figura da Igreja. Nessa nova pedagogia, muitos padres jovens passaram a usar, além do vernáculo da liturgia tornado obrigatório, uma linguagem rasteira que, na opinião deles, seria mais comunicativa para os homens humildes. Ora, qualquer pessoa dotada de alguma experiência no trato de pessoas humildes sabe que elas procuram na Igreja o que não encontram no botequim. Entre outras coisas procuram a linguagem mais elevada que os eleve e nobilite, como também procuram no templo as imagens belas, o incenso, a mirra e o ouro, a riqueza que em outro lugar não possuem. Os que tornam a Igreja vulgar para torná-la popular cometem um erro e uma injustiça contra a Igreja e o povo. É também um erro e uma injustiça que se comete contra os moços a idéia de trazer para o templo, sob pretexto de paraliturgia, os mesmos ritmos e instrumentos que “alguns moços” usam em seus grupos.” (o. c. v. II, p. 394)
 
Outro autor que me auxiliou a ter uma visão melhor do problema da pobreza na Igreja foi o filósofo Dietrich Von Hildebrand em sua obra Cavalo de Tróia na cidade de Deus.  No capítulo XXVI da referida obra, sob o título A função da beleza na religião, diz Von Hildebrand:
 
Infelizmente, alguns católicos dizem, hoje, que o desejo de dotar de beleza o culto se opõe à pobreza evangélica. É um erro grave e que parece freqüentemente inspirado em sentimentos de culpa por terem sido eles sido indiferentes às injustiças sociais e negligenciando os legítimos reclamos da pobreza. É então em nome da pobreza evangélica que nos dizem que as igrejas devem ser graves, simples, despojadas de todos adornos desnecessários.
 
Os católicos que fazem essa sugestão confundem a pobreza evangélica com o caráter prosaico e monótono do mundo moderno. Deixaram de ver que a substituição da beleza pelo conforto, e do luxo que muitas vezes o acompanha, é muito mais antitético à pobreza evangélica do que a beleza – mesmo esta em sua forma mais exuberante. (…) Graças a Deus, esta não foi a atitude da Igreja e dos fiéis através dos séculos. São Francisco, que em sua própria vida praticou a pobreza evangélica ao extremo, jamais afirmou que as igrejas devessem ser vazias, despojadas, sem beleza. Pelo contrário, igreja e altar nunca seriam suficientemente belos para ele. Diga-se o mesmo do cura d”Ars, São João Batista Vianney. (o. c. p. 204-205)
 
Para a espiritualidade católica tradicional, fundada em sãos princípios teológicos e metafísicos e sempre guiada pela virtude superior da prudência, a pobreza, bem como a mortificação, é um simples meio para chegar a um fim, que é Deus. Deve-se usar dos bens terrenos tanto quanto auxiliam na consecução do fim último. Deve-se renunciar a eles tanto quanto representam um obstáculo para chegar à posse de Deus, sumo bem. Deve-se ter um coração desapegado dos bens terrenos e transitórios, colocá-los a serviço dos pobres sempre com a consciência de que a terra é um lugar de exílio e jamais alimentar uma utopia de um mundo igualitário livre de todo sofrimento moral ou físico. Não se devem cultivar, é claro, as desigualdades pelo prazer de humilhar os mais pobres. Mas tampouco se deve ostentar uma  pobreza fingida com sabor de demagogia para cativar as massas em detrimento da dignidade de um alto cargo que exige por sua própria natureza certa majestade e magnificência.
 
O Evangelho diz: onde está seu tesouro está o seu coração. Ora, se para as coisas de Deus basta o vulgar e para as coisas particulares todo cuidado e zelo é pouco, é porque a fé é pouca.
 
Pe. João Batista de A. Prado Ferraz Costa
19 de março de 2013.
Solenidade de São José, Protetor da Santa Igreja.
Carpinteiro, mas pertencente à real estirpe de David.
 
 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

O Novo PAPA e o 3º Segredo de FÁTIMA

Antonio Socci
 
Fonte: Jornal Libero, blog Lo Straniero
 
Tradução: Montfort 
 
 
Papa Bergoglio está às voltas com a dificuldade do “quarto segredo” de Fátima, a parte misteriosa da profecia de Nossa Senhora que não teria ainda sido publicada? Isto se evidencia de uma série de acontecimentos surpreendentes nos dias de hoje.
 
O evento
 
Antes de expo-los lembremos os fatos. Em meio à Primeira Guerra Mundial, Nossa Senhora aparece, em 13 de maio de 1917, em Fátima, Portugal, aos três pastorinhos: Lúcia dos Santos e os dois primos, Francisco e Jacinta Marto.
 
O evento se repete a cada dia 13, até 13 de outubro do mesmo ano, quando a Mãe de Cristo dá o “sinal” pedido – como um desafio – pelos jornais laicos e comentaristas da época, o sol girando no céu.
 
Na aparição de 13 de Julho, Nossa Senhora havia dado às crianças uma mensagem para todo o mundo, uma grande profecia do que aconteceria em breve, se a humanidade não se voltasse a Deus, a revolução comunista na Rússia, a propagação de comunismo em todo o mundo, grandes perseguições da Igreja e, finalmente, uma nova guerra e mais terrível com o genocídio de povos (tudo se tornou realidade).
 
A terceira parte dessa mensagem, de julho de 1917, que – de acordo com a indicação da Virgem Maria – era para ser lançado em 1960, foi ao contrário declarada secreta em 1959, pelo Papa João XXIII.
 
Floresceram assim durante anos ao redor temores apocalípticos e suposições de qualquer tipo.
 
A publicação
 
Em 2000, João Paulo II decidiu tornar público o segredo Terceiro: a Irmã Lúcia no texto descreveu a visão do “Bispo vestido de branco”, a sua dolorosa Via Crucis em uma cidade destruída, entre os cadáveres, e, finalmente, o martírio dele, sobre o Monte da Cruz, juntamente com muitos bispos e fiéis.
 
Foi o então Monsenhor Bertone quem organizou a publicação do Segredo. Mas, nessa publicação e interpretação do texto houve muitas falhas.
 
No meu livro “O Quarto Segredo de Fátima”, lançado em novembro de 2006, mostrei as muitas contradições e as pistas que levavam a pensar que o terceiro segredo estava incompleto: faltava-lhe um texto, do qual conhecemos algumas características, que contém as palavras proféticas de Nossa Senhora sobre a Igreja e o mundo de hoje.
 
Eu comentava também que o antigo secretário de João XXIII, o Monsenhor Capovilla, testemunha direta dos acontecimentos, em uma conversa com Solideo Paolini tinha justamente mencionado a existência deste texto misterioso.
 
Em maio de 2007, Bertone, nesse meio tempo tornado Secretário de Estado do Vaticano, publicou um livro-entrevista onde ele reiterou sua versão (e não só dele), mas não deu uma única resposta a tantas perguntas e dúvidas.
 
Poucos dias depois, ele participou de um programa de televisão, durante o qual – sem contradição – repetiu sua ideia e mostrou os envelopes abertos em 2000 e que continham o terceiro segredo.
 
Esse “golpe de teatro”, feito para refutar qualquer dúvida, no entanto, foi um gol contra. Na verdade, foi fácil ver que nos envelopes havia algo faltando.
 
Porque Monsenhor Capovilla tinha relatado em uma entrevista de alguns anos antes, quando – em 1959 – o Papa João XXIII leu o Terceiro Segredo e decidiu mante-lo secreto, disse ao mesmo Capovilla para “fechar o envelope” escrevendo em cima “Eu não faço nenhum julgamento” porque a mensagem “pode ser uma manifestação do divino e pode não ser.”
 
Bem, esta escrita, de próprio punho de Capovilla, nos envelopes mostrados na TV não estava. Por quê? Bertone não deu nenhuma resposta. Evidentemente, havia um “outro” envelope, que continha a parte polêmica.
 
Alguns dias depois o próprio Capovilla, entrevistado por Paolini, confirmou a existência de algo mais: um “anexo”.
 
Algo que – de acordo com Capovilla, que partilhava o ceticismo do Papa Roncalli – não provinha de Nossa Senhora, mas foi sim uma “reflexão” da freira, “sobre o bispo vestido de branco”.
 
E a parte nunca revelada do terceiro segredo – segundo o testemunho dos poucos que puderam lê-lo – parece ser explosivo. Aliás quem abriu novos cenários sobre o terceiro segredo foi o próprio Bento XVI em maio 2010.
 
O Secretário de Estado tinha de fato repetido até então que ele dizia respeito ao atentado contra João Paulo II em 1981 e tudo tinha sido realizado, escrevendo polemicamente na página 79 de seu livro: “A fúria da mídia é por não querer aceitar que a profecia não é aberta para o futuro, que é parte do passado. Ela não quer se render à evidência. ”
 
Em vez disso, o Papa Bento XVI disse exatamente o oposto: “É um erro pensar que a missão profética de Fátima está concluída”.
 
Ele falou estas palavras em pleno escândalo da pedofilia, durante uma peregrinação a Fátima inesperada, em 13 de maio de 2010, em frente ao Santuário.
 
Bento indica o futuro
 
Na ocasião, ele insere na profecia do Terceiro Segredo justamente o escândalo da pedofilia, o cume de uma dramática crise do sacerdócio e da Igreja.
 
É óbvio que este escândalo não poderia estar incluído na visão revelada em 2000 (em que não há qualquer vestígio do mesmo), mas, na outra parte a qual está ainda para ser publicada.
 
Bento XVI disse que: “sobre esta grande visão do sofrimento do Papa, que podemos, em primeiro lugar, referir ao Papa João Paulo II, estão indicadas realidades do futuro da Igreja que pouco a pouco se desenvolvem e se mostram… e portanto são sofrimentos da Igreja que são anunciados … Quanto às novidades que podemos hoje encontrar nessa mensagem, há também o fato de que não só de fora vêm ataques ao Papa e à Igreja, mas os sofrimentos da Igreja vêm justamente do interior da Igreja, do pecado que existe na Igreja “.
 
Como se pode ver, Bento XVI evitou indicar o atentado de 1981 como “a” realização do terceiro segredo e colocou a realização do Terceiro Segredo prolongando-se nos anos após o atentado de 1981 e em nosso próprio futuro: “ são realidades do futuro que pouco a pouco se desenvolvem e se evidenciam … sofrimentos da Igreja que são anunciados “.
 
É o oposto do que foi afirmado pelo Secretário de Estado. Bento XVI ainda deixou claro que o “triunfo do Coração Imaculado de Maria” anunciado por Nossa Senhora mesma em Fátima, como conclusão de sua profecia, não poderia ser identificado com a mera queda do comunismo em 1989, mas deveria ainda ser realizado.
 
De fato, em maio de 2010, o Papa disse: “Possam os sete anos que nos separam do centenário das Aparições (2017) apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade”.
 
Evidentemente, para Bento XVI, estavam para chegar os anos decisivos. Estes.
 
O Papa Francisco e Fátima
 
E aqui estamos nós hoje. Papa Ratzinger, agora com 85 anos, sente falhar-lhes as forças para enfrentar o desafio dos tempos e renuncia ao pontificado em 11 de fevereiro, a festa de Nossa Senhora de Lourdes.
 
O sucessor é eleito em 13 de Março (o dia 13 do mês lembra a devoção de Fátima). Muitos refletem sobre a expressão misteriosa do Terceiro Segredo: “o bispo vestido de branco”. Do qual a Irmã Lúcia escreveu, “nós tivemos a impressão de que era o Santo Padre”.
 
Há quem se pergunte se essas palavras podem se referir ao papa demissionário. Ou a seu sucessor, que gosta de se chamar como “Bispo de Roma”.
 
O mesmo Papa Francisco, devoto de Maria (a quem dedica sua primeira visita), cita Fátima no Angelus de 17 de março. Depois, dez dias atrás um episódio surpreendente. O Papa Bergoglio telefona a Monsenhor Capovilla, agora com 90 anos de idade, que vive em Bergamo. Quer encontra-lo.
 
Capovilla aceita. Este estranho encontro e seu conteúdo ainda estão envoltos em mistério. Por que no primeiro mês de seu pontificado, o Papa sentiu a necessidade de ver o antigo secretário de Roncalli em particular? Por que a urgência?
 
Finalmente, há três dias, exatamente um mês depois de sua eleição, um anúncio surpresa: Papa Francesco pediu ao Patriarca de Lisboa, Cardeal José Policarpo, para consagrar seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima.
 
O que isso significa? E o que podemos esperar?
 
Antonio Socci
 
De “Libero”, 14 de abril de 2013

terça-feira, 16 de abril de 2013

Parabéns Joseph Ratzinger, Santo Padre BENTO XVI

Hoje o Pontífice Romano emérito, BENTO XVI, está completando 86 anos!



Parabéns amado pastor!

Ad Multos annos!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Continua o MARTÍRIO de cristãos no Egito

CONTINUA O MARTÍRIO DE CRISTÃOS NO EGITO ANTE A INDIFERENÇA E PASSIVIDADE DA COMUNIDADE INTERNACIONAL



Um morto e dezenas de feridos é o resultado do novo ataque sofrido por cristãos coptas no Egito.
 
Uma turba de extremistas islâmicos atacou com pedras e bombas incendiárias caseiras os fiéis cristãos que acabavam de assistir aos funerais dos quatro cristãos coptas assassinados a tiros por muçulmanos na localidade de Al Husus na última sexta-feira (05/04).

Imagem dos quatro caixões durante a Missa de corpo presente que precedeu aos funerais dos quatro cristãos assassinados: os cristãos foram atacados após saírem de tal cerimônia

Os novos conflitos que aconteceram domingo nas imediações da catedral de São Marcos, no bairro de Abbasiya, começaram quando os fiéis cristãos saiam do funeral, momento em que os muçulmanos passaram a atirar pedras e coquetéis molotov, chegando a efetuarem disparos desde os terraços e sacadas.
 
Catedral de São Marcos lotada durante a cerimônia: na realização do funeral dos 4 coptas assassinados, outro morto e vários feridos.
  
Desde a posse do presidente Mursi, celebrada pelo ocidente como “primavera árabe”, a comunidade cristã do Egito - de aproximadamente 9 milhões de pessoas (Nota do Blog: diversas fontes informam ter entre 11 e 13 milhões composta por coptas ortodoxos e coptas católicos) - sofre cruel e violenta perseguição enquanto o ocidente guarda um silêncio verdadeiramente cúmplice.
 
 
 
Tradução: Morro por Cristo

domingo, 7 de abril de 2013

O resgate da liturgia solene

A importância da Liturgia na Nova Evangelização

Comunhão de joelhos e na boca: um costume que Bento XVI estimulou, mas que muitos padres e bispos ainda desprezam

"Lex orandi, lex credendi"... "a lei da oração é a lei da fé", portanto "você ora conforme você crê". O Santo Padre Bento XVI vinha implementando a chamada "reforma da reforma" que, grosso modo, significa trazer de volta à Liturgia latina o esplendor e a sacralidade que dela retiraram nas últimas cinco décadas.
 
Bento XVI agora é emérito, foi eleito o Cardeal Bergóglio - hoje Papa Francisco - e muitos enfatizam a necessidade do novo Papa resolver os "problemas" da Igreja assim como promover uma nova evangelização. Mas o que seria essa nova evangelização? Alguns dizem que a nova evangelização seria "aproximar a Igreja ao mundo", mesmo que para isso seja necessário mudar a Fé da Igreja, seus dogmas, doutrina e moral para que assim fique "mais fácil ao mundo aceita-la".
 
Nós, com Bento XVI, acreditamos no resgate da liturgia solene como elemento indispensável para essa nova evangelização. Muitos nos perguntarão: "e o que tem a ver a liturgia com a nova evangelização? Nós respondemos: TUDO! "Lex orandi, lex credendi"... "a lei da oração é a lei da fé", portanto "você ora conforme você crê". A preocupação com a liturgia, com sua solenidade, com o esplendor que se deve dar ao culto eucarístico apenas exterioriza a Fé que se tem em tais elementos do catolicismo. Como posso ter a certeza de que a Santa Missa é o ápice do culto a Deus e a Eucaristia é verdadeiramente o Corpo de N. S. Jesus Cristo e ficar indiferente à forma como nos portamos diante de tão importantes mistérios? Diante da dignidade de tais elementos preciosíssimos de nossa Fé (Santa Missa e Santíssimo Sacramento da Eucaristia), como não celebrá-los solenemente, demonstrando máximo respeito e oferecendo-lhes o melhor que conseguirmos produzir? 
 
Ao que parece, a liturgia não será o ponto forte do pontificado do Papa Francisco. Peçamos a Deus que o Santo Padre ao menos permita que a restauração litúrgica iniciada por seu predecessor continue avançando para o bem da Santa Igreja e da nova evangelização.

Abaixo reproduzimos a entrevista publicada na Gazeta do Povo que trata do resgate da liturgia solene.
 
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Father Z
Padre John Zuhlsdorf
Entrevista com o Padre John Zuhlsdorf
 
Por Marcio Antonio Campos
 
Para restaurar a sacralidade da missa, desfigurada por invenções locais alheias ao senso litúrgico da Igreja, Bento XVI resolveu, em 2007, liberar a celebração da missa tridentina, que era a norma na Igreja até 1969. Essa é a avaliação de um dos principais blogueiros de liturgia do mundo, o padre americano John Zuhlsdorf. Ele discorda da avaliação de muitos especialistas, para os quais a liberação da missa tridentina seria meramente um gesto de boa vontade para buscar o fim do cisma dos tradicionalistas da Sociedade São Pio X. Zuhlsdorf, que mantém o blog What does the prayer really say? (www.wdtprs.com), concedeu entrevista por e-mail à Gazeta do Povo.
Qual o papel da liturgia para Bento XVI?
 
O culto a Deus pela liturgia sempre foi central em seu pensamento. Ele escreveu muito sobre o tema.
 
Ratzinger liga a crise da Igreja à crise da liturgia. Como elas se relacionam?

Deus está no topo da hierarquia dos nossos afetos. Se nossa relação com Deus está distorcida, defeituosa ou inadequada, todos os nossos relacionamentos serão distorcidos, defeituosos ou inadequados. Se nosso culto a Deus não é adequado ou agradável a Ele, enfraquecemos todos os outros aspectos de nossa vida. Nenhuma esfera da vida da Igreja pode estar bem se o culto litúrgico da Igreja não estiver saudável. Isso significa que precisamos rezar e adorar a Deus, como Igreja, da maneira como a própria Igreja determina que devemos fazê-lo. E precisamos manter uma continuidade com a forma como a Igreja sempre rezou. Essa continuidade é quebrada quando decidimos fazer as coisas de acordo com nossos próprios critérios, alterando incorretamente o modo de adorar e rezar. Assim fazemos mal a nós e a todos, porque estamos nisso juntos.
 
Quais as principais contribuições de Bento XVI para a liturgia?

Sua principal contribuição para o Novus Ordo (a missa celebrada atualmente) é, acima de tudo, a permissão para a celebração da missa tridentina na forma antiga, com o “motu proprio” Summorum pontificum. Parece paradoxal, mas não é. A celebração da forma mais tradicional lado a lado com o Novus Ordo cria uma atração gravitacional sobre como a forma nova é celebrada, no sentido de haver maior solenidade. O uso da missa tradicional, que está crescendo, ajudará a “curar” o culto e direcioná-lo para a continuidade com a herança católica e com o modo como a Igreja quer que celebremos.
 
A missa tridentina ganhou força com Bento XVI, mas ainda está disponível para uma minoria bem restrita. Ela permanecerá assim?
 
Pequenas minorias podem fazer coisas grandiosas. Além disso, o número de pessoas que frequentam a missa tradicional cresce lentamente, mas de forma consistente. Pelo menos nos Estados Uni­­dos, jovens padres e seminaristas vêm se interessando pela missa tridentina. À medida que eles vão assumindo paróquias, veremos um aumento no interesse por parte dos fiéis também.

O Papa Bento XVI - hoje emérito - e Mons. Guido Marini (à direita): resgate de elementos litúrgicos tradicionais e repletos de significado
 
Bento XVI também usou as missas papais para mandar mensagens sobre a maneira como ele quer ver a missa ser celebrada…
 
Sim, é importante a ação humilde, mas clara, do papa. Ele ensina pelo exemplo e pelo convite, em vez da imposição. Ele vem tentando trazer a Igreja de volta ao culto ad orientem (voltado para o oriente), e por isso pede que os altares tenham o crucifixo no centro, mesmo quando o padre está de frente para os fiéis. É um arranjo provisório na direção de colocar padre e fiéis juntos, voltados para a mesma direção, para o crucifixo, para o “oriente litúrgico”. Esta é a melhor forma de expressar nossa esperança e anseio pelo Senhor. O papa também vem promovendo a comunhão de joelhos e diretamente na boca, que é a forma adequada de nos aproximarmos do Senhor Eucarístico. Esses são os exemplos mais importantes.
 
Qual o papel do monsenhor Guido Marini, mestre de cerimônias pontifícias, nesse processo?
 
O monsenhor Marini entende muito bem a visão que o Santo Padre tem do culto litúrgico, e trabalhou para implementá-la. Ele tem feito um ótimo trabalho e espero que o próximo papa o mantenha no cargo.
 
Por que demora tanto para as mudanças e sugestões do papa serem aceitas nas dioceses e paróquias?
 
Porque é muito mais fácil demolir um prédio que construí-lo. Mas a geração dos que foram animados pelo chamado “espírito do Vaticano II”, oposto aos seus documentos, está passando. Uma nova geração está assumindo posições de liderança e não tem a bagagem desse entendimento torto do Concílio, o que Bento XVI chamou de “hermenêutica da ruptura”. A nova geração quer a continuidade e está bem aberta ao que o papa vem fazendo.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Brasil é o maior país católico do mundo... e hoje é 1º de abril!

 
Hoje é dia de São Valério, monge francês. Mas o dia 1º de abril também é lembrado por outra curiosidade que o envolve: é o chamado "dia da mentira". O leitor deve estar se perguntando: "tá, mas e o que isso tem a ver com o título do post?" Explico:
 
Diferentes meios apresentam o Brasil como o maior país católico do mundo, a nação com maior número de católicos de forma geral (e não o percentual relacionado à totalidade da população brasileira). Este resultado se deve ao fato de que são contabilizados todos aqueles que se declaram católicos. Mas será que tal conclusão corresponde à realidade? Afinal, o que é ser católico?
 
A palavra católico é de origem grega - katholikos - e significa GERAL, UNIVERSAL. Refere-se à Fé cristã (conjunto de crenças e doutrinas) recebida dos Apóstolos de Jesus Cristo e transmitida aos demais, de modo que essa Fé seja Una (indivisa), transmitida e crida de forma idêntica por todos os cristãos, de todas as épocas e lugares, para que, dessa forma eles creiam na mesma Fé, Fé geral, universal, isto é, CATÓLICA.
 
Sendo assim, católico é todo aquele que professa a mesma é única Fé crida por todos os cristãos de todos os lugares e de todos os tempos.
 
Essa Fé católica é guardada e transmitida pela Igreja também dita Católica, cabendo ao católico adesão filial de sua vontade e de seu intelecto à essa mesma Fé.
 
Em outras palavras, todo aquele que queira ser católico deve acatar aos ensinamentos da Igreja no que se refere à Fé (Doutrina e Moral), reconhecendo na Igreja a Mater et Magistra, Mãe e Mestra da Verdade.
 
O homem, valendo-se de seu livre arbítrio, pode simplesmente ignorar a isso tudo, no entanto, caso opte por ser católico deve estar consciente de tudo o que implica essa escolha. Deve estar ciente que os dogmas católicos, uma vez proclamados, são inquestionáveis, assim como tudo aquilo que o Magistério da Igreja por meio da Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição tenha definido infalivelmente.
 
Pois bem, tendo já definido o significado do termo católico, reproduzo abaixo a preocupante pesquisa e análise do Datafolha que demonstra como o Brasil não é um país nada católico, ou melhor, como a maioria dos "católicos" brasileiros na verdade padecem de um grande mal que poderíamos apelidar "catolicismo tupiniquim" ou "catolicismo brasuca", fenômeno caracterizado pela total ignorância do que seja realmente o catolicismo, resultando mesmo em rebelião contra a doutrina católica e tudo aquilo que a caracteriza, com a curiosidade de que os padecentes deste mal ainda se dizem "católicos".
 
Que também sirva de alerta aos representantes da Igreja no Brasil: Será que as trocentas "comissões, ministérios, equipes, diretrizes, análises de conjuntura e planos pastorais" produziram qualquer efeito?
 
Ou é chegada a hora de dar um basta em tantos experimentos e experiências e retornar à velha evangelização de sempre, aquela que ensinava o catecismo, a Fé da Igreja e que fazia com que doutores e analfabetos partilhassem a mesma Fé e se proclamassem católicos de fato? Voltará o Brasil a ser o maior país católico do mundo ou continuará sendo o "maior país católico do mundo de 1º de abril", de mentirinha?
 
É hora de refletirmos, mas sobretudo, é hora de agirmos!
 
 ¡Viva Cristo Rey!
 
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A pesquisa feita pelo Datafolha sobre a eleição do papa Francisco consolida a impressão de que há uma grande diferença entre o que a igreja prega e o que os católicos brasileiros pensam ou praticam --com algumas nuances importantes.
 
Em primeiro lugar, chama a atenção o fato de que, em temas polêmicos, ligados à moral sexual ou aos pilares do funcionamento da igreja, os católicos do Brasil são, com frequência, mais "liberais" que os membros de todas as demais igrejas cristãs.
 
É no mínimo curioso, por exemplo, que num país onde já há "bispas" e "pastoras" com status de celebridade, mais católicos defendam que uma mulher pode celebrar a missa (64% deles) do que evangélicos pentecostais (56%) e entre os não pentecostais (58%).
 
O contingente católico da população também é o grupo mais aberto, entre os membros das igrejas cristãs, à possibilidade de uniões homossexuais (41%).
 
Esse número só não é maior do que o registrado entre espíritas (64%) e adeptos da umbanda (53%), os únicos grupos religiosos do país que têm uma maioria favorável a esse tipo de união, de acordo com o levantamento do Datafolha.
 
E os resultados são parecidos quando se pergunta o posicionamento sobre a legalização do aborto.
 
A questão, claro, é como explicar o abismo entre o Magistério (o ensinamento oficial da igreja) e a prática, coisa que pesquisas de opinião de larga escala não foram projetadas para fazer.
 
Um primeiro aspecto importante provavelmente é o simples gigantismo e peso histórico da Igreja Católica no Brasil. O "catolicismo cultural", o hábito de batizar os filhos e ir à igreja apenas para casamentos e funerais, ainda é uma força considerável, embora esse tipo de católico esteja virando evangélico ou "sem religião" com frequência cada vez maior.
 
PESO E TESOURO
 
Há ainda a influência duradoura do Concílio Vaticano 2º (1962-1965), encontro de todos os bispos do planeta que redefiniu a relação da igreja com o mundo moderno.
 
Muitos sacerdotes e fiéis ainda interpretam as afirmações do concílio sobre a primazia da consciência de cada pessoa como uma abertura para tomar suas próprias decisões sobre temas que não afetariam o cerne da fé.
 
(Por outro lado, o concílio também condenou o aborto como "crime abominável", e só 41% dos católicos do país aceitam abrir brechas para o procedimento.)
 
Outro detalhe interessante é a diferença entre o que os fiéis acham correto e o que o papa deveria fazer a respeito.
 
Nem todo mundo que é a favor da camisinha ou da pílula anticoncepcional acha que o papa deveria sair em defesa delas, por exemplo.
 
E, apesar da associação entre celibato clerical e casos de abuso sexual envolvendo padres, metade dos católicos (52%) ainda prefere um clero celibatário. A tradição católica estaria, então, mais para um fardo ou para um tesouro? Para muita gente, talvez seja as duas coisas.
 
 
Editoria de Arte/Folhapress
 
CATOLICISMO FLEX Recorte de pesquisa Datafolha apenas com católicos mostra segmento "mais liberal", em %

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